Rua Educadora mobiliza comunidade do Lapenna e celebra um ano do Plano de Bairro
Por Carolina Nascimento Marcando o ciclo de um ano de atuação do Plano de Bairro do Jardim Lapenna, no dia 31 de agosto aconteceu a primeira Rua Educadora do bairro. O evento mobilizou cerca de 1300 pessoas da comunidade, organizações públicas e privadas do território para a revitalização da rua Pascoal Zimbarde, […]
Por Carolina Nascimento
Marcando o ciclo de um ano de atuação do Plano de Bairro do Jardim Lapenna, no dia 31 de agosto aconteceu a primeira Rua Educadora do bairro. O evento mobilizou cerca de 1300 pessoas da comunidade, organizações públicas e privadas do território para a revitalização da rua Pascoal Zimbarde, importante via que fica próxima à uma escola e a uma praça, que foi recentemente construída e é área de lazer para muitas crianças e jovens da região.
A ação foi organizada pelos integrantes da comissão de meio ambiente do Plano de Bairro, que é composta por moradores e representantes de oito instituições locais, da Fundação Getulio Vargas e da Fundação Tide Setubal. A ideia surgiu a partir da percepção do incômodo da maioria parte das pessoas com a questão do lixo no bairro. “O principal objetivo da intervenção foi eliminar os pontos viciados de armazenamento indevido de resíduos sólidos e realizar um trabalho educativo ao limpar a rua e transformá-la com arte, cultura e lazer, tudo isso com a força da energia comunitária”, conta José Luíz Adeve, coordenador de projetos na Fundação Tide Setubal.
Além das atividades realizadas pela comunidade, a Rua Educadora contou com a presença e atuação do poder público regional na reestruturação das calçadas, pintura de guias, tampando os buracos nas via e também no processo de replantio de mudas. Segundo Edson Marques, prefeito regional de São Miguel Paulista, momentos como este são fundamentais para a conscientização de todos sobre suas responsabilidades em cuidar dos espaços público e para o exercício da cidadania. “Considero muito positivo o Plano de Bairro, porque ele tem esse aspecto fundamental que é o de articular a sociedade, juntar as pessoas para debater e agir em função dos seus problemas locais”, completa.
Quem também acredita que a união das pessoas pode transformar a realidade do território é Anselmo Serafim, morador do Jardim Lapenna e integrante da comissão do Plano de Bairro. “As pessoas estão aos poucos tomando consciência e percebendo que é só através dessa mobilização que as coisas podem acontecer, como esta ação da Rua Educadora. Eu acredito muito na gestão e no planejamento do Plano de Bairro, participo justamente porque acho que as pessoas fazem a diferença”, garante.
Dentre as diversas atividades desenvolvidas na rua durante o evento, as agentes comunitárias de saúde (ACS) da UBS realizaram o ponto ecológico que apresentou instruções de como dispensar corretamente óleo e outros materiais, destacando a responsabilidade de cada um pelo local em que está inserido, e lembrando que é possível cuidar do bairro com ações bem simples. Além disso, elas também apoiaram algumas mulheres que fazem parte do projeto intercâmbio, realizado com mulheres haitianas que moram no território, na “estação” de venda de turbante tranças. “Trazer essas mulheres para integração com a comunidade é uma questão da valorização da cultura delas, permitindo com que elas preservem a identidade do seu país mesmo estando em outro”, acrescenta Vânia Linhares, agente comunitária de saúde.
Guenize, haitiana que atualmente mora no Jardim Lapenna, conta que aprendeu a fazer tranças ainda quando criança. “Aqui no Brasil faço as tranças por causa do dinheiro, mas também gosto e as pessoas ficam felizes com as tranças. Eu estou aprendendo a falar português nas aulas no Galpão de Cultura e Cidadania, e gosto muito”, comenta.
Outra parceria fundamental para a realização da Rua Educadora foi da direção e equipe da Escola Estadual Pedro Moreira Matos, que além de mobilizar os estudantes para participarem do evento, desenvolveu junto aos jovens um projeto de doação de roupas usadas, em bom estado, e de confecção e distribuição de brinquedos feitos com materiais recicláveis. “Achei bacana, muita gente pegou as coisas que trouxemos, não sobrou nada e a gente gostou. Quero outras vezes esse projeto na escola, é bom ajudar as pessoas”, comemora Juliano Neves da Silva Santos, 15 anos, estudante da escola.
Nara Coelho Manfredo, professora da ciências e biologia, ressaltou a importância do envolvimento dos alunos com assuntos da comunidade. “A escola está inserida na comunidade e ela tem um papel fundamental na formação do cidadão, essa parceria com o Plano de Bairro contribui para que os alunos tenham um vínculo com o território onde eles moram”.
A feirinha de artesanato com trabalhos de artesãs locais também foi um sucesso. “Tenho dificuldade para impulsionar meu trabalho, as minhas coisas ficam paradas dentro de casa e hoje estou aqui expondo elas nessa feirinha. Acho que daqui para frente nós vamos ter mais condições, o Plano de Bairro me deu essa esperança”, conta Zilda Catarina da Silva, moradora da região integrante da comissão do Plano de Bairro.
Para finalizar, Kleiton da Silva, conhecido como Caqui, vice-presidente da Sociedade Amigos do Jardim Lapenna, destacou a importância de ações como esta. “Incentivar a prática de esportes e lazer em locais públicos é importante para resgatar para as nossas crianças da periferia o tempo bom que vivíamos brincando nas ruas”.