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Home > FundacaoTideSetubalEntrevista > Notícias

Para haver uma democracia plena e forte, é necessário haver democracia para todos – Fundação Tide Setubal entrevista Bianca Santana

Por Amauri Eugênio Jr. / Foto: João Benz     Se há uma certeza sobre dialogar com Bianca Santana, essa é de que a conversa será enriquecedora. Doutora em ciência da informação pela Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP), e militante da UNEAfro Brasil, Santana é autora da biografia […]

28 de julho de 2021
Imagem de Bianca Santana. Ela usa um vestido grená e tem cabelos cacheados e que formam um corte black power. Ela está ao lado de uma placa de rua com o nome de Marielle Franco, situada à direita da imagem, e à frente de uma estante com diversos livros. Imagem de Bianca Santana. Ela usa um vestido grená e tem cabelos cacheados e que formam um corte black power. Ela está ao lado de uma placa de rua com o nome de Marielle Franco, situada à direita da imagem, e à frente de uma estante com diversos livros.

Por Amauri Eugênio Jr. / Foto: João Benz

Se há uma certeza sobre dialogar com Bianca Santana, essa é de que a conversa será enriquecedora. Doutora em ciência da informação pela Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP), e militante da UNEAfro Brasil, Santana é autora da biografia Continuo Preta: A Vida de Sueli Carneiro e do livro Quando Me Descobri Negra.

Durante entrevista à Fundação Tide Setubal, Bianca Santana falou sobre o processo para a produção da biografia sobre a vida e obra da filósofa Sueli Carneiro, fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra e conselheira da Fundação Tide Setubal, e da criação da Casa Sueli Carneiro, projeto do qual a biógrafa é diretora-executiva.

Ainda, a autora foi contundente ao falar sobre o papel central que raça e gênero têm para a formulação de políticas públicas e de iniciativas das OSCs voltadas ao enfrentamento das desigualdades, da urgência da defesa da democracia e da imprensa – mas sem deixar de lado os erros que veículos hegemônicos cometem na cobertura sobre a violência sistêmica contra a população negra e das periferias urbanas.

Confira a seguir o diálogo com Bianca Santana.

O Continuo Preta apresenta um trabalho minucioso de pesquisa. Para você, qual é a importância de celebrar a trajetória de Sueli Carneiro em vida ao ouvi-la falar sobre a obra dela e a vivência dela?

Ouvir Sueli Carneiro tem uma dimensão intergeracional que parece bonita e importante e é típica de como acontecem os processos de formação do movimento negro brasileiro e do movimento de mulheres negras – o aprendizado pela oralidade é bastante comum. A própria Sueli Carneiro conta como ela aprendeu, em muitos momentos, em rodas, em trocas. Tive a riquíssima oportunidade de conviver com ela por muitas horas e ouvi-la falar sobre sua história e trajetória, mas também sobre a história do movimento e do Brasil.

Muitas vezes, as pessoas são homenageadas depois que elas não estão mais entre nós. Isso é horrível, porque não têm a oportunidade de receber o nosso agradecimento e homenagens por tudo o que elas construíram por todas(os). Por isso é tão importante homenagear as pessoas e agradecê-las em vida, assim como mostrar a elas o que a gente interpreta da própria trajetória delas. Em alguns momentos, ouvi de Sueli: “Nossa! Que interessante saber as suas leituras sobre determinada situação.”

Tenho certeza de que ela receber reconhecimento de muitas pessoas, em muitos contextos e lugares diferentes, é algo que a faz ter a sensação de que valeu a pena e a permite entregar para nós ainda mais elaborações a partir do reconhecimento e gratidão de tudo o que ela já fez. Celebrar Sueli Carneiro agora é um presente também para ela.

Em que momento, enquanto produzia o Continuo Preta, você se deu conta de que a antiga casa de Sueli Carneiro tinha de ser o local para abrigar a obra e o legado de dona Sueli? E como é estar à frente do desenvolvimento da Casa Sueli Carneiro?

Nas entrevistas com ela existia uma personagem muito fundamental, que era a casa da Gioconda¹. É assim como Sueli Carneiro se referia à casa onde viveu por cerca de 40 anos, onde ela viveu com Maurice, com quem já foi casada e hoje é um grande amigo, e com a filha, Luanda. Dona Eva, mãe de Sueli, morou ali, e a irmã dela, Solimar, e uma série de ativistas do movimento negro que precisavam de abrigo passaram por aquela casa.

Muitas coisas importantes aconteceram ali. É uma casa muito rica e muito mencionada por outros ativistas quando os entrevistei para a biografia. Isso foi me deixando cada vez mais curiosa sobre essa casa, que é personagem central da biografia de Sueli Carneiro.

