Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Nossa Zona Leste completa um ano de mobilização pelo desenvolvimento da região
No dia 18 de agosto de 2008, cerca de 500 pessoas se reuniram no Salão Golden House, no bairro da Penha, zona leste da capital paulista, para assistir ao primeiro debate realizado com os então candidatos à prefeitura de São Paulo. Na ocasião, oito dos 11 concorrentes compareceram. A promoção do evento foi uma iniciativa […]
No dia 18 de agosto de 2008, cerca de 500 pessoas se reuniram no Salão Golden House, no bairro da Penha, zona leste da capital paulista, para assistir ao primeiro debate realizado com os então candidatos à prefeitura de São Paulo. Na ocasião, oito dos 11 concorrentes compareceram. A promoção do evento foi uma iniciativa do Movimento Nossa Zona Leste, que, simbolicamente, nascia naquela data – há um ano.
Desde então, esse Movimento se fortalece e aglutina moradores, líderes comunitários, entidades e associações de bairro em torno de uma mesma proposta: discutir problemas e propor soluções para o desenvolvimento da região, além de reivindicar e fiscalizar as ações estabelecidas no Plano de Metas da Prefeitura de São Paulo para a chamada Zona Leste II – a qual compreende bairros e distritos de sete subprefeituras: Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo, Guaianazes, Itaim Paulista, Itaquera, Penha e São Miguel Paulista.
Ainda durante as eleições, mais precisamente no mês de setembro de 2008, o Nossa Zona Leste divulgou as principais propostas do movimento aos candidatos, reivindicando medidas governamentais nas áreas da educação (creches, escolas, universidades), da saúde (hospitais, ambulatórios) e da geração de emprego (implantação de um parque industrial na região).
Essa articulação da sociedade civil na zona leste da capital paulista foi inspirada no Movimento Nossa São Paulo (http://www.nossasaopaulo.org.br/), uma organização igualmente apartidária e interreligiosa.
O padre Antônio Luiz Marchioni, o Pe. Ticão, é hoje um dos principais articuladores do Nossa Zona Leste. “Nos últimos anos, estava havendo uma fragmentação dos movimentos sociais. Mas com a nova Lei do Plano de Metas surgiu uma certa empolgação no sentido de articular novos movimentos. É a primeira vez que uma administração é obrigada a registrar as propostas para a cidade. O Nossa São Paulo e o Nossa Zona Leste são um grande avanço político para fiscalizar essas metas”, explica.
Hoje, cerca de 40 instituições apóiam o Nossa Zona Leste, entre elas a Fundação Tide Setubal, cuja missão é contribuir para o desenvolvimento, tendo como eixo articulador o empoderamento da comunidade.
“Nossa participação no Nossa Zona Leste contribui para uma nova maneira de fazer: uma atuação apartidária, transparente, sem uma verdade absoluta”, afirma Maria Alice Setubal, presidente da Fundação Tide Setubal. “Temos como principio fazer ‘com’ a comunidade e não ‘para’ a comunidade. Nesse sentido, nosso papel tem sido mediar e articular a construção de novas relações, mais participativas, reivindicativas, se distanciando da política dos favores”, explica.
Fiscalização do Plano de Metas
Neste primeiro ano de atuação, o Nossa Zona Leste tem fiscalizado regularmente as propostas estabelecidas pelo prefeito Gilberto Kassab no Plano de Metas, com foco nas questões da região leste da capital, e promove debates e encontros entre os participantes. Na avaliação de Luís França, um dos fundadores do Nossa Zona Leste, “o primeiro grande avanço é formativo, ou seja, no sentido de estabelecer uma nova forma de participação e o fortalecimento da sociedade civil para fiscalizar o poder público”. Para ele, é importante ressaltar que o Nossa Zona Leste não exclui outros movimentos e associações. “Ao contrário, agregamos entidades e líderes comunitários dentro de uma mesma proposta, a de promover o desenvolvimento de toda a região”.
