VIII Encontro de Cultura Caipira relembra as origens e emociona moradores da região
Nos dias 26, 27 e 28 de julho aconteceu o VIII Encontro de Cultura Caipira realizado pela Fundação Tide Setubal. Mais de 1000 pessoas participaram do evento e puderam relembrar suas as raízes. Com o tema “Chegadas e Partidas” o palco da festa foi o CDC Tide Setubal. “Nosso objetivo é fazer com que a […]
Nos dias 26, 27 e 28 de julho aconteceu o VIII Encontro de Cultura Caipira realizado pela Fundação Tide Setubal. Mais de 1000 pessoas participaram do evento e puderam relembrar suas as raízes. Com o tema “Chegadas e Partidas” o palco da festa foi o CDC Tide Setubal. “Nosso objetivo é fazer com que a cidade reflita sobre este outro lugar que é o campo”, explica Inácio Pereira dos Santos Neto, coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal.
Ao som do Trio Rastapé Flor de Mucambê, muitas pessoas deixaram a vergonha de lado, e participaram do arrasta-pé.
Completando 48 anos de casados Edvaldo e Maria das Mercedes da Silva foram um deles. O casal resolveu iniciar os festejos do aniversário de casamento no CDC. “Gostamos muito de dançar e todo ano esperamos a festa”, diz Maria.
Para Luiz Galavossi, morador da região há 15 anos, participar do Encontro já é tradição. “Eu sempre volto a infância e relembro de Cerquilho, interior de São Paulo, minha terra natal. Sem dúvida precisamos preservar nossas tradições e mostrar aos jovens a importância de nossa cultura”.
Quem também voltou ao passado e não parou de dançar foi Maria Elisa da Silva, 82 anos. Levada por uma de suas filhas pela primeira vez ao Encontro promete que ano que vem voltará. “Fazia muito tempo que eu não dançava tanto. Quando era jovem costumava dançar das 18h às 6h da manhã. Sempre fui muito festeira”, comenta. Música e dança não faltaram neste Encontro.
Música e dança – Ninguém conseguiu ficar parado ao assistir a apresentação dos grupos Maracatu de Baque Virado com Porto de Luanda e Cordão de Bonecos com a cobra Bernucia. Todo mundo entrou na roda! Edna Luiza Santa foi puxada pelas netas para participar. “Nunca dancei Maracatu, mas adorei. Minhas netas estão aprendendo a cultura na escola”, diz.
Segundo Kátia Maya, assistente de coordenação do Núcleo ArteCulturAção, explica que o grupo Maracatu de Baque Virado, Porto de Luanda e Sucatas Ambulantes decidiram se unir para fazerem uma oficina na EMEF Pedro Almirante Frontim, escola que as netas de Edna estudam. “A ideia era trazer a cultura negra para dentro da escola. Durante um mês foram realizadas oficinas que trabalharam com a linguagem da música, dança e brincadeiras.”
Tocando de Luiz Gonzaga a Roberto Carlos muitas pessoas se encantaram ao ouvir a Banda Municipal de Embu das Artes, criada em 1908. “Existe um mito elitista de que todos acham que orquestra tem que tocar no teatro. Trazer a música instrumental para a periferia é muito gratificante. A Fundação Tide Setubal está nos dando a oportunidade de despertar um novo olhar destas pessoas para nossa música”, diz Hamilton Oliveiro, maestro.
Na opinião da moradora Zelia Freitas, o Encontro de Cultura deveria acontecer uma vez por mês. “Achei as músicas muito bonitas e eles tocaram muito bem”, afirma. Já Natalicia Ribeiro, que mora em São Miguel há 20 anos, nunca tinha visto uma orquestra de perto. “A gente não tem acesso a essas novidades, aqui no bairro, poderia ter mais eventos como esse”.
Para homenagear os grupos de congada, maracatu, Boi Cacuriá e tantos outros ritmos tradicionais, que dão vida a nossa história, um grupo de amigos decidiu montar em 2006, na cidade de Mogi das Cruzes (SP), o grupo Jabuticaqui Ritmo e Tradição. “Estou encantada com a apresentação. Moro há 40 anos no bairro e participo todo ano da festa”, conta Altamira Alves de Moraes.
A Orquestra de viola Piracicabana também emocionou muita gente. Com aproximadamente 30 músicos, a atração encerrou o segundo dia de festejos. “Nosso trabalho tem o objetivo de fazer uma releitura das músicas de raiz para que as novas gerações tomem conhecimento e se interessem por não somente escutá-las, mas divulgá-las”, conta Claudinei Francisco Pompeu, o Nei da viola, diretor da orquestra.
O grupo Desafio de Cururu com Cido Garoto e amigos trouxe uma rima diferente para a festa e arracaram muitos aplausos e risos da plateia. “O Cururu é um repente diferente. Ele é mais lento e usa uma rima só”, explica. E para completar os festejos, o público ainda pode assistir a uma quadrilha diferente.
Quadrilha “Jogo da Vida” – 30 jovens pertencentes a diversos Núcleos da Fundação Tide Setubal e a equipe do Galpão de Cultura e Cidadania surpreenderam ao público com a apresentação da quadrilha teatralizada. Eles foram convidados a participarem do evento, depois de emocionarem o público que participou da Festa Junina no Galpão de Cultura e Cidadania da Fundação Tide Setubal. Ao entrarem ao som da música Cio da Terra, cantada pela dupla Pena Branca e Xavantinho, caracterizados com roupas do campo e se fazendo passar por retirantes, despertaram olhares curiosos da plateia.
“A ideia da quadrilha surgiu por conta da Copa. Queríamos mostrar quem são os verdadeiros heróis que permitiram que o evento acontecesse, ao mesmo tempo, destacar que a maioria dos trabalhadores envolvida veio de diversos locais, a roça foi um deles”, explica Inácio Pereira dos Santos Neto, coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal.
Comidas típicas também não faltaram -Uma das barracas mais concorridas foi a da Bell’s Tapioca, uma das microempresas apoiadas pelo Fundo Zona Leste Sustentável. “Foi a primeira vez que participamos do evento e me surpreendi”, diz Luiz Felipe Laurenço. Ele conta que durante os três dias de evento eles chegaram a vender aproximadamente 700 tapiocas. “No sábado foi exibida uma matéria no SPTV/TV Globo e teve uma cliente grávida, veio da Vila Maltide até aqui, somente para comer tapioca, porque viu a matéria na televisão.” Outra que também comemorou o resultado da festa foi Adriana Tange. “Há quatro anos participamos, mas com a divulgação, conseguimos vender mais. Para se ter ideia, vendemos 70 litros de caldo de mandioquinha”, conta.
As microempreendedores, apoiadas pelo Fundo Zona Leste, Mão de Mãe e Portal do Tempo, também se surpreenderam com a festa. “Vendemos bem e distribuímos vários cartões”, disse Ernani Carvalho, da microempresa Mão de Mãe.
Oficinas de brinquedos – Mais de 90 pernas de pau e diversas escadas de Jacó foram confeccionadas por crianças e adolescentes. Na opinião de Sônia Aparecida de Barros, mãe de Cauã de Barros Novaes, a atividade é muito instigante. “A confecção destes brinquedos estimulam a imaginação das crianças e ao mesmo que tempo que ensinam um novo jeito de brincar para as crianças”, comenta.