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Carolina Maria de Jesus é homenageada na quinta edição do Festival do Livro e da Literatura de São Miguel
Em 2014, celebramos o centenário de nascimento da escritora Carolina Maria de Jesus. A autora foi homenageada durante o Festival do Livro e da Literatura de São Miguel. Nascida em Minas Gerais, Carolina ficou mundialmente conhecida por seu livro Quarto de Despejo, onde relata seu dia-a-dia como moradora da favela do Canindé, em São Paulo. […]
Em 2014, celebramos o centenário de nascimento da escritora Carolina Maria de Jesus. A autora foi homenageada durante o Festival do Livro e da Literatura de São Miguel. Nascida em Minas Gerais, Carolina ficou mundialmente conhecida por seu livro Quarto de Despejo, onde relata seu dia-a-dia como moradora da favela do Canindé, em São Paulo. Sua obra vendeu mais de 80 mil exemplares e foi traduzida para 13 idiomas.
Carolina foi lembrada em dois momentos marcantes no Festival do Livro. A atriz Débora Garcia levou a esquete Carolina–a joia da favela para as ruas do Jardim Lapenna, com cenas na qual ela representa o cotidiano e a garra da escritora, A atriz contou que conheceu suas obras em 2009, durante um trabalho de incentivo à leitura, realizado pela Associação Cultural Literatura no Brasil em Suzano. “A identificação com a vida e a obra de Carolina foi imediata por sua força como mulher negra, que superou inúmeras dificuldades em busca de seus sonhos, e pela denúncia social, realizada em sua obra Quarto de despejo – Diário de uma favelada. Desde então, participei de diversos projetos literários com o objetivo de divulgar a obra de Carolina”.
Na Conversa com Autor, a poetisa e jornalista Elizandra Souza e Ecio Salles, diretor executivo e criador da Festa Literária das Periferias(Flupp), abordaram a influência da literatura de Carolina Maria de Jesus para seus trabalhos.
Elizandra citou a invisibilidade da mulher e, principalmente, da mulher negra na literatura. “Carolina foi fundamental para a história literária deste país, mas, infelizmente, poucos conhecem seu trabalho. Ela, sem dúvida, revolucionou o movimento literário; uma mulher negra, moradora da favela do Canindé e semialfabetizada vendeu milhares de exemplares de seu texto, e isso faz de sua obra um marco para a literatura brasileira.”
Mais de 4.500 manuscritos de Carolina compõem o livro Quarto de Despejo. Além desta, a escritora possui mais quatro publicações: Pedaços de Fome e Provérbios, de 1963; e Diário da Bitita (1982) e Onde Estaes Felicidade (2014), que são publicações póstumas.
Ecio Salles conheceu a obra de Carolina aos 14 anos e, em seu trabalho com a Flupp, no Rio de Janeiro, dá uma nova cara para as festas literárias. “Os autores da Flupp são, em sua maioria, moradores das periferias do Rio, as produções desses escritores vão ao encontro da história de Carolina Maria de Jesus. São relatos da vida nas comunidades, de sonhos e batalhas dessas pessoas que não encontram espaço em grandes editoras.”
O encerramento da roda de conversa com o autor ficou por conta do poeta Rodrigo Ciríaco. O criador da Biqueira Literária recitou sua poesia Vendo Pó…esia, fruto de seu novo trabalho, que faz referência à poesia concreta dos anos 1960 e 1970.