Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Procura-se leitor@s de literatura negra feminina
Por Elizandra Souza A escrita negra feminina e a busca por leitoras e leitores para nossas produções são forças essências contra o racismo e machismo presentes na literatura brasileira contemporânea. “Procura-se leitor@s de literatura negra feminina” é uma campanha virtual criada pelo Coletivo Mjiba, em julho de 2017, com a intenção de […]
Por Elizandra Souza
A escrita negra feminina e a busca por leitoras e leitores para nossas produções são forças essências contra o racismo e machismo presentes na literatura brasileira contemporânea.
“Procura-se leitor@s de literatura negra feminina” é uma campanha virtual criada pelo Coletivo Mjiba, em julho de 2017, com a intenção de visibilizar nas redes sociais a produção poética de escritoras negras das periferias de São Paulo e das convidadas dos países de Moçambique e Costa Rica, presentes na antologia Pretextos de Mulheres Negras, publicado também pelo Coletivo Mjiba em outubro de 2013, organizada por Carmen Faustino e por mim.
Na antologia Pretextos de Mulheres Negras, apresentamos 22 autoras negras com suas subjetividades, auto representações, por meio de textos, imagens e perfis biográficos como forma de resistência, memória, pertencimento, ludicidade, corporeidade, musicalidade, religiosidade e outros valores presentes nas africanidades e na diáspora.
Ambas as ações são iniciativas para colocar luz na escrita de mulheres negras que são invisibilizadas pela literatura contemporânea. No artigo “A personagem do romance brasileiro contemporâneo: 1990 – 2004″, a pesquisadora Regina Dalcastagné revela a ausência de pobres e negros e também o silenciamento destes grupos marginalizados, sobretudo as mulheres negras, sendo substituídos por vozes hegemônicas que buscam falar sobre estes grupos, mas de forma estereotipada e sem nenhuma referência que promova a representatividade.
Escritoras negras como Miriam Alves e Conceição Evaristo inspiradas em outras que vieram antes também, as duas também como pesquisadoras, colocam questões fundamentais. Miriam conceitua o que é Literatura Negra Feminina e Conceição a importância da Escrevivência, quando as escritoras negras inscreverem seus corpos literários por meio da auto representação.
Com o contexto apresentado, o Coletivo Mjiba junta-se com Festival do Livro da Leitura 2017 com a temática “ Letras pretas: poéticas de corpo e liberdade” para atuarmos conjuntamente pela continuidade e promoção da pluralidade das vozes de escritoras negras, dialogando com o nosso tempo. É preciso somar forças contra o racismo e machismo presentes na literatura brasileira contemporânea. Isso se dá por meio do espaço e investimento para produção, para a visibilidade e para a leitura de nossas criações.
Elizandra Souza – Poeta, Jornalista, integrante do Sarau das Pretas. Autora do livro de poesias Águas da Cabaça, 2012. Coautora do livro de poesias Punga com Akins Kintê (Edições Toró, 2007) e participação em antologias literárias como Cadernos Negros, Negrafias, entre outras. Organizadora das publicações do Coletivo Mjiba como Terra Fértil, de Jenyffer Nascimento (2014) e Pretextos de Mulheres Negras (2013). Trabalhou como editora e jornalista responsável na Agenda Cultural da Periferia (2007 – 2017). Idealizadora do evento Mjiba em Ação – Comemoração ao Dia da Mulher Negra (25 de julho). Editora do Fanzine Mjiba (2001-2005).