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Estudo propõe análise das vulnerabilidades nos territórios para implementar mudanças estruturais

Por Daniel Cerqueira

 

 

A preocupação em proporcionar impactos socioambientais nos territórios periféricos é o ponto central para entendermos a proposta de Teoria de Mudança criada e gestada dentro do Programa Cidades e Desenvolvimento Urbano da Fundação Tide Setubal. Seja no seu tradicional território de atuação, o Jardim Lapena, na zona leste de São Paulo, ou também para inspirar outras organizações e o poder público para enfrentar as desigualdades nos territórios periféricos das cidades de todo o país, foi lançada a publicação A Lupa na Cidade: Painel de Indicadores e Desenvolvimento de Áreas Urbanas Vulneráveis.

 

Os desafios das cidades são imensos não apenas pela geografia imposta em muitas delas, mas porque esses obstáculos não são apenas setoriais: na realidade, têm características estruturais e estão interconectados entre si. É difícil imaginar que o sistema de saúde não afeta o de educação, como também reflete na segurança que, por sua vez, é influenciada pelas condições de moradia e saneamento.

 

Por isso, cada vez mais tem-se pensado em políticas públicas e ações privadas que dialoguem com essas estruturas e que busquem, de alguma forma, impactar e transformá-las. “A Fundação entende que o Investimento Social Privado tem papel diferente do público e do privado. A gente entende que cada um tem o seu papel e os seus limites. A nossa vontade é distensionar esses limites”, reforça Fabiana Tock, coordenadora do Programa da Fundação Tide Setubal.

 

Foi deste modo como surgiu a proposta de Teoria da Mudança, que acaba de ser sistematizada na publicação A Lupa na Cidade: Painel de Indicadores e Desenvolvimento de Áreas Urbanas Vulneráveis. O material é resultado do projeto desenvolvido pelo Insper Metricis – Núcleo para Medição de Impacto Socioambiental, sob o financiamento da Fundação Tide Setubal e do Itaú Social.

 

 

Uma lupa para ver os desafios mais de perto

 

Colocar uma lupa sobre a cidade de São Paulo é a chance de observar o tamanho de sua complexidade. Só no município, a população atual estimada em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) era de 12.325.232 pessoas, ao passo que o território ocupado é de, aproximadamente, 1.520 km².

 

Essa escala exigiu a criação de um painel de indicadores e de um monitoramento de resultados que conseguisse traduzir o contexto atual em números, metas e objetivos que possam ser alcançados e possibilitar o acompanhamento do nível de desenvolvimento dos territórios vulneráveis.

 

A publicação está dividida em duas partes: a primeira propõe-se a conhecer e explicitar os problemas críticos em áreas urbanas com a leitura e observação dos bairros Jardim Lapenna, na zona leste; Pinheirinho D’Água, na zona noroeste; e Parque Novo Mundo, na zona norte.

 

Os capítulos três e quatro contêm análise aprofundada sobre as vulnerabilidades dos territórios pesquisados e apresentam exemplos exitosos de enfrentamento delas pelas cidades de Recife (PE) e Medellín, na Colômbia. Trata-se de material disponível para quem pensa no desenvolvimento urbano ou pretende alçar voos nesta área.

 

A equipe envolvida na produção do material desenvolveu um mapa com os problemas enfrentados nos territórios periféricos e, por intermédio dele, foi possível chegar a oito macrotemas que estão interconectados:

 

 

  1. Segurança pública;
  2. Emprego e renda;
  3. Educação;
  4. Capital social;
  5. Saúde pública;
  6. Infraestrutura básica;
  7. Moradia;
  8. Mobilidade urbana.

 

 

Confira a imagem a seguir para vê-los de modo detalhado.

 

 

A segunda parte da publicação vem após as definições da Teoria da Mudança (TDM) e de seus impactos nos macrotemas estudados para, enfim, desenvolver o painel de indicadores e definição das métricas que possibilitarão políticas e ações de impacto. A base da TDM é acreditar que, conforme esses macrotemas estiverem conectados e ações forem idealizadas com base neles, o desenvolvimento territorial será alavancado.

 

Além disso, o material traz a experiência da Fundação Tide Setubal no Jardim Lapena como um caso no qual a teoria da mudança já é utilizada como sistema de monitoramento, avaliação e definição de trajetórias.

 

“O Lapena é, para nós, um caso de desenvolvimento local. A gente tem buscado que esse território seja, em 2030, uma referência dos princípios de urbanismo social na linha da participação, integração de serviços, intervenção urbana, governança e monitoramento”, conclui Fabiana Tock.

 

 

Sobre a teoria

 

Baixe e confira a publicação A Lupa na Cidade – Painel de Indicadores de Desenvolvimento de Áreas Urbanas Vulneráveis.

 

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