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Políticas públicas, enfrentamento das desigualdades e diálogo com a comunidade a um play de distância

Por Amauri Eugênio Jr. / Foto: Pexels/Cottonbro

 

 

Acompanhar as mudanças comportamentais entre gerações, inclusive na produção e consumo de conteúdos, e incentivar a reflexão sobre temas estratégicos para a promoção da igualdade. Esses foram os fatores que motivaram a Fundação Tide Setubal, Associação Nacional de Ensino e Pesquisa do Campo de Públicas (ANEPCP), Observatório das Desigualdades da Fundação João Pinheiro (FJP) e o Observatório das Desigualdades da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) a organizarem um concurso de podcasts.

 

Com o tema Ações públicas para o enfrentamento das desigualdades de gênero e raça: experiências subnacionais, nacionais e internacionais, o projeto, que teve também apoio da Associação Brasileira de Combate às Desigualdades (ABCD), contou com inscrições de estudantes e recém-egressos do campo de públicas, ciências sociais e humanidades de todo o Brasil.

 

De acordo com Mariana Mazzini Marcondes, professora de Administração Pública e Gestão Social da UFRN e coordenadora do Observatório das Desigualdades da instituição, a temática voltada para raça e gênero foi escolhida por causa do papel central na promoção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Já o público-alvo foi composto por estudantes do campo de públicas. “Trata-se de pessoas que estão se preparando para atuar profissionalmente no setor público (governamental ou não). Elas são fundamentais para o enfrentamento a desigualdades, que é o grande desafio para o desenvolvimento econômico, político, social e cultural do Brasil.”

 

 

Playlist de critérios

 

Os podcasts inscritos deveriam ter duração de até vinte minutos em áudio e apresentar conteúdos inéditos. A equipe de avaliação, que foi composta por especialistas provenientes de universidades, instituições de ensino e pesquisa e da sociedade civil, cujo perfil era diversificado no que diz respeito a variáveis como gênero, raça, idade e geração e localização geográfica, considerou os seguintes aspectos para escolher os podcasts:

 

 

  1. Criatividade e originalidade;
  2. Pertinência em relação ao tema do concurso;
  3. Estrutura do roteiro e da narrativa;
  4. Interseccionalidade das desigualdades;
  5. Qualidade sonora e de edição e linguagem objetiva e direta, incluindo estruturação do episódio e ritmo do desenvolvimento.

 

 

Pedro Marin, coordenador do Programa Planejamento e Orçamento Público da Fundação Tide Setubal, considera que os projetos apresentados abordam temas ligados à política pública a partir de perspectiva interseccional e trabalharam com temas como trabalho e renda, educação e cooperação internacional.

 

“O concurso tem um papel interessante de fazer com os estudantes olharem para governos e organizações que atuam em seus territórios e passem a questionar o que é feito para combater desigualdades. Sistematizar experiências de sucesso para disseminá-las é um papel importante da comunidade acadêmica do campo de políticas públicas.”

 

 

Horizontes possíveis

 

Edgilson Tavares de Araújo, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e presidente da ANEPCP à época da realização do concurso, lembra que uma das principais razões de ser do campo de públicas é formar profissionais com competências tecnopolíticas voltadas para o fortalecimento da democracia, do ethos republicano e desenvolvimento de ações públicas”

 

O docente ressalta também a importância de usar novos métodos para comunicação, como “provocar a necessidade de futuros(as) profissionais usarem diferentes linguagens e instrumentos que avivem outras racionalidades com relação às ações públicas, que gerem para além de conhecimentos aplicados, conhecimentos implicados na construção de alternativas para enfrentar problemas de pública relevância.”

 

Bruno Lazzarotti Diniz Costa, pesquisador da Fundação João Pinheiro e coordenador do Observatório das Desigualdades da instituição, destaca a importância acadêmica da iniciativa. Ao falar sobre o curso de Administração Pública da instituição, Diniz Costa menciona o papel central que o combate às desigualdades de raça e gênero tem na formação inicial de gestoras(es) públicas(os).

 

“Foi também um incentivo para a apropriação, pelo campo de públicas, de novas linguagens e estratégias de comunicação com a sociedade, algo muito importante para que a academia e a ciência possam se conectar com a sociedade e contribuir, de maneira mais cotidiana, para o debate público”, destaca.

 

 

Definição da pauta

 

Os dez melhores episódios foram selecionados pela equipe de avaliação e serão gravados. O primeiro lugar ficou com o projeto A Ação Nacional Griô e os Griôs Modernos: Uma Política de Transmissão de Saberes, correalizado por Thaynah Gutierrez, 22, administradora pública formada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e assessora de projetos na Conectas Direitos Humanos, e Wellison Freire, 25, formado em Administração Pública pela FGV-SP, gestor cultural e cofundador da Nebulosa Selo.

 

A dupla optou retratar a Ação Griô Nacional, projeto gerido pelo então Ministério da Cultura e que teve como objetivo instituir uma política nacional para transmissão de saberes e fazeres de tradição oral, em diálogo com a educação formal, para fortalecer a identidade e a ancestralidade afro-brasileira.

 

De acordo com Thaynah, falar sobre a Ação Griô Nacional coloca em evidência o protagonismo de griôs conectadas(os) à ancestralidade. “Também reflete sobre o que nós, enquanto administradores públicos e jovens negros viventes das periferias urbanas, podemos fazer para retomar movimentos tão importantes como esses realizados no passado pela cultura brasileira e, em especial, pelos equipamentos públicos de cultura que já existiram no Brasil.”

 

Além de apontar o protagonismo de griôs para preservar a ancestralidade negra e ressaltar a sua potência, o projeto desenvolvido por Thaynah e Wellison traça um paralelo com um aspecto contemporâneo: a contação de histórias a partir do funk, cultura na qual a dupla está inserida. Esse processo lhes permitiu dar visibilidade ao legado da política pública, que foi interrompida, e ter ideias sobre como dialogar com parceiros, instituições e o poder público para construir ações que preservem e respeitem a história e o futuro da cultura e intelectualidade da população negra.

 

“Fazer esse caminho durante a construção do episódio trouxe para nós a necessidade de construir cada vez mais pontes para a preservação cultural, intelectual e da vida dessa juventude ser traçada a partir de estratégias elaboradas por ela mesma, com apoio de políticas públicas democráticas e de impacto direto na vida dessas pessoas”, completa Wellison.

 

 

No seu tocador favorito

 

Os episódios dos podcasts vencedores do concurso serão lançados em breve. Acompanhe a Fundação Tide Setubal no Facebook, Instagram, LinkedIn e no seu site, assim como no canal Enfrente, no YouTube.

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