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Escolas públicas exploram a literatura feminina e a temática de gênero trazem suas produções para o Festival do Livro e da Literatura
O 7º Festival do Livro e da Literatura de São Miguel contou com a parceria de 26 escolas públicas e instituições de ensino da região. Gestores, professores e estudantes abraçaram o tema Narrativas de gênero: feminino, feminismo e outras histórias, abordado este ano pelo evento, e realizaram uma série de atividades, debates e intervenções nos […]
O 7º Festival do Livro e da Literatura de São Miguel contou com a parceria de 26 escolas públicas e instituições de ensino da região. Gestores, professores e estudantes abraçaram o tema Narrativas de gênero: feminino, feminismo e outras histórias, abordado este ano pelo evento, e realizaram uma série de atividades, debates e intervenções nos mais variados pontos do território.
A EMEF José Honório Rodrigues, localizada no bairro Itaim Paulista, não ficou de fora do Festival e entre suas ações realizou um sarau com músicas e poesias de autoria dos próprios estudantes do 9º ano. “Durante a organização do sarau, descobri que alguns dos meus alunos tocam violão, guitarra e outros instrumentos, por isso resolvemos compor algumas músicas também. Nós fizemos e refizemos textos, ensaiamos e percebi, nessa atividade, que nossos estudantes têm um olhar crítico sobre a temática da mulher e do feminismo”, contou Eliana Andrade, professora de Língua Portuguesa da escola.
Já Djanira de Souza Correa, professora do 5º ano, resolveu desenvolver com seus alunos o projeto Viajando na HQ. “A ideia surgiu porque a história em quadrinhos é uma linguagem que as crianças conhecem e gostam, e, no projeto, elas poderiam fazer suas próprias histórias. A proposta de tema para as HQs era a mulher na sociedade, mas muitos queriam trabalhar outros temas. Para solucionar essa questão, deixei também a possibilidade de trabalho com tema livre e incentivei o desenvolvimento de histórias em quadrinhos com heroínas em vez dos típicos heróis. E, então, eles adoraram a ideia e começaram a criar”, contou Djanira.
As escolas construíram uma programação diversa com formas diversas de abordagem do tema. “O Festival deste ano – acredito que por causa da temática, que é bem mobilizadora – permitiu mais horizontalidade nas ações desenvolvidas pelas escolas, que encontraram formas de destacar as vozes femininas dentro das suas atividades”, afirmou Inácio Pereira dos Santos Neto, coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal.
Os estudantes da EE Reverendo Urbano de Oliveira Pinto prepararam um sarau para apresentar durante a Roda de Conversa Tendência do Feminismo Atual, que aconteceu no dia 10 de novembro na Praça Fortunato da Silveira, conhecida como Praça Morumbizinho. O encontro contou também com a presença da poetisa Mariana Felix, a escritora Letícia Bahia e a editora Lizandra Magon de Almeida. Os jovens recitaram poesias e músicas escritas por mulheres e as de autoria própria. Entre as intervenções o aluno Ezequias Pereira Lima, 18 anos, dividiu com os presentes um rap feito por ele em homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus. “Tudo me chamou atenção na história de Carolina, porque, como ela, eu também moro e sempre morei em comunidade, sempre morei em favela. Eu conheci sobre Carolina nesse projeto pré-Festival, comecei a ler sobre ela e pesquisar sobre sua vida para produzir alguma coisa para hoje, foi aí que acabei compondo esse rap”, relatou.
A Rádio Bento, da EMEF Professor José Bento de Assis em parceria com os núcleos Ação Família, Mundo Jovem e Comunicação Comunitária, da Fundação Tide Setubal, realizou o programa Conexão Fora Machismo. O Pedágio Poético, da EE Carlos Gomes, e exposições, como, por exemplo, a Exposição e Literatura Black, da EE Deputado João Dória, também integraram a programação da edição 2016 do Festival. “Decidimos trabalhar as biografias das autoras negras brasileiras e conhecemos trabalhos que abordam questões das mulheres, do preconceito e do racismo. Os estudantes gostaram dessa atividade e muitos se surpreenderam com as autoras que conheceram”, contou Ana Paula Gomes, professora de Língua Portuguesa da escola e uma das responsáveis pelo projeto Exposição e Literatura Black.
Ivone Aparecida dos Santos, professora de Educação Artística, também participou do projeto Exposição e Literatura Black e usou como base o texto A menina bonita do laço de fita, de Ana Maria Machado. “Foi muito produtivo porque trabalhei esse texto com os alunos do 6º ano e depois fizemos uma exposição. Os alunos se empenharam muito, conversamos a respeito do feminismo e da posição da mulher negra na sociedade. Eles conseguiram entender as dificuldades que as mulheres têm no mundo em que nós vivemos”, garantiu a docente da EE Deputado João Dória.