Maria Alice Setubal enfatiza a importância do Nossa Zona Leste como espaço de participação comunitária nas questões locais. “Um dos desafios tem sido conectar as questões de bairro às questões da cidade, numa relação maior com as políticas públicas. O Nossa Zona Leste busca estabelecer esse diálogo, porque assim é possível potencializar as ações”, explica. Ela adianta que esse é um longo caminho. “Estamos trabalhando para a cidadania, para a autonomia e para o empoderamento da comunidade. É só o começo, e vamos avançar nos encontros e nas discussões. Envolver as pessoas nesse processo requer muitas etapas, de capacitações e reflexões”, reforça Maria Alice.
Para Maurício Broinizi Pereira, secretário-executivo do Nossa São Paulo, o objetivo dessa articulação é fortalecer a sociedade civil para que São Paulo se torne mais justa e sustentável. “O Nossa Zona Leste foi o primeiro movimento regional a se organizar. Portanto, é um modelo exemplar para outras regiões da cidade, um instrumento de mobilização e educação cidadãs, que exerce o controle social das administrações públicas, visando à melhoria da qualidade de vida”.
Despoluição do Tietê
Entre as propostas do Nossa Zona Leste para o desenvolvimento da região está o projeto de uma universidade federal, com pelo menos 15 mil vagas, e a despoluição do rio Tietê. “Nossa preocupação é que a implantação do Parque Várzeas do Tietê seja feita com respeito à dignidade das pessoas, pois existem muitos moradores no entorno”, afirma Luís França, referindo-se ao projeto do governo do Estado, lançado em 20 de julho de 2009, que vai criar o maior parque linear do mundo, às margens do Tietê (desde a nascente, em Salesópolis, até o bairro da Penha, na zona leste).
Entre as propostas do Nossa Zona Leste para o desenvolvimento da região está o projeto de uma universidade federal, com pelo menos 15 mil vagas, e a despoluição do rio Tietê. “Nossa preocupação é que a implantação do Parque Várzeas do Tietê seja feita com respeito à dignidade das pessoas, pois existem muitos moradores no entorno”, afirma Luís França, referindo-se ao projeto do governo do Estado, lançado em 20 de julho de 2009, que vai criar o maior parque linear do mundo, às margens do Tietê (desde a nascente, em Salesópolis, até o bairro da Penha, na zona leste).
Nesse contexto, Pe. Ticão lembra que os milhões em investimento podem dar cabo de antigos problemas, porém, requerem atenção redobrada. “Esse parque é uma grande reivindicação nossa, mas é preciso resolver a questão da regularização de terrenos, pois milhares de famílias moram em áreas de mananciais”, afirma o padre. Ainda na pauta das reivindicações, ele lamenta o fato de não existir um memorial na zona leste. “A nossa região não tem museus e esse também é um ponto importante a reparar.”
Cartilha e seminário
Numa iniciativa conjunta do Nossa Zona Leste com o Nossa São Paulo, uma cartilha especial com as metas da prefeitura para a região Leste II deverá ser distribuída gratuitamente à comunidade nos próximos meses. Metas da Prefeitura de São Paulo para a gestão 2009-2012 sairá com tiragem de 10 mil exemplares.
“A publicação será um instrumento de acompanhamento para que a população e as lideranças comunitárias cobrem do poder público o que está nas metas e também o planejamento daquilo que, embora não esteja no programa, seja uma necessidade da região”, explica Maurício Pereira, do Nossa São Paulo. Ele reforça a importância do trabalho em conjunto. “É essencial que cada entidade, como a Fundação Tide Setubal e a paróquia do Pe. Ticão fortaleça essas iniciativas para criar ainda mais sinergia e, assim, avançar nas reivindicações da população.”
Está prevista para setembro a realização, em parceria com a Fundação Tide Setubal, de um seminário de formação, com painéis, grupos de trabalho e palestrantes convidados de diferentes áreas (educação, habitação etc.), para promover a reflexão e o diálogo entre a população da zona leste sobre questões essenciais ao desenvolvimento local.