Articulação política: peça fundamental no Plano de Bairro do Jardim Lapenna
Em reuniões, Colegiado de Moradores conquistou o apoio da Prefeitura Regional e do Conselho Participativo de São Miguel Paulista para que o Plano de Bairro se torne realidade
Por Mariana Caires – Periferia em Movimento
“Futebol e política não se discute”. Crescemos ouvindo essa frase como se fosse um manual para evitar problemas no dia-a-dia. Mas no caso do Jardim Lapenna, a lógica é diferente: política é tema de discussão sim, e é através da articulação com a Prefeitura Regional e o Conselho Participativo de São Miguel Paulista que os moradores buscam conquistar mudanças efetivas no bairro. E o futebol? Também se discute, inclusive, integrantes dos 12 times locais costumam estar presentes nas reuniões por melhorias do bairro.
O Plano de Bairro Participativo do Jardim Lapenna é uma ideia que surgiu da união dos moradores, como contamos nessa reportagem. Desde o começo do ano, os moradores e representantes de instituições locais estão unidos em um Colegiado e articulados com a Fundação Tide Setubal e Fundação Getúlio Vargas para levantar todas as melhorias viáveis que um bom re-planejamento poderia trazer para o Lapenna. Até o fim do ano, o objetivo é fazer com que o Plano se torne um decreto, enviado para a Prefeitura de SP, como manda o Plano Diretor da Cidade de São Paulo. .
Enquanto os diagnósticos interno e externo são criados em reuniões, pesquisas e atividades participativas no bairro, um outro braço do projeto também já está firme: a articulação política. Já no mês de maio, o Colegiado apresentou o projeto ao Prefeito Regional de São Miguel Paulista, Edson Marques Pereira, que manifestou seu apoio nas instâncias políticas em relação ao Plano de Bairro.
“Essa é uma das melhores agendas que eu tive aqui na Prefeitura Regional, podem contar totalmente com meu apoio”, disse o Prefeito Regional na ocasião.
Essas foram as palavras do Prefeito Regional após duas horas de reunião em seu gabinete com mais de quinze pessoas de diversas instituições do bairro. Para Edson Marques, a iniciativa é muito positiva por reunir interesses de lideranças e profissionais em uma causa que ajudará o bairro como um todo, e poderia se repetir em outros bairros da região. “Eu considero isso um sonho que está se realizando. Isso facilita, otimiza o recurso, otimiza o serviço, é totalmente positivo”, completou.
Após se reunirem com Edson Marques, integrantes do Colegiado também apresentaram a proposta ao Conselho Participativo da Prefeitura Regional São Miguel Paulista. Membros do Conselho apoiaram a ideia e demonstraram esperança de que possam fazer Planos Participativos para seus próprios bairros. José Mário, membro do Conselho e morador do União de Vila Nova, considerou a iniciativa louvável pois irá servir como modelo para outros bairros da região: “Esse piloto na nossa região é extremamente importante. Vai nos subsidiar na luta por recursos públicos, pois se a periferia não se organizar infelizmente não vai sobrar nada pra ela”, comenta.
“O que for pra melhoria a gente vai correr pelo bairro”, diz Carlos Borel de Carvalho (Dida), 47 anos, morador do Jardim Lapenna e Conselheiro da ONG SOS Lapenna, associação esportiva com foco no futebol e atuação também em outros pilares sociais. A ONG participou também do lançamento do Plano de Bairro que ocorreu no dia 10 de junho (link para a matéria aqui), confirmando que futebol e política, no Lapenna, são vizinhos muito bem articulados.
Rosarinha Oliveira, participante do Conselho gestor da UBS do Jardim Lapenna, acredita que esse espírito de união com uma mesma meta é um incentivo para que todos participem das decisões políticas do bairro. “A gente se reúne no Conselho Gestor da UBS há 5 anos, e nunca conseguia tanta gente de diferentes entidades para a reunião, agora o grupo está mais unido”, afirma. Para ela, “era comum acharem que se é política, não vai dar em nada, mas quando as pessoas veem que a união está dando frutos, elas participam”.