Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Fórum de Moradores organiza pleitos junto ao poder público e obtém conquistas
Desde 2009, o Fórum dos Moradores do Jd. Lapenna e adjacências abre espaço para debates regulares, afim de solucionar problemas locais. A iniciativa já rendeu bons frutos em diversas frentes
Segunda-feira, 11 de março, 9h30, e o Galpão de Cultura e Cidadania está movimentado. Dezenas de pessoas se acomodam nas cadeiras organizadas em semicírculo para mais uma reunião mensal do Fórum de Moradores. Na pauta do dia, três temas fundamentais: saúde, moradia e transporte. Há quatro anos, a Fundação Tide Setubal deu início às práticas de mobilização de moradores do Jd. Lapenna e região por meio desse tipo de encontro. A construção de uma creche e de uma UBS estão entre os resultados de maior expressão.
Maikelly Burgues, de 22 anos, agente comunitária e moradora da localidade, é uma das primeiras a falar. Ela conta aos presentes os benefícios das visitas periódicas das agentes de saúde do programa Estratégia de Saúde da Família (ESF). “Passamos nas casas e explicamos sobre medidas preventivas de saúde. A divulgação dos problemas por meio do Fórum também ajuda muito. Os moradores estão se cuidando mais e se relacionando melhor”, afirma.
A UBS do Jd. Lapenna ainda está abrigada em instalações provisórias, mas faz parte das conquistas dessa grande roda de diálogo e mobilização. O poder público ouviu o apelo público e levou médicos e agentes de saúde para um trabalho de orientação e atendimento periódico. Os moradores continuam cobrando a construção de um equipamento de saúde definitivo, capaz de atender melhor às demandas da localidade.
Desapropriação e transporte
A reunião prossegue com o apoio do coordenador do Núcleo de Comunicação Comunitária da Fundação Tide Setubal, José Luiz Adeve. De microfone em punho, ele vai estimulando as pessoas a se manifestarem sobre os assuntos que já haviam sido programados pelos próprios moradores. Quinze dias antes, eles decidiram a pauta numa reunião menor, chamada Ajuntório, cuja missão é estabelecer temas prioritários para o Fórum seguinte. “Esse trabalho tem motivado a disposição para pensar, propor e agir. O olhar vai além do individual. Há um ambiente favorável ao saber integrar, a estimulá-los a fazer juntos”, observa.
A desapropriação de um terreno pela CPTM na Vila Gabi entra em discussão e o debate esquenta. Amarildo da Silva Santos, de 33 anos, explica a todos a situação. Para concluir uma nova estação de trem muito importante para toda a comunidade, uma área onde moram 11 famílias deve ser desapropriada. Representados por Amarildo, em sua primeira vez no Fórum, o grupo foi pedir apoio e abrir o problema para o debate. Afinal, a estação também é de suma importância para todos, que querem vê-la funcionando o mais rápido possível.
Outros líderes posicionam os presentes a respeito da última visita técnica do Secretário de Habitação e falam sobre os problemas das invasões na região. Há quem reclame de gente que se coloca de maneira oportuna, em terrenos em vias de serem desapropriados, na expectativa de lucrar algo na hora em que os moradores passarem a ser cadastrados.
Mesmo diante de tanta polêmica, Amarildo segue confiante. Segundo ele, esse encontro lhe deu disposição para continuar em contato com os representantes da CPTM e da Secretaria de Habitação. Ao fim da reunião ele participou da elaboração de uma carta à CPTM, detalhando as dificuldades e necessidades em relação ao assunto. “É muito importante termos a segurança de compartilhar ideias sobre as soluções dos nossos problemas. A união faz a força para mantermos a região em bom estado”, reflete.
Todos os coordenadores de projetos da Fundação contribuem para o trabalho do Fórum. Lúcia Saboya Amadeo, coordenadora do Núcleo Ação Família, conta que a participação crescente e constante da comunidade estimula a busca por mais resultados. “A construção da creche e o encaminhamento da UBS são frutos dessa conversa de muitas vozes”, diz. “Nosso objetivo é trazer pessoas protagonistas nos assuntos para essa conversa e trabalhar o coletivo; mostrar que o problema do próximo também pode ser de todos no futuro e reforçando a política de valorização do bairro”, conclui.