Fundação Tide Setubal
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Patrimônio Cultural: memórias, saberes e conhecimento *

@Comunicacao

20 de janeiro de 2009
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Memórias, conhecimentos, narrativas, valores, desejos, sentimentos, aprendizagens… as relações inerentes a cada lugar vão muito além de seus contornos físicos e sua localização geográfica. O lugar em que vivemos é uma espécie de espaço protetor, de enraizamento, um porto seguro carregado de significados profundos constitutivos do nosso ser, pois local de pertencimento e identidade.

 

A sociedade contemporânea, complexa e globalizada, é atravessada por processos sociais, tecnológicos, econômicos multideterminados, e é na esfera local que esses processos acontecem concretamente. Portanto, cada lugar contém elementos do global e, ao mesmo tempo que dialoga com eles, reorganiza-se com base em características próprias, que são construídas em um contexto específico de valores, formas de ser, de trabalhar e de lazer. Enfim, de sua cultura.

 

O patrimônio cultural diz respeito aos legados das gerações anteriores que fazem com que as pessoas sejam da maneira que são; eles formam os modos de falar, de vestir, comer, morar, festejar, construir, rezar, casar. Pela transmissão de seu patrimônio cultural, os membros de um grupo se reconhecem nas gerações anteriores, das quais receberam essa herança repassada à geração seguinte. O diálogo com o passado traz esse passado para o presente, juntamente com pessoas e fatos ausentes que, através da memória, se libertam do tempo. Por meio da partilha de um patrimônio cultural comum, as pessoas sentem-se pertencentes a um lugar, a um grupo, a uma história.

 

A valorização das histórias, memórias, saberes e fazeres locais permite que crianças, adolescentes e jovens se reconheçam nessa história, possibilitando-lhes a articulação entre passado e presente e entre o local e o global. Na recuperação do patrimônio cultural imaterial de uma comunidade, bairro ou cidade, ganham voz personagens que trazem à tona nossas especificidades culturais e a diversidade de nossas tradições e costumes. Recuperar essas histórias representa, ainda, a valorização de uma auto-estima perdida, a união em torno de valores e crenças comuns e, sobretudo, a abertura de espaços que façam circular seus interesses de forma a se configurarem em planos e projetos para o futuro.

 

 

MARIA ALICE SETUBAL, 57, socióloga, mestre em ciências políticas pela USP e doutora em psicologia da educação pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), é diretora-presidente do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária) e é presidente da Fundação Tide Setubal.

 

 

*Este artigo é parte integrante do livro Almanaque Um olhar sobre São Miguel Paulista – manifestações culturais, ontem e hoje, lançado pela Fundação Tide Setubal em novembro de 2008.


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