Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Projeto alia prática esportiva e reflexão sobre temas da juventude
Drogas, violência, sexo e trabalho são alguns assuntos espinhosos para a juventude, mas que tem sido abordados em meio a atividades lúdicas e reflexivas no projeto Futebol e Cidadania, do Mundo Jovem, promovido pela Fundação Tide Setubal. Desde 2008, psicólogo-educadores, com apoio de monitores de esporte, interagem com cerca de 60 jovens, entre 15 […]
Drogas, violência, sexo e trabalho são alguns assuntos espinhosos para a juventude, mas que tem sido abordados em meio a atividades lúdicas e reflexivas no projeto Futebol e Cidadania, do Mundo Jovem, promovido pela Fundação Tide Setubal.
Desde 2008, psicólogo-educadores, com apoio de monitores de esporte, interagem com cerca de 60 jovens, entre 15 e 25 anos, que vão ao CDC Tide Setubal para jogar futebol. Alguns são freqüentadores do programa Clube Escola por lazer, outros, integram os times do Grêmio Recreativo e Cultural Bloco de Samba Vamo Q Vamo, que buscam profissionalização no esporte.
Durante 30 minutos, antes ou depois do treino, o pessoal se reúne para os debates. O estímulo chega em meio a dinâmicas, como rodas de conversa, jogos e exibição de filmes. Em algumas situações, convidados participam das discussões. “O objetivo é aproveitar a prática esportiva para trabalhar outros aspectos importantes do desenvolvimento dos meninos, olhando-os integralmente”, conta Viviane Hercowitiz, coordenadora do Mundo Jovem.
O trabalho ocorre em torno de três eixos de atuação: discussão de temas fundamentais para o desenvolvimento humano, estímulo à participação comunitária e atividades de letramento. No semestre corrente, por exemplo, o tema dos encontros tem sido Trabalho. Cerca de 60 meninos, divididos em duas turmas, estão sendo incentivados a pensar sobre suas trajetórias de vida.
André Moreira, assistente do projeto, trabalha diretamente com os jovens. Ele conta que na primeira etapa foram propostas atividades de auto-conhecimento, para que os participantes pensassem no que gostam e no que esperam para o futuro. Depois, profissionais foram ao encontro dos grupos, para falar de suas trajetórias. “Agora, vamos dar dicas e tirar dúvidas sobre entrevista, currículo, modelos de trabalho de auto-gestão (como o de cooperativa), além de abordar direitos trabalhistas”, descreve André.
Oficina de comunicação
Vitor de Almeida Marques, de 16 anos, participa dessa iniciativa e destaca a metodologia utilizada como ponto alto. “Não ficamos com vergonha de falar, porque as atividades nos estimulam a fazer as questões.” No geral, a receptividade dos alunos tem sido muito positiva. Após uma simulação de entrevista, por exemplo, Edson Pergino de Sá Júnior, de 15 anos, estava confiante: “Agora, quando tiver uma proposta de emprego, já vou mais preparado”. Mesmo com o interesse manifesto pelo tema atual, uma pesquisa informal, mostrou que sexualidade é o assunto preferido para debates futuros. “Há questões que não temos coragem de levar aos nossos pais”, comenta Vitor Hugo Santos Lima, de 16 anos.
Para Irineu Augusto de Souza Candido, treinador e presidente do Grêmio Vamo q Vamo, a atividade abre portas para o conhecimento. “É um ganho que o Mundo Jovem acrescenta, pois não temos como tratar desses conteúdos. Ás vezes, tentávamos responder aqui e ali às dúvidas dos meninos. Mas, os encontros geraram uma abordagem muito mais profunda”. O treinador observa que a proposta tem ajudado, inclusive, no desempenho em campo. “As dinâmicas de grupo mostram como é importante o trabalho em conjunto, o coletivo.” Ingrid Muller, monitora de esporte da turma do Clube Escola, concorda. “Notamos mudanças de comportamento de maneira geral, porque os meninos estão mais participativos em todas as atividades do CDC.”
O Projeto Futebol e Cidadania e o Núcleo de Comunicação Comunitária também estão realizando uma Oficina de Comunicação Esportiva para os grupos desde o dia 15 de outubro. A primeira intervenção ocorreu dias antes, quando uma equipe fez a cobertura de uma partida de futebol do CDC. Na ocasião, os garotos se dividiram nas funções de repórter e de comentarista. Segundo o assistente André, essa foi uma maneira lúdica de somar mais uma área de conhecimento ao principal interesse dos meninos, que é o futebol. “Com essa idéia em prática, podemos mostrar a importância de ler e escrever”, destaca. O resultado da Oficina será um programa radiofônico, previsto para ficar pronto em novembro.