Mais de 90% de empresários preferem a democracia como regime de governo

Para entender como as/os empresárias/os veem o panorama político no Brasil, a Fundação Tide Setubal e o Instituto Sivis realizaram a pesquisa Valores Democráticos no Empresariado Brasileiro, que, além de investigar como valores democráticos repercutem nesse grupo, tem como foco entender o grau de comprometimento com a democracia. E, de modo geral, pode-se dizer que quase a totalidade do empresariado participante do estudo prefere a democracia em detrimento a qualquer outra forma de organização política.

 

Segundo o estudo, 91% do empresariado concorda com a premissa segundo a qual mesmo com a existência de alguns problemas, a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo. Esse dado dialoga com a premissa segundo a qual é importante considerar que a democracia precisa do apoio do empresariado para a sua subsistência, mas, ao mesmo tempo, o ambiente de negócios precisa também de estabilidade democrática para prosperar.

 

 

Sobre a metodologia

 

Realizada entre 20 de maio e 8 de julho, a pesquisa Valores Democráticos no Empresariado Brasileiro é composta por 417 entrevistas que contemplaram uma série de aspectos para haver maior confiabilidade quanto aos dados.

 

Deste modo, a amostragem que guiou a realização das entrevistas considerou três variáveis-chave na caracterização das empresas:

 

 

1. Região, cujo método de distribuição contou com 201 entrevistas no Sudeste, 85 no Sul, 72 no Nordeste e 59 no agregado das regiões Norte e Centro-Oeste;
2. Setor, que contemplou os segmentos de serviços (209 entrevistas), comércio (149) e indústria (59);
3. Tamanho, cuja variável contemplou 309 entrevistas com profissionais de pequenas empresas, 80 de médias e 19 atuantes em grandes organizações.

 

 

Indícios e sinais identificados

 

Além de ser notória a predileção massiva pela democracia, outros aspectos chamam a atenção quando se fala da dinâmica do empresariado com a política.

 

A divergência política é bem-vinda para a maioria das/os empresárias/os que participaram da pesquisa: a abertura ao contraditório, ou seja, a aceitação de que indivíduos tenham e expressem opiniões políticas e morais opostas é aceitável ou muito aceitável para 83,7% de participantes.

 

Ainda, quando o assunto é a cultura de diálogo, que consiste na frequência com a qual pessoas com opiniões divergentes dialogam, esse tema conta com o apoio de 65% das pessoas que foram ouvidas para o estudo.

 

Outro aspecto a ser considerado consiste no modo como o empresariado se relaciona com práticas em níveis ambiental, social e de governança, conhecidas pela sigla ESG (Environmental, Social and Corporate Governance em tradução livre do inglês): 62% das/os empresárias/os consideram o compliance e as práticas anticorrupção como as mais importantes dentro desse cenário.

 

 

Análise sobre gênero

 

A pesquisa identificou também diferenças na relação existente entre gêneros quando se fala em política no meio empresarial.

 

Ao fazer a clivagem por temas e gêneros, 68% de empresários do gênero masculino consideram-se muito interessados em política e 89% afirmam que entendem bem sobre os assuntos políticos mais importantes do país – respectivamente, essa proporção é de 39% e 68% nos casos de mulheres.

 

Em contrapartida, pode-se notar inversão proporcional no que diz respeito ao interesse em assuntos relacionados à temática ESG: para 85% de mulheres ouvidas, a discussão sobre tais práticas é importante para as suas empresas, enquanto esse patamar está em 72% para homens.

 

Apesar de os números acima serem sintomáticos, é importante vê-los além dos dados isolados. Tais diferenças são, de acordo com a pesquisa, resultados de desigualdades estruturais de gêneros em termos políticos – esse fato é refletido também no mundo corporativo.

 

 

Dado a dado

 

Confira e baixe a íntegra da pesquisa Valores Democráticos no Empresariado Brasileiro no site da Fundação Tide Setubal.