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Poesia, manifesto e resistência se conectam em ‘Boca de Tudo’

O curta-metragem Boca de Tudo, da coletiva Ofà Dodún (PR), é um convite à reflexão sobre a influência de Exu no cotidiano.

 

A obra, que faz parte da temporada 5 da websérie Ancestrais do Futuro, da Fundação Tide Setubal, traz em sua narrativa o entrelaçamento entre poesias afrosurrealistas e registros urbanos.

 

Com linguagem frenética e envolvente, que remete à estética dinâmica e incessante de videoclipes, o curta-metragem tem a divindade Exu como guia. Vale dizer que, por meio de sua condução, a audiência pode ver como elementos ritualísticos emergem como personagens simbólicos de um rito poético-político.

 

Isso porque, a partir da manifestação da fé candomblecista em espaços públicos, Boca de Tudo revela as tensões sociais enfrentadas pelas juventudes de terreiros. Idem a potência transformadora da afroespiritualidade. Afinal, ao citar uma das intervenções poéticas na obra,

 

Exu abre caminhos onde só havia muro. Risca linhas sinuosas sobre o concreto frio. Faz do espaço fechado uma rede de possibilidades.

 

Para compreender e apreciar Boca de Tudo

 

Durante a primeira exibição do curta-metragem Boca de Tudo, no evento de lançamento da temporada 5 da websérie Ancestrais do Futuro, Lekún Barboni, roteirista e produtora-executiva da obra, falou sobre a relação intrínseca da coletiva Ofà Dodún com a religiosidade. Nesse sentido, a abordagem que Lekún trouxe à tona mostrou como essa cosmovisão teve relação intrínseca com o desenvolvimento da obra.

 

“Para mim, este episódio fala muito sobre a fé no encontro – a fé neste encontro entre nós. Idem sobre a fé do nosso encontro com Exu, com o nosso orixá. Mas, também subjetivamente, sobre a fé de cada pessoa no encontro com a sua própria verdade. O que é a verdade, então? Todas as pessoas estão procurando uma explicação para a vida e a nossa existência. E isso acontece com cada qual no seu processo de autoconhecimento e de aprimoramento moral.”

 

Por fim, essa percepção possibilita ao público um intenso processo de imersão na narrativa de Boca de Tudo. E essa percepção dialoga com a reflexão que o curta-metragem apresenta quando se fala na religiosidade candomblecista e o modo como Exu se relaciona com os espaços públicos:

 

O fluxo não para. Periferia é um rio de invenções que toma o centro. Invade ruas largas, praças e avenidas. Território é corpo vivo.

 

 

Sobre a temporada

A dinâmica entre juventudes e fé constitui o fio condutor da quinta temporada da websérie Ancestrais do Futuro. Os episódios estão disponíveis no Enfrente, o canal da Fundação Tide Setubal no YouTube.

Nesse sentido, o modo como a fé nos coloca em movimento e nos ajuda a passar pelas encruzilhadas do cotidiano é demonstrado nos cinco episódios que compõem essa temporada. E essa dinâmica torna-se ainda mais evidente na relação que ela tem com as trajetórias das juventudes das periferias de cantos diversos do Brasil.

Esta temporada conta também com outros quatro curtas-metragens produzidos pelos seguintes coletivos:

  • Fé que Move Rios (Apoena-PA);
  • A Saudade que Habita em Meu Armário (Trivial Filmes-MT);
  • Sem Tempo, Irmão (Várias Fita Filmes-SP);
  • Orí Semente (Ficcionalizinho-PE).

Texto: Amauri Eugênio Jr.

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