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Como é ser uma liderança política negra?

Os desafios encarados por toda liderança política negra são inúmeros e passam, de modo geral, por dinâmicas pautadas por diversos níveis de violência. Dentro desse cenário, um estudo do Laboratório de Estudos e Mídia e Esfera Pública, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), apresenta constatações preocupantes.

 

De acordo com o levantamento, feito com o Instituto Peregum, pessoas negras temem sofrer violência política. Esse aspecto tornou-se um dos principais obstáculos para a participação de pessoas desse grupo e tornou-se mais intenso devido à ascensão da extrema-direita na esfera política. Ou seja: trata-se de uma barreira política emblemática na trajetória de toda liderança política negra.

 

Para além disso, esse cenário torna-se ainda mais crítico com quando se fala em intersecção de raça e gênero. Esse tema é o ponto central do Mapa da Violência Política de Gênero em Plataformas Digitais, do Laboratório de Combate à Desinformação e ao Discurso de Ódio em Sistemas de Comunicação em Rede. Segundo o estudo, os seguintes pontos ganham destaque:

 

 

  1. Do total de conteúdos analisados na pesquisa, 9% apresentavam algum indício de violência discursiva contra parlamentares mulheres;
  2. Em níveis diversos, insultos (41% dos ataques), invalidação (26,6%) e críticas (24,5%) foram os modos de ataque mais frequentes. O somatório chegou a mais de 90% das mensagens ofensivas no Twitter, Facebook, Instagram e no YouTube;
  3. A sátira e o pretenso humor provocativo marcaram presença em cerca de 30% das mensagens ofensivas. Ou seja, esses aspectos foram usados como tática diversionista e dissimulada para disfarçar discursos de ódio como supostas brincadeiras.

 

 

 

Assista ao episódio Como é ser uma liderança política negra?, o terceiro da série Caminhos: Trilhas Coletivas pela Equidade Racial

Violência direcionada

Além disso, o estudo A Violência Política Contra as Mulheres Negras, do Instituto Marielle Franco, mostrou mais informações preocupantes. Segundo o levantamento, as seguintes categorias de violência política contra mulheres negras contêm os seguintes percentuais:

 

  1. 78% de mulheres negras relataram sofrer com violência virtual;
  2. 62% foram alvos de violência moral e psicológica;
  3. 55% foram vítimas de violência institucional e 44%, com violência racial;
  4. 42% sofreram violência física e 32% com violência sexual;
  5. 28% lidaram com violência de gênero e/ou LGBTQIAP+.

 

Desse modo, os debate sobre as trajetórias de quem passa por percalços como os citados acima dá o tom de Como é ser uma liderança política negra?, o terceiro episódio da websérie Caminhos: Trilhas Coletivas pela Equidade Racial. Esse é um dos pontos destacados por Isaura Genoveva, advogada do Instituto de Proteção, Promoção aos Direitos Humanos e Acesso à Justiça e uma das participantes do programa.

 

“Sabemos o quanto este percurso é doloroso e adoecedor. O que no passado foi sofrimento físico hoje é sofrimento emocional e psíquico. Como podemos trabalhar isso? Não sabemos e estamos no escuro. E no escuro no sentido bom da palavra: de dizer que o nosso percurso nos permitiu chegar até aqui hoje. Mas como podemos pensar para além de resistir? É o que estamos fazendo?”, destaca.

 

 

+ Conheça o Edital Traços, projeto da Plataforma Alas

 

+ Tayguara Ribeiro, repórter da Folha de S.Paulo, fala sobre a perspectiva racial na esfera política

Para além da militância

Um ponto emblemático na trajetória de toda liderança política negra é a parte financeira. Isso vale para o andamento da própria trajetória, assim como para concorrer a cargos legislativos ou executivos.

 

Apesar da sub-representação racial na Câmara dos Deputados – 134 parlamentares negras/os entre 531 -, pode-se observar ações para reduzir a efetividade de ações para enfrentar esse quadro. Nesse sentido, uma delas é a PEC 9/23, popularmente conhecida como PEC da Anistia. A proposta visa “perdoar” partidos políticos por não repassarem verbas para candidaturas de mulheres e pessoas negras – o repasse de verba é previsto desde 2022 pela Constituição Federal. Aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, a PEC passará por análise de uma comissão especial na casa legislativa.

 

Para além da medida constitucional para mitigar desigualdades – e do ataque contra ela -, iniciativas em outras chaves entram em debate. Por fim, um dos pontos abrange o papel do ISP para apoiar lideranças políticas negras.

 

“Este olhar dos institutos, fundações e sobre o Estado brasileiro precisar se reorganizar e incluir pessoas negras nesses espaços institucionais e de poder é necessário para avançarmos democraticamente. Estamos debatendo questões que são o cerne para debatermos o Estado Democrático de Direito. Não é um avanço muito significativo: é o mínimo”, ressalta Najara Lima Costa, docente nos ensinos Médio e Superior, pesquisadora das questões raciais e eleita deputada estadual por São Paulo (2023).

 

 

+ Najara Lima Costa participou de reportagem sobre a educação pelo engajamento político

 

+ Confira reportagem sobre a participação política das juventudes

Dê o play!

Com quatro episódios, a série Caminhos: Trilhas coletivas pela Equidade Racial, que foi coproduzida por Fundação Tide Setubal, por meio da Plataforma Alas, e Bonita Produções, mostra os caminhos já percorridos por lideranças negras em áreas diversas. Os episódios destacam também quais desafios precisam ser superados e ações que precisam ser colocadas em prática com esse foco.

 

Assim sendo, assista aos episódios na playlist a seguir.

 

 

 

Texto: Amauri Eugênio Jr. / Foto: Mikhail Nilov / Pexels

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