O vídeo “Paulista pra quem?” foi elaborado pelos adolescentes do projeto “Espaço Jovem” da Fundação Tide Setubal com intuito de mobilizar uma reflexão crítica sobre o acesso à cidade, as discriminações sofridas em regiões marcadas por uma geografia sócio econômica definida e possíveis estratégias de garantias de direitos e enfrentamento da violência.
O projeto “Espaço Jovem” realiza uma formação em três eixos principais: temas transversais da adolescência, fortalecimento de habilidades de convivência e cidadania, e participação política. Nesse sentido, a circulação pelo bairro e outros locais da cidade é uma estratégia metodológica muito significativa rumo à garantia do direito à cidade.
O grupo de adolescentes desse projeto visitou a Avenida Paulista, conhecendo seus equipamentos de lazer, cultura e esporte, tais como: Parque Trianon, MASP, Casa das Rosas, finalizando o percurso no cinema do Shopping Paulista. Vivenciaram momentos de discriminação e exclusão, manifestadas em falas, olhares, gestos; afetaram-se por tais violências, mas puderam desnaturalizá-la, problematizando este fenômeno social no ato da vivência, em rodas de conversa e na elaboração do vídeo “Paulista pra quem?”.
Com o intuito de ampliar o alcance desta formação para promover uma intervenção social, foi realizada uma mesa de mesa intitulada “Os Olhares pela Cidade”, no Festival do Livro e Literatura de São Miguel organizado pela Fundação Tide Setubal, no dia 6 de novembro de 2015, na Praça do Forró (São Miguel). Adolescentes do Projeto Espaço Jovem e um Passe para Arte, do Galpão de Cultura e Cidadania e do CCA Jardim Lapenna – Sasf Procedu, compuseram a mesa. Para contribuir com o debate, os adolescentes contaram com os convidados Júlio Cesar Marcelino e Patrícia Freire, do Movimento Cultural Penha e do Projeto Patrimônios Culturais em Rede, com o apoio do Programa Redes e Ruas e com a Giselle Vitor da Rocha, formadora da equipe Técnica do Programa Jovens Urbanos – CENPEC.
Os adolescentes e os convidados discutiram sobre:
- A construção da nossa identidade, a migração dos nordestinos para São Paulo em busca de uma vida melhor e as suas contribuições para a cidade de São Paulo;
- A importância de espaços culturais tanto no centro e nas periferias de São Paulo;
- Os preconceitos e discriminações raciais, embora estejam sendo mais escancarados e comentados, inclusive em redes sociais, ainda permanecem constantes e graves. “Há dificuldade de quem sofre o preconceito se posicionar e enfrentar a violência”; “Há fragilidades ainda de mobilizações coletivas mais intensificadas que marquem resistências ao preconceito e discriminações”, disseram algumas pessoas que compuseram o público dessa mesa na praça. A escola, organizações promotoras de culturas e ONGs foram citadas como espaços potenciais de formação cidadã para participação política dos adolescentes em prol de uma sociedade mais justa;
- Os códigos, as regras que compõem a cidade e espaços públicos, cada qual com suas especificidades. Falaram da importância das regras para vivermos em sociedade, mas o quanto as regras podem ser usadas para a exclusão, muitas vezes, disfarçadas de códigos para uma boa convivência coletiva. Daí a relevância de uma consciência crítica sobre acesso e pertencimento à cada espaço público, e os direitos e deveres da vida coletiva.
O vídeo segue agora, postado no Facebook e Youtube em busca de sensibilizar mais pessoas em defesa do direito à cidade: https://youtu.be/ScfK72wSg0o