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Professor da Université de Limoges, Choukri Ben Ayed, discute experiência da França nas relações entre educação, territórios e espaço urbano
Com o tema “Políticas educacionais:a universalização produz igualdade nos territórios?”, o sociólogo encerra o Seminário Internacional
Não há como falar em desenvolvimento de cidades sem passar pelas discussões relacionadas à educação. Ela, com certeza, está no cerne de qualquer iniciativa que busque a promoção de uma sociedade mais justa e democrática. Diante dessa constatação, o Seminário Internacional Cidades e Territórios: encontros e fronteiras na busca da equidade contou com a participação de Choukri Ben Ayed, diretor do centro de estudos sobre sociedades contemporâneas da Université de Limoges, na França, para o encerramento das atividades.
No centro do debate o tema: “Políticas educacionais: a universalização produz igualdade nos territórios?”. O educador compartilhou a experiência do país nas relações entre educação, territórios e espaço urbano. Segundo o sociólogo, a França, apesar de ter universalizado a educação há décadas, ainda se depara com uma série de dificuldades em promover a inclusão dos estudantes diante da complexidade das questões sociais que interagem com o ambiente escolar.
Choukri destacou que, por muitos anos, a escola não se preocupou com a situação de extrema pobreza na qual seus estudantes e familiares viviam e o impacto na educação. Em maio de 2015, porém, o relatório Delahaye trouxe essas questões à tona quando constatou que 1,2 milhão de alunos franceses são de famílias pobres, com impactos graves em suas trajetórias escolares.
Percebeu-se que, em muitas localidades, a escola desempenha um papel ainda mais relevante, pois, muitas vezes, é o grande refúgio e o único local de contato com serviços públicos, ou seja, se tornam a referência local. São as unidades escolares que acabam desenvolvendo outros papéis, como o encaminhamento à assistência social, saúde, justiça etc.
Outro sinal de mudança na relação das escolas com seus territórios, explicou o sociólogo, foi o reconhecimento da segregação, algo que, durante muito tempo, os estudiosos já denunciavam, mas que o Estado preferia ignorar. “E isso se desenvolveu como uma doença no seio do sistema educacional”, comentou.
Segundo o professor, diante do cenário que veio à tona – com uma discriminação clara de questões étnicas, raciais e sociais – mudanças foram realizadas ao longo dos anos na política educacional. No governo do ex-presidente Nicolas Sarkosy, foi implantado um sistema de flexibilização da carga escolar, permitindo às famílias escolherem em qual escola queriam matricular seus filhos e não apenas em seus bairros.
A iniciativa, que tinha a proposta de garantir diversidade social, gerou mais segregação ao invés de resolvê-la, tendo em vista que muitos franceses tiraram seus filhos de algumas escolas que haviam imigrantes.