A importância da comunicação empática e por meio do afeto
O que comunicação de causas e universo gamer têm em comum? Muita coisa. A pesquisa Identidade Gamer estuda valores de gamers.
O que comunicação de causas e universo gamer têm em comum? Muita coisa, a começar pela premissa do diálogo propositivo e despolarizado. A conexão entre os dois mundos veio à tona durante entrevista feita com Flávia Gasi, jornalista, escritora e diretora de narrativa, para o site da Fundação Tide Setubal. Flávia é também estrategista do Laboratório de Impacto Gamer (LIGA), da Purpose, que lançou recentemente a pesquisa Identidade Gamer. O estudo visa buscar entender as visões de mundo, valores e territórios de gamers no Brasil – inclusive na esfera política.
Durante o diálogo, Flávia Gasi falou sobre uma série de aspectos relacionados à pesquisa, que identificou, a partir de entrevistas com gamers, seis perfis comportamentais. Além disso, o estudo detectou quatro visões políticas relativas a esses perfis.
Um aspecto retratado durante o diálogo diz respeito à abordagem sobre política para além de perspectiva puramente técnica – e, é claro, buscando por pontos de contato. “O espaço gamer é um espaço de afeto. Podemos ir via afeto em vez da explicação apenas racional sobre o que é política. A política, filosoficamente falando, afeta nossa vida no dia a dia. Então, por que não falar via afeto?”, pondera.
+ Acesse a publicação O Conservadorismo e as Questões Sociais
+ Baixe a publicação Comunicação de Causas: Reflexões e Provocações para Novas Narrativas
+ Confira a íntegra da entrevista com Flávia Gasi
Jogo da comunicação
Nesse sentido, a lógica destacada acima por Flávia Gasi dialoga com conceitos inerentes a duas publicações da Fundação Tide Setubal. O primeiro é a pesquisa O Conservadorismo e as Questões Sociais. Realizada em parceria com a consultoria Plano CDE, tem como objetivo entender pensamentos, valores e posições de pessoas autointituladas conservadoras.
Um tópico identificado no estudo compreende a percepção de que a forma como um determinado tema é retratado – em vez do conteúdo em si – representa barreiras para diálogos. Um exemplo, assim sendo, é a interpretação de que um dos lados – no caso da pesquisa, o campo progressista – tem postura arrogante, por se colocar acima do outro grupo, impossibilitando o diálogo.
Além disso, a pesquisa resultou no desenvolvimento da publicação Comunicação de Causas: Reflexões e Provocações para Novas Narrativas. O material tem como objetivo abrir ao campo progressista uma possibilidade de refletir sobre suas práticas comunicativas. Além disso, ele contém dois blocos centrais: um com panorama das características e práticas de diálogo entre diferentes campos. Já o segundo propõe caminhos para mudar a forma de comunicar causas, mas sem abrir mão de posicionamentos e valores.
Dentro dessa lógica, os pontos centrais de ambas as publicações convergem com a perspectiva apresentada por Flávia Gasi. De acordo com ela, o objetivo não é dizer que pessoas devem fazer, mas sim “criar espaços de sociabilidade mais inclusivos e democráticos. Quanto mais debatemos, provavelmente a nossa relação com política será melhor.”
Por fim, o foco consiste em promover pluralidade de pensamentos. “O objetivo de uma boa educação não é fazer a pessoa pensar igual a você. O objetivo é fazê-la abrir a cabeça para a possibilidade de pensamento. Isso é a educação de verdade: dar ferramentas para a pessoa entender o mundo do jeito como ela quiser, mas com mais nuances e mais complexo.”
Texto: Amauri Eugênio Jr. / Foto: fauxels / Pexels