Cinco livros para mostrar que a visibilidade trans vai muito além de janeiro
Em lembrança ao Dia Nacional da Visibilidade Trans, confira lista com cinco obras escritas por pessoas transexuais e travestis


É necessário reforçar a visibilidade trans todos os dias. Esse debate vai muito além da lembrança ao Dia da Nacional Visibilidade Trans, em 29 de janeiro. Nesse sentido, a data visa promover reflexões sobre a cidadania de pessoas trans, travestis e não-vinárias. E, consequentemente, o dia objetiva combater a transfobia em âmbito social.
Desse modo, a visibilidade trans passa por uma série de dimensões. Um dos mais emblemáticos passa pela segurança e combate à violência. De acordo com relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 122 pessoas trans e travestis foram assassinadas em 2024. Ainda que haja redução ao comparar-se com 2023, quando 145 pessoas desse grupo demográfico foram vitimadas, o Brasil ocupa, pelo 16° ano consecutivo, o vergonhoso ranking de país que mais mata pessoas trans no mundo.
Além disso, a visibilidade trans precisa dar inúmeros passos para alcançar patamares minimamente aceitáveis no mercado de trabalho. Segundo o Datafolha, apenas 0,38% dos postos de trabalho no Brasil em 2024 eram ocupados por pessoas trans.
Desse modo, uma série de setores na sociedade, que incluem os exemplos acima e muitos outros núcleos, como saúde, educação e participação política, precisam contemplar a presença de pessoas trans e travestis.
Assim sendo, essa lógica abrange também o segmento literário. Inclusive, fica o questionamento: quantos livros de autoria de pessoas trans e travestis você já leu? Esse é o questionamento que, inclusive, norteia a produção da lista de cinco obras escritas por pessoas trans e travestis. Confira a seguir a relação de livros que a Fundação Tide Setubal indica para você expandir horizontes.
Em resumo: contratem pessoas trans. Leiam pessoas trans. Valorizem pessoas trans.
Tese Sobre uma Domesticação, de Camila Sosa Villada
Uma atriz trans adota com seu marido, um advogado homossexual, um menino de 6 anos. A criança é soropositiva, não conheceu seu pai biológico e sua mãe suicidou-se quando descobriu que o contagiou com o vírus HIV. A história nos leva a indagar sobre as diversas possibilidades do amor.
Pedagogia das Travestilidades, Maria Clara Araújo dos Passos
A autora registra a luta do Movimento de Travestis e Mulheres Transexuais no Brasil, para assegurar que o Estado perceba essa comunidade como digna e lhe garanta os direitos sociais e políticos.
Velhice Transviada, João W. Nery
Transgênero masculino brasileiro e referência para as gerações atuais e futuras do movimento trans, João W. Nery percebeu como era difícil envelhecer como pessoa trans no Brasil. “Transvelhos” foi o termo que João criou para se referir a pessoas transexuais e travestis que conseguiram ultrapassar a marca dos 50 anos.
Transfeminismo, Letícia Nascimento
Por meio de linguagem acessível e didática, Letícia Nascimento traz ao público geral explicações necessárias sobre os conceitos de gênero, transgeneridade, mulheridade, feminilidade e feminismo.
Monstrans, Lino Arruda
A obra, que consiste em história em quadrinhos, tem caráter autobiográfico e apresenta a trajetória de Lino. Durante a narrativa, Lino conta, com toques de fantasia, experiências de deficiência, lesbianidade e transexualidade. Por meio de conjunto de três histórias, o livro traz narrativas sobre a percepção do próprio corpo. Idem sobre como outras pessoas a veem e a vivência de processos de transformação.