‘Fé que Move Rios’ mostra como múltiplas manifestações de fé podem coexistir e unir forças na preservação do meio ambiente
Produzido pela coletiva Apoena (PA), a obra ‘Fé que Move Rios’ acompanha três jovens de religiões diferentes que têm o mesmo propósito: a luta pela defesa da floresta, dos rios e da vida
Como a vida de três jovens – uma católica, uma umbandista e um evangélico – podem se entrelaçar? Essa é a pergunta que conduz a narrativa do curta-metragem Fé que Move Rios. Produzido pela coletiva Apoena (PA), a obra encerra a temporada 5 da websérie Ancestrais do Futuro, da Fundação Tide Setubal.
A partir do questionamento sobre coexistência religiosa – que também funciona como argumento e fio condutor narrativo -, o documentário mostra como as cosmovisões das três pessoas protagonistas convergem no propósito da preservação do meio ambiente. Mais do que isso, trata-se de uma ode à tolerância, ao respeito mútuo e à convivência harmoniosa entre perspectivas no primeiro momento diferentes entre si. A saber, o trio é composto por:
- Rebeca Tupinambá, adepta da Umbanda;
- Darlon Neres, jovem evangélico;
- Ingrid Sabrina, integrante da Pastoral da Juventude da Igreja Católica.
Entre rezas, cânticos e rituais, o trio revela que a fé não é apenas devoção. Nesse sentido, a crença é também, dentro de Fé que Move Rios, uma força ancestral e resistência em um dos países que mais mata defensores ambientais.
Sobre a fé que move rios no cotidiano
Durante sua participação no lançamento da temporada 5 da websérie Ancestrais do Futuro – e, consequentemente, do curta-metragem, a diretora do filme, Viviane Borari, falou sobre o impacto da fé no cotidiano – na crença em si próprio, na família e em pessoas próximas – e o papel do audiovisual nesse contexto. “Considero o audiovisual como uma ferramenta muito potente para isso”, comenta.
Nesse sentido, a tolerância, o respeito e a urgência na preservação ambiental funcionam, ao considerar-se a ponderação apresentada por Borari, como uma metalinguagem sobre o próprio filme.
Isso vale, enfim, para o papel que o cinema pode ocupar para influenciar mudanças positivas na percepção sobre o mundo. Idem quanto ao documentário Fé que Move Rios. “E trago o audiovisual como forma de luta, denúncia, incentivo e de fortalecer a cultura, pois a fé está nisso. Hoje, a minha fé, ao trazer esse documentário para as pessoas, é justamente mostrar que elas também podem fazer a diferença nas suas casas e nos seus espaços”, finaliza.
Sobre a temporada
A dinâmica entre juventudes e fé constitui o fio condutor da quinta temporada da websérie Ancestrais do Futuro. Os episódios estão disponíveis no Enfrente, o canal da Fundação Tide Setubal no YouTube.
Nesse sentido, o modo como a fé nos coloca em movimento e nos ajuda a passar pelas encruzilhadas do cotidiano é demonstrado nos cinco episódios que compõem essa temporada. E essa dinâmica torna-se ainda mais evidente na relação que ela tem com as trajetórias das juventudes das periferias de cantos diversos do Brasil.
Esta temporada conta também com outros quatro curtas-metragens produzidos pelos seguintes coletivos:
- Orí Semente (Ficcionalizinho-PE);
- A Saudade que Habita em Meu Armário (Trivial Filmes-MT);
- Sem Tempo, Irmão (Várias Fita Filmes-SP);
- Boca de Tudo (Ofà Dodún-PR).
Texto: Amauri Eugênio Jr.
