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Curso de programação em parceria com {Parças} Developers School foca a formação profissional e de sujeitos

A formação profissional e de sujeitos está no centro do curso de programação para jovens realizado pela {Parças} Developers School no Galpão ZL, núcleo de Prática de Desenvolvimento Local da Fundação Tide Setubal situado no Jardim Lapena, bairro da zona leste de São Paulo. O foco da iniciativa consiste em preparar estudantes para enfrentar os desafios do mercado tecnológico.

 

Para tanto, a dinâmica das aulas das quais participam 20 estudantes – e que começaram em julho – contempla a transmissão de aspectos elementares sobre computação e programação no início para, aí sim, avançar para conceitos mais densos. E, é claro, de modo próximo ao cotidiano e aos referenciais da turma.

 

“Faço muita questão de que, na minha dinâmica de aula, elas e eles aprendam e treinem. Não quero fazer um curso no qual eu ‘vomite’ matéria, tampouco dar um intensivão – algo como ‘seja programador em um mês’. Quero dar tempo ao tempo e que eles treinem”, comenta Rodrigo Henrique de Felice, professor da turma.

 

Rodrigo destaca, entre outros aspectos, a participação das e dos estudantes durante a aula. “Faço elas e eles interagirem muito comigo durante a aula, senão, enquanto estou falando e concentrado, não saberei o que acontece do outro lado. A dinâmica consiste sempre em participar e estimular a turma a interagir comigo. Levanto e falo com elas e eles, para a nossa dinâmica ser bem fluida – e para não a aula não ser monótona.”

 

Cidadania programada

O uso de recursos tecnológicos ocupa papel central nesse contexto. Desse modo, fatores como o acesso à informação fidedigna e o aprendizado para identificar conteúdos desinformativos. Isso vale também para o letramento, focando em haver relação crítica com a realidade, elemento fundamental quando se fala em tecnologia.

 

Para Kenia Cardoso, coordenadora do Programa Nova Economia e Desenvolvimento Territorial da Fundação Tide Setubal, a relação com o ambiente online precisa ser bem orientada. “É necessário pensar que o acesso e o combate à desinformação consistem em dois processos fundamentais. A formação de sujeitos visa, portanto, olhar para as gerações mais novas. Idem promover, pela tecnologia, formação que estimule ação, exercício da cidadania e combate às desigualdades.”

 

Ainda na trilha da formação profissional e de sujeitos, quando se fala em mercado de trabalho, a tecnologia se tornou uma linguagem, sendo mais do que uma área, para a inserção produtiva. “Promover papel ativo dos territórios periféricos não apenas da formulação ativa de novas tecnologias, mas sobretudo instrumentalizá-las em benefício coletivo, é uma forma de gerar empregos nas comunidades e fora delas”, destaca Kenia.

 

Daniel Gomes da Silva, 22, concorda  com essa perspectiva. “O curso está sendo muito importante para mim, em nível profissional e também em uma questão de lógica. Temos de nos organizar e planejar, assim como executar de várias formas o que isso implementa no nosso dia a dia.” O jovem considera também ser “muito importante estarmos sempre por dentro disso e buscarmos novas experiências e tecnologias que possam vir em nosso benefício.”

 

Mentoria para a formação profissional e de sujeitos

Outro ponto preponderante para a formação profissional e de sujeitos são as  mentorias com as pessoas que fazem o curso da {Parças} Developers School no Galpão ZL. De modo geral, o processo consiste em conversas individuais a cada 15 dias, em média, de alunas e alunos com pessoas voluntárias.

 

Para Carla Cristina, cofundadora e head de Operações e Back Office da {Parças} Developers School, esse é um ponto primordial para as e os estudantes estarem firmes nas aulas. Isso deve-se a, entre outros fatores, contar com alguém disponível para ouvir o que elas e eles têm a dizer sobre como estão se relacionando com o curso e como estão no dia a dia.

 

“Os resultados que posso identificar, por meio das mentorias, abrangem a persistência dos alunos. Trazemos temas específicos para desenvolver com eles. Muitos deles trazem a vivência de casa e da família – e eles compartilham as opiniões deles. Isso, de certa forma, tira o peso e o fardo de suas costas. Ter alguém que possa ouvi-los sem crítica os fazem se sentir mais leves a partir dos diálogos que temos”, pondera Carla.

 

Além disso, outros pontos de destaque consistem em compreender os seus pontos de vista sobre um determinado tema. “A nossa intenção com as mentorias é, além de conhecer mais o jovem e apoiá-lo na formação, é estimulá-lo a entender e expor o ponto de vista de forma respeitosa. Mas, é claro, entendendo que a opinião dele tem grau de importância muito grande”, ressalta Carla Cristina.

 

Vivendo e aprendendo a programar

O salto no aprendizado de quem participa das aulas no Galpão ZL. O relato de Marcos Roberto Morais, 40, é significativo nesse caso. Marcos interessou-se em participar do curso logo quando as inscrições foram abertas e, após conversar com a equipe do Galpão ZL, ingressou como aluno ouvinte. No entanto, pouco tempo depois ele passou a fazer parte da turma integral do projeto.

 

“Como se trata de algo novo, com o qual não estamos acostumados a mexer, são muitas novidades – há diversas informações que ‘pegam’ um pouco. Mas, no decorrer do tempo, fomos nos aprimorando. Por enquanto não tenho nenhuma dificuldade”, comenta.

 

O jovem Vinícius dos Reis Cardoso, 22, concorda com Marcos: “O professor [Rodrigo] explica muito bem. Ele está sempre com a gente, ajudando.” Vinícius, que destacou durante a produção da reportagem sobre o papel da mentoria para o desenvolvimento no curso, falou a respeito de sua evolução durante as aulas – e sobre os passos futuros. “Eu não tinha conhecimento nenhum sobre programação, mas sempre quis aprender. Esse curso me deu oportunidade e espero que eu esteja bem empolgado no final do curso para continuar.”

 

Já Elle de Oliveira Francisco, 21, uniu o útil ao agradável. O interesse em aprender sobre programação dialoga com o seu trabalho como comerciante: a jovem começou a montar um site para vender roupas. “Quando entrei no curso, imaginava ser um bicho de sete cabeças. Quando vi, era algo simples”, comenta. “Estou um pouco ansiosa para ver como vai ser, pois eu não sabia nada sobre programação. Estou aprendendo agora.”

 

Marcos, por fim, planeja usar a programação para fins profissionais – no caso, montar o seu portfólio para o seu trabalho como fotógrafo. “Como trabalho com fotografia, quero criar o meu site. Espero, lá na frente, estar craque para fazê-lo”, finaliza.

 

 

 

Texto e foto: Amauri Eugênio Jr.

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