Público jovem é prioridade no investimento social privado
Censo do Gife revela a atuação e desafios para o trabalho com a juventude.
A juventude está na pauta empresarial. Isso é o que revela o último Censo realizado pelo Gife (Grupo de Institutos,Fundações e Empresas). Entre os 80 associados que participaram de sua última pesquisa, lançada no dia 7 de outubro, 70% atua com os jovens, sendo que 55% desenvolvem projetos, 41% financiam projetos de terceiros e 2% financiam grupos juvenis.
Na avaliação de Helena Abramo, responsável pelo Censo da Juventude, o setor privado acompanhou uma tendência do poder público que tem direcionado seu foco de atuação para este público. Entretanto, vale destacar a definição de jovem. Segundo a socióloga, muitos o classificam apenas pela faixa etária, distante da preocupação de observar o conceito de jovem, avaliando seus limites, potencialidades e necessidades.
Os motivos, que levam as empresas e suas Fundações e Institutos a investirem nesse segmento, podem ser separados sob duas percepções: de um lado o grupo que se apresenta preocupado com a dificuldade de inserção social e suas conseqüências para o País, dando destaque para ações de contenção e proteção, do outro um segmento mais crédulo com ações de promoção de uma postura propositiva dos jovens.
No primeiro grupo, localiza-se a percepção de que os jovens compõem hoje um dos públicos mais afetados pela pobreza (66%) e a convicção de que eles são agentes privilegiados para o rompimento do ciclo no qual eles estão inseridos hoje (63% dos respondentes). A ligação do jovem com os índices de violência também aparece como um fator para o investimento das empresas, entre 20% dos que participaram da pesquisa.
A educação (79%) e a formação para o trabalho (77%) são os temas de destaque nos trabalhos desenvolvidos, apenas 20% destacam as questões de intervenção social que envolvem os jovens como agentes de transformação. “O interesse exclusivo na educação regular me preocupa, é fundamental pensarmos na formação para conviver com o outro, aprender a aprender’, destaca Abramo.
Alinhada a colocação da socióloga, Francisco Tancredi, ex- diretor regional para América Latina e Caribe da Fundação Kellog, reafirma a importância de considerar a arte e cultura como parte do desenvolvimento humano, do laços com a própria história , com a história do País. “Não dá mais para pensar que essas áreas temáticas só servem para tirar os jovens das ruas”, finaliza.
A Arte em ação na Fundação Tide Setubal
Articulando arte, cultura e cidadania, o projeto ArteCulturação foi criado com a proposta de valorizar o saber social da comunidade, conhecer as raízes de seu acervo cultural, redescobrir a origem dos moradores e a história local e resgatar a memória coletiva. Para concretizar esses objetivos, o ArteCulturAção baseia-se na concepção de cultura como o conjunto de pessoas e grupos com modos de vida, costumes e gostos próprios e nas trocas de vivências coletivas. Nesse conceito, cultura e cidadania são inseparáveis. As oficinas realizadas são pensadas como espaço de reflexão, práticas educativas e como tática para a implementação de ações que realmente permitam a participação individual e coletiva.
Em 2008, são três núcleos de atuação, com atividades para jovens a partir de 13 anos, nas áreas de música, artes cênicas e gestão social: Núcleo Experimental de Música e Lutheria (confecção de instrumentos de percussão), Núcleo de Formação SocioCultural (teatro e suas diversas linguagens – cenário, figurino, iluminação, maquiagem, fotografia, sonoplastia, direção e roteiro) e o Núcleo de Formação para Lideranças Comunitárias, Gestores e Educadores Sociais.
No próximo dia 8 de novembro, acontece o lançamento da publicação Cenas – Trajetos, vivências, histórias de ser Jovem. O livro reúne 15 cenas elaboradas e escritas pelos participantes do Núcleo de Formação SocioCultural do Projeto ArteCulturação. O projeto tomou como ponto de partida a linguagem teatral para trabalhar a construção da cidadania.
Confira aqui a programação da 3ª Feira do Livro