São Miguel Paulista conquista ETEC por meio da mobilização social
Em reunião com moradores, o coordenador do programa de expansão da Educação Profissional da Secretaria Estadual de Desenvolvimento confirmou a construção de uma escola técnica no Jardim Pantanal, com 240 vagas, em diferentes cursos
A construção de uma escola técnica (ETEC) no Jardim Pantanal, em São Miguel Paulista, zona leste da capital, está confirmada. O coordenador do programa de expansão da Educação Profissional da Secretaria Estadual de Desenvolvimento, João Manoel Scudeler de Barros, assumiu o compromisso em 22 de março, durante a 5° Reunião do Povo do Jardim Lappena, União de Vila Nova e Sítio Mirim, que ocorreu no Galpão de Cultura e Cidadania, localizado no Jardim Lappena.
A Reunião do Povo é um espaço de atuação onde a comunidade debate demandas e traça caminhos de aproximação com o poder público. A iniciativa exemplifica o trabalho da Fundação Tide Setubal de estímulo ao engajamento da comunidade de São Miguel na resolução de seus problemas. E a construção da ETEC é um resultado a comemorar. Há dez anos a população reivindicava a oferta do ensino profissionalizante na região.
Maria Alice Setubal, presidente da Fundação Tide Setubal, esteve presente ao evento e destacou o anúncio oficial da escola como uma conquista coletiva. “Diferentes instâncias estão juntas em prol das comunidades. Isso faz toda a diferença.” Já Tião Soares, da área de relações institucionais da Fundação Tide Setubal, ressaltou o papel de mediação da Fundação: “Unimos forças em defesa do bem comum”.
Administração, nutrição e informática
João Manoel Scudeler de Barros representou o secretário estadual de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, que foi convidado a participar do encontro, mas não pôde comparecer devido a outros compromissos. Durante a reunião, Barros declarou que o prédio deve ser erguido em um terreno cedido pelo CDHU, na rua Castelo Branco. O projeto será desenvolvido pelo arquiteto Ruy Ohtake.
Também já foram pré-definidos os cursos a serem oferecidos à população: técnico em administração, em nutrição e em informática. Para cada um, haverá 80 vagas, sendo metade no período vespertino e outra, no noturno. No período da manhã, as 80 vagas serão destinadas ao Ensino Médio. “Estamos abertos às sugestões da comunidade para complementarmos a grade curricular. Se houver demanda para outra área — hidráulica, por exemplo —, podemos acrescentar um novo curso”, afirmou Barros.
Para Tânia Mamote, moradora do Jardim Lapenna e mãe de uma jovem de 18 anos, a ETEC representa novos caminhos para os adolescentes da comunidade. Já Hércules Cardoso dos Reis, 20 anos, morador de União de Vila Nova lembrou que a nova ETEC facilita o acesso dos jovens que desejam continuar os estudos. “Não será necessário se deslocar para outra região. No mínimo, economiza-se o dinheiro do transporte”, comemorou.
Na visão de Tânia, o mais importante é que “o técnico abre mais oportunidades de trabalho”. O que se comprova em números. Afinal, de acordo com o coordenador do programa de expansão da educação profissional, a proposta da ETEC prepara o jovem para o mercado. “A empregabilidade dos concluintes dos cursos técnicos chega a 75%”, ressaltou Barros.
Aulas em salas ociosas
Durante a reunião, os moradores questionaram o coordenador Barros sobre o início das obras. Para ele, entretanto, não é possível falar uma data precisa, pois tal definição depende do encaminhamento do reforço orçamentário que foi pedido à Secretária Estadual de Planejamento. “O projeto deve custar cerca de R$ 5 milhões; ainda não temos essa verba disponível”, disse.
Para acompanhar esse processo, a comunidade pediu para que o coordenador trouxesse uma resposta na próxima reunião, agendada para 5 de abril. Ele se comprometeu a dar esse retorno. Barros reforçou que, normalmente, depois de resolvidas as questões de recursos e de licitação, a construção do prédio costuma durar em média um ano.
Enquanto as instalações não ficam prontas, a comunidade reivindicou o início imediato dos cursos em salas ociosas da rede estadual de ensino. Contudo devido ao calendário de vestibulinho, já estabelecido pelo Centro Paula Souza, órgão responsável pelas ETECs, é inviável atender a essa solicitação em 2010. Mas, de acordo com Barros, a abertura de vagas na Escola Estadual Paulo Kobayashi acontecerá no 1° semestre de 2011.
Novas escolas e cursinho pré-vestibular
A Reunião do Povo contou com cerca de 50 moradores. Eles também debateram com o professor Isaias de Souza, diretor regional de educação de São Miguel Paulista, a construção de uma creche no Jardim Lapenna, em um terreno na Rua Almiro dos Reis, em frente ao chamado Mutirão Lapenna. Outro ponto em pauta foi a proposta de uma nova Escola Municipal no território.
Para cada projeto, os participantes formam uma comissão, com o objetivo de acompanhar o andamento da respectiva demanda, incluindo reuniões com representantes do poder público. No próximo encontro, as comissões devem trazer as respostas do Departamento de Edificações (EDIF) sobre o encaminhamento dessas duas reivindicações.
Outro encaminhamento do dia foi o início de uma maior aproximação entre a comunidade e a USP Leste. Padre Ticão, um dos articuladores da reunião, convidou a população para participar dos cursos de extensão da universidade. Ele também enfatizou a importância de haver um curso pré-vestibular na região para elevar o número de estudantes do bairro na USP local. “Estamos começando a trabalhar para oferecer cursinho para mil estudantes ainda neste ano”, afirmou Ticão.