Com o objetivo de trocar experiências, ampliar conteúdos e fomentar a educação integral alinhada aos princípios da gestão democrática, a Diretoria Regional de Educação (DRE) de São Miguel Paulista, por meio da Divisão Técnica de Programas Especiais da DRE e em parceria com a Fundação Tide Setubal, realizou o curso Tô na Escola, Tô no Território, Alô Família: Participação, autoria, gestão democrática e educação integral. Voltada para gestores, POEIs e educadores articuladores de gestão democrática das EMEFs, a formação trouxe uma série de exemplos e estratégias educativas para iniciar o processo participativo dentro das escolas. Um dos modelos pensados para incentivar a participação foi a formação de grêmios.
Ao todo, foram cinco encontros, que aconteceram no CEU Vila Curuçá Irene Ramalho durante os meses de maio e junho. Com atividades práticas e reflexivas, os palestrantes incentivaram o trabalho em equipe com dinâmicas de grupo e ações articuladas, além de abordar diversos assuntos como: a interseção da educação integral com a gestão democrática; quais formas de participação conhecemos?; exemplaridades de protagonismo, intervenção social e gestão democrática da rede; as inter-relações de identidade e alteridade na comunidade escolar democrática e a educação como direito implica participação.
“A democracia é uma prática que tem de ser exercida diariamente. Por isso, nos reunimos com a divisão de Programas Especiais da DRE para elaborarmos uma formação que atendesse aos anseios da comunidade escolar como um todo e fortalecesse as práticas de participação”, diz Viviane Hercowitz, coordenadora do Núcleo Mundo Jovem da Fundação Tide Setubal e uma das formadoras responsáveis pelo curso. Segundo a coordenadora, é necessário pensar em uma cultura de participação escolar que ouça o aluno.
Na opinião de José Luiz Adeve, Cometa, coordenador do Núcleo de Comunicação Comunitária da Fundação Tide Setubal e também formador do curso, é preciso construir essa participação. No entanto, professores e alunos precisam conhecer o território para que isso seja estimulado. “Antes de tudo, é preciso perceber onde estou. Saber o porquê da escola funcionar de tal maneira? E o que eu estou fazendo dentro da escola?”
Para a Elismara Vânia Figueiredo, da EMEF Pedro Frontin e CEU Parque Veredas, a formação contribuiu para que ela colocasse em prática o diálogo da participação dentro da escola. “A formação nos deu a oportunidade de refletirmos sobre o quanto é importante sabermos ouvir pontos de vista diferentes e, ao mesmo tempo, saber compreender e dar autonomia para que os alunos também participem das decisões relacionadas à escola.”
Durante a formação, alguns educadores expuseram a dificuldade de transformar a escola num espaço democrático com a participação das famílias. “Acredito que tenhamos que resgatar o orgulho da escola pública, o brilho nos olhos dos alunos e mostrar como eles são fundamentais no processo de mudança. Para isso é necessário construirmos, juntos, os processos de convivência. O grêmio não é o sujeito e, sim, o objeto. É um espaço participativo que os alunos precisam descobrir. Porém, é necessário que eles, antes de tudo, se reconheçam como protagonistas. E nós, como educadores, precisamos quebrar as amarras que existem dentro das escolas e transformar a participação em conquista”, conclui Cometa.
Outros depoimentos
“A formação trouxe ganhos incalculáveis. Aprendi novas abordagens e práticas que fizeram com que eu conseguisse ouvir e compreender mais os meus alunos”, Vanessa Cerqueira Ferreira, CEU-EMEF Três Pontes.
“Os debates trouxeram ideias inovadoras de como lidar com o outro e saber ouvir. Acredito que essas práticas tenham contribuído para o enriquecimento de todos”, Raquel Aparecida Henrique Dias, EMEF Jardim Bartira.
“A formação foi muito importante não somente pelo ponto de vista teórico, mas vivencial também. Falar em participação é fácil, vivenciar as práticas é difícil. Temos que desmitificar o significado da palavra democracia. Temos que reaprender o significado da palavra respeito. A partir daí, será possível conseguirmos uma abertura com os alunos para mostrarmos a importância da participação”, Ana Paula Guimarães, diretora do CEU Curuçá.