Arraial julino do Galpão mistura ritmos e mostra diversidade cultural
O arraial do Galpão de Cultura e Cidadania aconteceu nos dias 4 e 5 de julho, no Jardim Lapenna. Nos dois dias de festa, mais de mil pessoas passaram pelo espaço e puderam participar de danças, músicas, oficinas de brinquedo e, ainda, saborear comidas e bebidas típicas. No Galpão, quem abriu a festa foi o […]
O arraial do Galpão de Cultura e Cidadania aconteceu nos dias 4 e 5 de julho, no Jardim Lapenna. Nos dois dias de festa, mais de mil pessoas passaram pelo espaço e puderam participar de danças, músicas, oficinas de brinquedo e, ainda, saborear comidas e bebidas típicas. No Galpão, quem abriu a festa foi o Trio Amizade do Forró – cantando diversos sucessos do cancioneiro popular, o grupo animou o público e fez muita gente dançar.
Logo em seguida, foi a vez da quadrilha das crianças do CEI Jardim Lapenna. “Foi a primeira vez que vi meu filho dançar, não tenho como descrever minha emoção”, diz Leandra Barbosa da Silva, mãe de Christhian Barbosa de Vasconcelos, de 3 anos. “Eu filmei tudo para guardar de recordação”, diz Bruna Gabriela Gonçalves, mãe de Davi Luccas Gonçalves, de 2 anos.
Coral indígena– Cantando músicas na língua guarani, o coral indígena despertou a atenção do público, principalmente das crianças. “Trabalho perto do Galpão e, quando li o folder e vi que teria uma apresentação indígena, não pensei duas vezes, resolvi vir! Achei a apresentação muito bonita e a roda de brincadeiras que fizeram com as crianças também foi interessante”, diz Solange Guimarães.
Karai, nome indígena de Tiago Santos, que faz parte do grupo, explica a origem da apresentação. “Todas as músicas que cantamos são inspirações dos nossos xamãs. Elas vêm por meio dos sonhos e aí transformamos isso em palavras para contar um pouco de nossa história”, explica.
Literatura no Arraial – As crianças também puderam participar do arraial literário no qual puderam conhecer melhor a história do poeta Manoel de Barros. “Nem todo mundo conhece o escritor. Resgatar a história dele é apresentar um pouco da cultura do Centro-Oeste para as crianças. Por isso, tentamos fazer um cenário lúdico, pois ele retratava muito a natureza em suas poesias. Além disso, ao abrir um livro para uma criança, você consegue despertar o imaginário dela”, diz Malu Gomes, que trabalha no Ponto de Leitura do Galpão de Cultura e Cidadania da Fundação Tide Setubal. Dentro do espaço, foram realizadas diversas brincadeiras, como alfabingo, pescaria de livros, amarelinha, entre outras. “Eu gostei bastante das brincadeiras, gostei também de conhecer um pouco mais sobre o escritor Manoel de Barros. Eu já havia lido o livro Poeminha em Língua de Brincar e foi por isso que decidi participar”, diz Samuel da Silva Costa, 10 anos.
O pessoal da Comissão Jovem também não deixou ninguém ficar parado. Em ritmo de capoeira, realizaram diversas brincadeiras e fizeram adultos e crianças brincarem. Foi nesse clima de brincadeira que entrou o grupo Jabuticaqui Ritmo e Tradição, de Mogi das Cruzes. Mostrando diversos ritmos, eles formaram uma roda e o público caiu na dança.
Para encerrar o primeiro dia, os jovens do Galpão de Cultura e Cidadania apresentaram a quadrilha teatralizada O Fazedor do Amanhecer. “Pela quarta vez consecutiva, apresentamos uma quadrilha diferenciada no Galpão. Isso já está se transformando em tradição. O público sempre espera algo diferente. Neste ano, queríamos fazer uma reflexão sobre a redução da maioridade penal”, explica Inácio Pereira dos Santos Neto, coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal.
Maria Guimarães Leite, 67 anos, se emocionou com a apresentação quando viu um adolescente ser preso dentro de uma gaiola e a “mãe” chorando. “A frase ‘prende o menino’ que eles gritavam chegou a me arrepiar”, diz a moradora.
“Precisamos é ter mais cultura, precisamos é ter mais Galpões de Cultura e Cidadania espalhados por este país. Criança que vive na rua e de mente vazia acaba seguindo caminho ruim”, ressalta Wilton Fagundes. “Nossas crianças estão deixando de viver a infância”, completa Cristiane Paula Gomes Coelho.
Missa Caipira do Jardim Lapenna– Com a igreja toda decorada e lotada, a missa caipira abriu a festa no domingo e emocionou muita gente. Elizangela Souza, 28 anos, foi uma delas. “Nossa igreja fica ainda mais bonita com a decoração para a missa caipira. Além do repertório musical que deixa tudo ainda mais emocionante. Festas como a do Galpão resgatam a tradição das festas juninas e, hoje, na missa, tivemos uma linda festa também.”
Para Renato Oliveira, 56 anos, participar dessa missa é retornar ao passado. “A missa de hoje foi muito linda, o ofertório com as crianças, as músicas típicas que me fazem lembrar a minha infância, foi tudo muito lindo. Hoje, contamos, também, com a presença do pessoal do Galpão, que tem grande importância aqui no Lapenna.”
Jogos, brincadeiras e muita dança também marcaram o último dia de comemoração. Para encerrar os festejos, o Cordão dos Bichos de Tatuí, mesmo com o frio, fez muitas famílias saírem de casa para participar da festa pelas ruas do Jardim Lapenna. “É uma alegria muito grande voltar ao Galpão de Cultura e Cidadania. Participei do projeto São Miguel no Ar, de 2008 a 2010, e, hoje, trouxe meu marido e meu filho para aproveitar a festa julina e conhecer um pouco mais do Galpão”, comenta Jéssica Davi.
“O Galpão sempre esteve de portas abertas”, conta Samara Cristina. “Acompanhamos o trabalho no dia a dia, é um espaço que oferece cultura e lazer para o nosso Lapenna, que ainda é tão carente de coisas assim. Eu adoro o Encontro, sou do Norte e é gratificante ver como algumas festas preservam essa cultura”, conclui Lucimara Souza.