No dia 16 de junho, um cortejo literário pelas ruas da zona leste da capital paulista festejou o primeiro aniversário do Ponto de Leitura do Jardim Lapenna. Inaugurado em 2009 no Galpão de Cultura e Cidadania, o espaço já conta com mais de 380 matriculados. São cerca de 2 mil volumes, que incluem livros infanto-juvenis, didáticos e de história em quadrinhos, além de revistas e livros ficção e não-ficção para adultos. O número de empréstimos em maio último superou a faixa dos 300.
Na região da subprefeitura de São Miguel Paulista há apenas duas bibliotecas públicas e, ao se dividir o acervo disponível pelo número de jovens da região, chega-se a menos de um livro por habitante na faixa etária de 7 a 14 anos. Os dados são do Movimento Nossa São Paulo, produzidos em 2009 a partir de levantamento do Departamento de Bibliotecas da Secretaria Municipal de Cultura.
Para comemorar os bons resultados do Ponto de Leitura, cerca de 15 crianças assíduas do local, acompanhadas por 15 percussionistas do Núcleo de Formação em Música e Luteria, do Projeto ArteCulturAção, da Fundação Tide Setubal, saíram pelas ruas do Lapenna, distribuindo poemas e rosas aos moradores. Com esta iniciativa, a turma buscou chamar a atenção da comunidade para o Ponto. “Levamos a leitura e a literatura para o bairro em um convite aberto para que mais pessoas frequentem o espaço”, destacou Inácio Pereira dos Santos Neto, coordenador do ArteCulturAção.
Poemas e rosas
Durante o trajeto, o cortejo parava na porta das casas de antigos moradores do bairro e de frequentadores do Ponto de Leitura para lhes prestar uma homenagem. Neste momento, o grupo de percussão fazia uma pausa para a leitura de poemas de nomes como Fernando Pessoa e Vinicius de Moraes. No fim, entregavam uma rosa branca com a cópia impressa do poema lido. “Ter o Galpão, com esse espaço de leitura, é a melhor coisa que poderia ter acontecido aqui no Lapenna. As crianças estão animadas e envolvidas em atividades culturais”, relata Maria da Glória Oliveira, 65 anos, uma das homenageadas do cortejo.
Outro homenageado foi Wellinson Francisco Silva, 11 anos, que costuma retirar livros quinzenalmente no Ponto, localizado na rua onde mora. “Antes eu pegava livros na minha escola. Ou ia à biblioteca de São Miguel, mas demorava 40 minutos para chegar lá”. Além de ter facilitado o acesso aos livros aos moradores do Lapenna, o espaço ajuda os pequenos a desenvolverem a leitura. “Minha filha tinha bastante dificuldade, e vejo que agora já melhorou bem”, comentou Joseni de Moura, mãe de Maisla, 8 anos. A garota, que aprecia história em quadrinhos, foi uma das integrantes do cortejo literário.
Trabalho consolidado
Dulcineide Santos, mãe de quatro crianças e leitora de romances, destacou a qualidade do serviço no Ponto de Leitura. “É um atendimento muito bom”. O cuidado com as orientações, informações e mediação da leitura também foram enfatizados por Monica da Silva Peres, diretora da Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas Públicas, órgão ligado à Secretaria Municipal de Cultura, que desenvolve em parceria com instituições o projeto Ponto de Leitura. “O que vemos aqui é a consolidação de um trabalho. Há toda uma preocupação em trazer a comunidade para o espaço”, disse Monica, após acompanhar o cortejo.
Para Aline Santiago, responsável pelo atendimento do Ponto de Leitura do Jardim Lapenna, o primeiro ano foi muito positivo, sobretudo pela conquista do público infantil. “O novo desafio é fazer com que as mulheres da comunidade frequentem mais e mais o espaço. Deveremos propor rodas de leituras específicas para esse público”, adiantou.