Fundação Tide Setubal lança projeto Elas Periféricas
Em seus 12 anos de atuação, a Fundação Tide Setubal sempre buscou o fazer junto, atuando em parceria com outras organizações e trabalhando para o fortalecimento de agentes locais em periferias urbanas. Agora, a Fundação lança o projeto Elas Periféricas, que tem como principal objetivo apoiar iniciativas de mulheres negras das periferias de São Paulo, […]
Em seus 12 anos de atuação, a Fundação Tide Setubal sempre buscou o fazer junto, atuando em parceria com outras organizações e trabalhando para o fortalecimento de agentes locais em periferias urbanas. Agora, a Fundação lança o projeto Elas Periféricas, que tem como principal objetivo apoiar iniciativas de mulheres negras das periferias de São Paulo, assim como os territórios em que elas estão inseridas.
Na entrevista abaixo, o coordenador da Fundação Tide Setubal Wagner Luciano Silva, o Guiné, explica como funcionará o projeto, que ainda está em sua etapa piloto e selecionará até cinco dos 37 projetos previamente mapeados.
Por que a Fundação Tide Setubal criou o novo projeto de apoios este ano?
A criação da iniciativa teve início a partir das mudanças na missão da Fundação, que passou a atuar também em outros territórios da cidade depois de 10 anos em São Miguel Paulista (Zona Leste de São Paulo). Assim, passamos a ter o objetivo de contribuir com o fortalecimento de iniciativas, lideranças e empreendedores de outras periferias urbanas que tenham um trabalho voltado para a redução das desigualdades.
Iniciamos um processo interno de planejamento para pensar na melhor forma de fazer essa expansão e levar esses apoios para outros territórios. Nós pensamos emduas estratégias: fortalecer iniciativas em territórios periféricos por meio de investimento direto e também desenvolver um programa de apoios que pudessem fortalecer iniciativas periféricas e negócios sociais em estágio intermediário de desenvolvimento e que estão de alguma forma inviabilizadas nos territórios. O projeto Elas Periféricas entra nessa segunda categoria.
Como funcionará o Elas Periféricas?
O Elas Periféricas é uma iniciativa de apoio técnico e financeiro piloto. Ele surge como uma chamada de projetos para fortalecer iniciativa de mulheres negras nas periferias da cidade. Esperamos com esta iniciativa de apoio potencializar as narrativas periféricas com recorte de gênero e raça e contribuir para o desenvolvimento das iniciativas apoiadas.
Como esta chamada de projetos é um piloto a participação será feita por meio de uma carta-convite às iniciativas que mapeamos durante o processo de construção do regulamento. No final de todo o processo de análise, iremos contemplar 5 iniciativas que receberão um aporte financeiro e um acompanhamento para o desenvolvimento das suas atividades.
O que motivou o foco em iniciativas de mulheres negras periféricas?
Para criar o Elas Periféricas,desenvolvemos um processo de cocriação com jovens lideranças e coletivos periféricos num trabalho cuidadoso de escuta em diferentes territórios da cidade. Optamos por essa construção tentando encontrar um modelo que pudesse realmente estar em equilíbrio com às expectativas dos envolvidos no processo. Inicialmente, havia apenas o desejo de fortalecer iniciativas periféricas de uma forma em geral, mas ao longo do processo de cocriação escutamos que um público em especial, o de projetos liderados por mulheres negras apresentavam dificuldades para acessar recursos para o desenvolvimento das suas ações. Entendemos que ali havia uma janela de oportunidade de apoio às atrizes que desenvolvem essas iniciativas.
A partir desse momento optamos por direcionar o investimento de recursos para iniciativas de mulheres negras, em grande parte movidos pelo processo histórico de racismo e violências vivido por essas mulheres no país e no mundo. Nós temos um grande número de mulheres na base da pirâmide que empreendem ideias por meio de iniciativas potentes e criativas, porém quando você realmente faz um filtro, aquelas que geralmente não conseguem acessar recursos e outras redes de financiamento são as mulheres negras. Focar apenas em iniciativas de mulheres com este perfil foi também uma forma de valorizar a potência e criatividade e fortalecendo essas narrativas na busca pela superação das desigualdades de gênero e raça na sociedade.
Como é o processo seletivo da Elas Periféricas este ano?
Nesse primeiro momento da Elas Periféricas, ainda piloto, realizamos uma chamada fechada por meio de carta-convite, convidando as iniciativas mapeadas para participar da seleção, e no final serão contempladas até 5 iniciativas.A estratégia para poder chegar as 37 iniciativas partiu de uma colaboração de atrizes e atores periféricos que participaram do processo de cocriação do Elas Periféricas, bem como da rede de parceiros da Fundação Tide Setubal.
Nós entendemos que essas pessoas têm no radar diversas iniciativas, muitas vezes invisibilizadas para financiadores e apoiadores de projetos. Em seguida, começamos a buscar organizações parceiras da Fundação que também atuam junto a iniciativas periféricas, para que pudessem indicar projetos. Esse processo de consulta e escuta foi importante para chegarmos em iniciativas, inclusive de territórios com os quais não tínhamos atuado.
Agora, as iniciativas convidadas tem um prazo para sinalizar se desejam participar do processo da Elas Periféricas, fornecerão mais informações e, no final do processo, uma banca composta por mulheres negras que que atuam no campo social e de direitos humanos e por integrantes da Fundação Tide Setubal escolherá os contemplados.
Que critérios foram usados para a seleção das iniciativas que receberam a carta-convite?
Receber a carta-convite não significa que a iniciativa está aprovada, mas que está mais apta ou apresenta mais condições de atender a demanda de apoio da Fundação Tide Setubal. Nós pensamos em critérios que respondam aos objetivos desta chamada como, por exemplo, tenham origem e atuação em territórios periféricos da cidade de São Paulo, que tenham ação coletiva ou trabalho em rede e que tenham potencial de transformação social no território. Nesta chamada buscamos iniciativas que atuem com comunicação e tecnologia, negócios socioambientais e participação social.
Como será o apoio recebido pelos projetos selecionados?
A Elas Periféricas é composto por um apoio financeiro para as iniciativas, que varia de R$10 mil a R$20 mil, mas vai além. Teremos também formações pensadas a partir daquilo que os coletivos demandarem, sobretudo no que diz respeito à gestão de projetos, aspectos jurídicos e administrativos e referentes à comunicação das iniciativas. Além disso, estão previstas mentorias para que as lideranças das iniciativas para que possam se desenvolver ainda mais, pensando na perenidade de suas ações.
Haverá um edital aberto do projeto em algum momento?
Para 2019, após ajustes que se mostrem necessários, pretendemos fazer um processo público para atender um número maior de iniciativas na cidade.
Clique nos links abaixo para ler o regulamento e as informações gerais sobre o Elas Periféricas.
https://fundacaotidesetubal.org.br/userfile/files/20180891 – Quadro-resumo (1).pdf