O que o ISP pode fazer pela equidade racial?
O segundo episódio da série "Caminhos: Trilhas Coletivas pela Equidade Racial" mostra o que o ISP pode fazer pela equidade de raça e gênero.
Os percalços existentes nas trajetórias de lideranças negras vêm à tona de maneiras diversas. A maioria corresponde a barreiras financeiras quando se fala em desenvolver as suas respectivas carreiras e projetos. Como consequência, os impactos consistem em dificuldades para acessar financiamentos e investimentos necessários para criar e expandir negócios, projetos sociais e outras iniciativas importantes. Um questionamento vem à tona nesse contexto: o que o ISP pode fazer pela equidade racial?
Esta pergunta dá o tom do segundo episódio da série Caminhos: Trilhas coletivas pela Equidade Racial. Nesse sentido, o episódio mostra o papel do apoio financeiro para lideranças negras e de trajetória periférica poderem ter acesso a oportunidades diversas em igualdade de condições. Logo, trata-se de uma forma importante de combater a desigualdade racial e colaborar com o fortalecimento dessas pessoas. Isso pode ajudar a criar oportunidades mais justas e equitativas para essas lideranças e, por consequência, contribuir para um mundo mais justo e igualitário.
Os dados a seguir dão sinais sobre o que o ISP pode fazer pela equidade racial e para enfrentar as demais modalidades de exclusão. De acordo com o Censo Gife 2020, 81% das organizações não contavam com projetos ou programas com foco em mulheres – essa proporção chegou a 86% quanto à raça e a 95% no que diz respeito à população LGBTQIAP+.
Assista ao segundo episódio da série Caminhos: Trilhas Coletivas pela Equidade Racial
Para além da superfície
Quando se fala em ações da porta para dentro, o cenário é igualmente simbólico. Segundo o mesmo Censo Gife 2020, 30% das organizações têm, respectivamente, políticas de promoção de diversidade e inclusão com foco em raça e gênero. Ainda, 22% as têm para o público LGBTQIAP+ e 11%, para pessoas com trajetória periférica.
Não é o bastante? De acordo com o mesmo levantamento, 70% de fundações, institutos e empresas não têm metas ou cotas para contratação de públicos específicos – desse modo, 9% têm ações voltadas para raça e gênero, respectivamente, e 5% desenvolveram tanto para o público LGBTQIAP+, como para pessoas com trajetória periférica.
Ou seja: são muitas as possibilidades sobre o que o ISP pode fazer pela equidade racial. Logo, um ponto estratégico para mudar esse cenário passa por rever as estruturas internas das organizações, como aponta no episódio Viviane Soranso, coordenadora do Programa Raça e Gênero da Fundação Tide Setubal.
“[É necessário] lembrar que o campo do investimento social privado é feito, na sua grande maioria, por pessoas brancas. Como provocar esse campo, essas pessoas, para que olhem para a sua branquitude e comecem a discutir e refletir sobre os seus privilégios e o seu lugar? Mas [é necessário] sair do lugar só da reflexão e ir para a prática. É algo que venho [estando] um pouco angustiada nos últimos tempos”, explica.
Dentro desse cenário, as ações para transformar esse cenário requerem urgência. “A gente tem de ser radical. Se a gente não for radical, vai demorar. Não dá para dizer também: ‘veja bem, é o seu tempo de aprendizado e está tudo bem’. Em geral, quem quer o tempo de aprendizado são as pessoas brancas, obviamente”, destaca Cassio França, secretário-geral do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife).
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Dê o play!
Com quatro episódios, a série Caminhos: Trilhas coletivas pela Equidade Racial, que foi coproduzida por Fundação Tide Setubal, por meio da Plataforma Alas, e Bonita Produções, mostra os caminhos já percorridos por lideranças negras em áreas diversas. Os episódios destacam também quais desafios precisam ser superados e ações que precisam ser colocadas em prática com esse foco.
Assim sendo, assista aos episódios na playlist a seguir.
Texto: Amauri Eugênio Jr. / Foto: WOCInTech / Nappy