Arteculturação encerra atividades de 2012 com sarau para a comunidade
Apresentações de teatro, percussão, violão, cavaquinho e bandolim, coral, batismo de instrumentos e intervenções poéticas dos frequentadores do Ponto de Leitura do Lapenna mostraram os resultados práticos das atividades
Para encerrar o ano, o Núcleo Arteculturação, da Fundação Tide Setubal, promoveu um sarau, com apresentações de teatro, percussão, violão, cavaquinho e bandolim, coral, batismo de instrumentos e intervenções poéticas dos frequentadores do Ponto de Leitura Jardim Lapenna. O evento ocorreu na tarde de 8 de dezembro, no Galpão de Cultura e Cidadania, e possibilitou ao público apreciar os resultados práticos das atividades desse projeto ao longo do ano.
A festa começou com o grupo de teatro, que fez a terceira apresentação do espetáculo Tripalium — as duas anteriores ocorreram no CDC Tide Setubal, na mesma semana. Depois de estudarem textos como “Eles não usam black-tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, os alunos criaram e encenaram uma peça sobre o mundo atual do trabalho. A história confrontava o sonho de atuar com a necessidade de conseguir um emprego. “A criação foi coletiva e refletiu um processo de troca de informações entre eles”, explica Marcos Gomes, coordenador do Módulo de Teatro. “O método seguiu o passo a passo de um trabalho profissional, com leituras de obras, análise de relatos pessoais, até transmitir para um texto essa angústia vivida por eles, que estão prestes a escolher uma profissão.”
Os integrantes do Módulo de Percussão, formado por jovens e crianças, subiram ao palco na sequencia e tocaram ritmos brasileiros, em instrumentos confeccionados durante as aulas. Inácio Neto, coordenador do Arteculturação, lembra que essa atividade, uma das primeiras oferecidas pela Fundação no Jardim Lapenna, tem colhido resultados expressivos com o passar dos anos. “Os primeiros frequentadores das aulas tornaram-se monitores e professores aqui. Alguns desenvolveram projetos socioculturais próprios, com potencial para atuar em outras instituições de São Miguel.”
Produção do ateliê
A turma do Módulo de Formação Musical em Violão mostrou o trabalho realizado com 30 alunos, que frequentaram aulas coletivas, aos sábados, no Galpão, em três horários. “Em 2012, conseguimos sedimentar essa frente, instituída no ano anterior, em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul”, explica Inácio. É que, no segundo semestre de 2011, a coordenação de música da universidade abraçou o desafio de oferecer ensino musical para iniciantes no Lapenna.
O grupo do Módulo de Cavaquinho e Bandolim, que também faz uso da produção da oficina de luteria do Galpão, tocou choro, samba e baião. Não faltaram rock e pop, executados com guitarras elétricas, batizadas durante o sarau. “Assim, cumprimos nosso objetivo de ampliar e diversificar a formação musical e aproveitar os recursos produzidos pelo nosso ateliê, já que muitos interessados não têm instrumentos”, conclui o coordenador Inácio.
Poesia e coral
Complementando a programação cultural, três frequentadoras do Ponto de Leitura leram poemas. David Rocha, educador aprendiz da luteria acompanhou uma delas, tocando uma harpa construída por ele. O Ponto de Leitura fechou o ano com mais de 700 cadastrados e cerca de 5 mil empréstimos. Para encerrar, Miriam Megumi Utsunomya, coordenadora do curso de licenciatura e bacharelado em música da Universidade Cruzeiro do Sul, regeu o coral infanto juvenil da comunidade, grupo para o qual ela dá aulas semanalmente no Galpão. “Para nossa universidade é fundamental ter uma atuação comunitária e tanto melhor que ocorra em parceria com a Fundação Tide Setubal, permitindo o alcance de um número maior de pessoas”, conclui.
Veja depoimentos de participantes e do público.
“No curso de teatro, aprendemos não só o que se vai acontecer na peça, mas praticamos o companheirismo. Cada um tem sua história e percebemos o quanto é bom poder confiar em que está ao lado.”
Natasha de Matos Viana, 17 anos, moradora do Jardim Lapenna, aluna do Módulo de Teatro
“No teatro, se você não trabalha em equipe, não vê resultados. Isso é muito importante numa peça e também para a vida.”
Daniele Marques dos Santos, 17 anos, moradora de Vila Curuçá, aluna do Módulo de Teatro
“Fiquei sabendo da oficina de luteria pelo jornal. Hoje, toco o instrumento que eu mesmo fiz. Acho ótimo e importante ter esses cursos, porque muitas pessoas não podem pagar.”
José de Souza, 70 anos, morador de Ermelino Matarazzo, aluno do Módulo de Violão
“A peça ficou muito boa, porque foi baseada na vida real.”
Francisca da Silva, 52 anos, mãe de um aluno ator, moradora do Jardim Lapenna
“A gente não tem muito espaço para cursos como os daqui. Poucas pessoas se dedicam tanto assim aos seus alunos. Já tenho uma base para construir um violão sozinho.”
Wesley Ferreira, 24 anos, morador do Jardim Lapenna, aluno da Oficina de Luteria
(Foto: Julio Vilela)