Novo edital do Matchfunding Enfrente abre inscrições para ações de longo prazo
Por Daniel Cerqueira Enfrentar as desigualdades, agora ampliadas como consequência da pandemia Covid-19, é uma tarefa que demanda ações em diferentes frentes. Se por um lado são importantes ações emergenciais como o auxílio de R$ 600, aprovado pelo Congresso Nacional em abril, doações de cestas básicas ou, ainda, oferecer produtos de higiene e […]
Enfrentar as desigualdades, agora ampliadas como consequência da pandemia Covid-19, é uma tarefa que demanda ações em diferentes frentes. Se por um lado são importantes ações emergenciais como o auxílio de R$ 600, aprovado pelo Congresso Nacional em abril, doações de cestas básicas ou, ainda, oferecer produtos de higiene e proteção, por outro, ações estruturantes e de médio e longo prazo não podem serem deixadas de lado.
Pensando nisso, a Fundação Tide Setubal e a plataforma Benfeitoria lançam uma nova etapa do Matchfunding Enfrente com o olhar para o impacto nas questões sociais decorrentes dos efeitos da pandemia. Pesquisa publicada em 15 de junho pelo Medida SP mostra que 66% das mortes de Covid-19 na grande São Paulo são de pessoas que viviam em bairros com salários médios abaixo de R$ 3 mil, enquanto 21% ocorreram em locais com renda de até R$ 6.500, evidenciando o efeito perverso nas populações que há décadas sofrem com as diferenças de investimento e oportunidades e, consequentemente, com as desigualdades socioespaciais.
O novo edital, lançado em 20 de julho, selecionará 15 projetos para participar do financiamento coletivo Enfrente, por meio do qual poderão receber, cada um, R$ 90 mil para o primeiro ano de suas ações.
Como funciona o Matchfunding Enfrente
Lançado em 2019, o Matchfunding Enfrente tinha como principal objetivo contemplar variadas formas de intervenções que buscassem combater as desigualdades nas periferias urbanas de todo o país por meio de uma vaquinha turbinada na qual um fundo triplica cada real doado por pessoas físicas. Em março, o edital sofreu uma alteração e os projetos selecionados deveriam estar relacionados à crise de saúde que o Brasil começava a viver à época.
O Fundo Enfrente tem como parceiros da Fundação Tide Setubal e da Benfeitoria o Itaú Social, Instituto Galo da Manhã, Fundação Arymax e Instituto Humanize. Durante a fase de apoio a iniciativas no combate aos efeitos da Covid19, o fundo distribuiu mais de R$ 7 milhões para 265 ações e projetos cadastrados e selecionados na etapa anterior do matchfunding e distribuídos por todos os Estados, exceto o Amapá. Além destes integrantes, para essa nova etapa, o fundo poderá receber recursos de outras entidades que queiram se incorporar a essa causa.
Wagner Silva (Guiné) é coordenador de Fomento da Fundação Tide Setubal e responsável pelo andamento do edital. Guiné conta que agora, neste novo edital, o que se almeja é “fortalecer iniciativas e soluções das periferias para problemas surgidos ou agravados a partir da pandemia e que tenham potencial de escala e durabilidade para, quem sabe, virem a ser incorporadas pelo poder público e iniciativa privada em outros territórios.”
Assista ao bate-papo para esclarecimento de dúvidas sobre o Matchfunding Enfrente
Projetos estruturantes para mudanças em longo prazo
Para esta segunda chamada de 2020, o edital convoca agentes locais das periferias brasileiras que busquem soluções de longo prazo para o enfrentamento de problemas urbanos, sociais e econômicos. As 15 propostas selecionadas deverão realizar ações que promovam a melhoria das condições de vida dos territórios periféricos e fortaleçam suas capacidades de reação em períodos de crise.
Os projetos devem ter planejamento de três anos com etapas que incentivem ações articuladas com diferentes atores como parcerias locais, iniciativa privada, universidades e institutos de pesquisa, redes públicas de educação, saúde, etc). Com consultoria da Benfeitoria, a cada ano será lançada uma captação de R$ 30 mil na plataforma, que serão acrescidas de outros R$ 60 mil pelo fundo.
Yasmin Youssef, coordenadora dos programas de matchfunding da Benfeitoria, explica que: “os projetos captarão anualmente para cada etapa e, durante esses três anos, desenvolverão seus planejamentos de escalabilidade e de ampliação do seu impacto sendo acompanhados pela Fundação.”
Podem participar coletivos, pessoa física, pessoa jurídica de direito privado (com ou sem fins lucrativos) desde que tenham sido idealizadas e/ou que sejam lideradas por pessoas que tenham nascido e/ou vivido em periferias urbanas brasileiras e/ou em outras áreas urbanas em contexto periférico.
As inscrições vão até 30 de agosto de 2020 e o resultado será divulgado na primeira quinzena de outubro. Entre os diversos critérios presentes no regulamento, disponível em benfeitoria.com/enfrente, estão os de representatividade de raça, gênero e região do país será um diferencial, bem como os que tenham ações bem articuladas com diversas organizações e parcerias locais.