Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Ponto de Leitura do Lapenna promove formação para mediadores
A atividade integra a estratégia da Fundação Tide Setubal de ampliar suas ações no território, compartilhando medotologias com outras instituições da localidade
O curso “A Literatura e a formação de leitores” ocorreu ao longo do primeiro semestre de 2011, no Ponto de Leitura do Jardim Lapenna, e incentivou 22 inscritos — entre educadores, professores e bibliotecários que atuam na região leste de São Paulo — a desenvolver atividades de mediação de leitura. A atividade integra a estratégia da Fundação Tide Setubal de ampliar suas ações no território, multiplicando práticas e medotologias para profissionais de outras instituições da localidade.
O Ponto de Leitura do Lapenna possui cerca de 2 mil livros e 733 matriculados ativos. Neste espaço, localizado dentro do Galpão de Cultura e Cidadania em São Miguel Paulista, aconteceram quatro dos cinco encontros quinzenais. Em cada um deles, durante cerca de três horas, os participantes refletiam sobre sua relação pessoal com a leitura e o papel do mediador na formação do leitor em diferentes gêneros literários, como conto, poesia, crônica e memória.
Um dos encontros ocorreu na brinquedoteca do Centro de Recuperação e Educação Nutricional (CREN), de Vila Jacuí. Foi uma oportunidade para o grupo saber como é possível trabalhar com leitura fora de espaços destinados a esse fim. O CREN não conta com uma biblioteca ou sala de leitura.Porém, durante a formação, criou-se na brinquedoteca um espaço propício ao contato com os livros, por meio da ambientação com tecidos, exposição itinerante de obras e outras técnicas.
“Esse tipo de trabalho permite que nos aproximemos de outros públicos, para irradiar a mediação em outras instituições, ampliando, assim, o incentivo à leitura”, explica Inácio Pereira dos Santos Neto, coordenador do Núcleo ArteCulturAção, no qual se insere o projeto do Ponto de Leitura. O Ponto conta com apoio do Sistema Municipal de Bibliotecas, da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo. Só em julho deste ano, o número de empréstimos ali superou a marca de 800.
Novos horizontes
As oficinas tinham três momentos: reflexão teórica relacionada ao gênero em pauta; prática de leitura e debate sobre a atividade do dia. “Os encontros proporcionaram uma referência para se pensar a atividade de mediação e novas possibilidades de ações no espaço de trabalho de cada pessoa”, explica Neide Almeida, responsável pela formação e consultora do Ponto. Para ela, o desafio do mediador é aproximar o leitor do texto. “Daí, torna-se fundamental a experiência do próprio mediador como leitor e sua familiaridade com os livros. Também é preciso desenvolver a capacidade de escuta, para entender o que o texto está dizendo, e as demandas do público com o qual se está lidando.”
Cléber Araújo, estudante de Letras e morador do Lapenna, ficou surpreso com o que viu. “No começo, achei que seria algo enfadonho. Mas o curso foi maravilhoso e ampliou meus horizontes para o ensino de literatura”, conta. Francisco Garcia, coordenador de projetos culturais no CEU Três Pontes, pretende aplicar a estratégia chamada de diário de leitura com os alunos. “Foi bacana escrever meus registros num caderno, o diário. Quero estender esse momento prazeroso, entre outros que vivi no curso, aos estudantes do CEU onde atuo. Temos de apresentar o cardápio da literatura, para os alunos se servirem dos livros e saboreá-los.”
Para estimular o trabalho na prática, estão previstas ainda oficinas de acompanhamento, que acontecerão no seguinte formato: um dos participantes da formação promoverá um encontro com seu grupo de trabalho — crianças, jovens ou adultos —, em sua instituição, com o objetivo de aplicar lições aprendidas. Neide e os demais integrantes do curso estarão presentes, para acompanhar as atividades. Por fim, todos avaliarão os resultados alcançados. “É uma forma da turma refletir sobre suas conquistas e seus desafios como mediadores”, conclui Neide.
A próxima formação em leitura e mediação terá uma configuração diferente, segundo o coordenador Inácio. “Serão encontros independentes, como workshops, para discussão de questões pontuais ou temáticas do universo da literatura.” Em breve, o calendário de inscrições será divulgado pela Fundação Tide Setubal.