Fiquei encantada com o quanto de presença de Sueli Carneiro ainda está encanada naquele lugar, mesmo que não vivesse ali por uns dois anos. As estantes repletas de livros, a maior parte do referencial bibliográfico que Sueli utilizou e dos textos dispostos naquelas estantes, arquivos repletos de fotografias, arquivos de jornais, cartas e documentos. O próprio Ogum² de Sueli Carneiro está assentado lá – há assentamento de candomblé naquela casa. É uma energia forte e é um lugar importante, muito vivo, habitado.

¹ Casa onde Sueli Carneiro morou por anos, situada na rua Gioconda Mussolini, no Butantã

² Ogum é o orixá de cabeça de Sueli Carneiro

Como você considera que os relatos sobre a sua vivência em Quando Me Descobri Negra têm potencial para influenciar e empoderar mais mulheres negras no processo de autodescoberta delas também?

Fico muito honrada a cada vez que encontro ou leio alguém dizendo que o Quando Me Descobri Negra foi muito importante para confrontar a própria identidade racial, para pensar, formular um não-lugar que pessoas negras experimentam no Brasil. Eu não tinha essa consciência quando publiquei o livro. Eu inicialmente escrevia para um blog – para mim, os textos pareciam íntimos e pessoais. Fui convidada para organizar uma obra com alguns daqueles relatos.

Eu ainda não havia elaborado o quanto a escrita individual é também coletiva e o quanto compartilhar as nossas experiências ajudam outras pessoas. Colocar em palavras sobre descobrir ser negra não diz respeito apenas a mim, mas a tantas(os) de nós. Não é um livro teórico, analítico ou interpretativo: ele narra experiências e vivências. Hoje, eu tenho muita noção do quanto essas vivências são coletivas. Fico muito honrada por poder contribuir com as pessoas que assim percebem, que têm a sensação de que a minha escrita também contribuiu com a caminhada delas.

Imagem de Bianca Santana falando em um evento organizado antes da pandemia de Covid-19. Ela segura um microfone com a mão direita e com a mão esquerda segura folhas apoiadas também em uma perna. Ela usa uma blusa preta e uma camiseta amarela com estampas pretas e brancas. O fundo tem pouca iluminação.

Bianca Santana (Foto: arquivo pessoal)

Em sua opinião, como setores diversos da sociedade civil devem agir para defender e incentivar a liberdade de imprensa e, de alguma maneira, blindá-la contra arroubos que cada vez mais se tornam mais autoritários?

As liberdades de expressão e de imprensa são pilares para que outros direitos sejam garantidos ou conquistados. Sem liberdade de expressão não há nenhuma possibilidade de as pessoas se organizarem politicamente. Sem liberdade de imprensa, o poder não é questionado e fiscalizado – denúncias não são possíveis. Não é à toa que governos autoritários atacam as liberdades de expressão e de imprensa, porque ali são menos questionados. E, com isso, não há democracia.

O que me parece mais grave no que a gente vive é: com ataques constantes às liberdades de expressão e de imprensa, a gente se desarticula. Mesmo que não percebamos, minamos as possibilidades de interação com a realidade, de organização para o enfrentamento, ocupar as ruas, conquistar uma educação melhor, para conquistar moradia. Todos os direitos assegurados pela Constituição e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos ficam em risco se não conseguimos nos expressar e se a imprensa não consegue cumprir o seu papel: fiscalizar o poder público.

Como você considera que as grandes redações perdem, em termos de qualidade editorial, identificação social e credibilidade com os baixos níveis de representatividade entre os profissionais?

A comunicação no Brasil é muito concentrada: os grandes veículos pertencem às elites econômicas, que muitas vezes têm proximidade grande com a elite política. Isso acontece também porque quem toma as decisões são homens brancos. Quando esse poder está minimamente dividido, há ali algumas mulheres, mas pouquíssimas pessoas negras – isso resulta em  jornalismo desconectado da sociedade. Isso não só é terrível para a maior parte da população, que é negra, como também para o jornalismo e para toda a sociedade, pois não conseguimos enxergar quem de fato somos. Quando o jornalismo pega a manchete da [área de] Relações Públicas da Polícia Militar, por exemplo, coloca na manchete e justifica a execução de pessoas, vê-se a construção de uma narrativa que privilegia setores dominantes.

Quando o movimento negro afirma que o genocídio negro existe, ele faz com parâmetros em normas internacionais com o número de execuções que ocorrem no Brasil. É sempre bom lembrar que aqui não há pena de morte, mas a própria polícia executa pessoas, sejam criminosas ou não, dentro de suas casas, nas ruas, em qualquer horário. Mulheres grávidas, caminhando com as avós à tarde, levam tiros e são assassinadas.

Em vez de pensar na notícia com contexto e dizer quanto isso é absurdo, a imprensa relativiza e fala em troca de tiros – que não têm testemunhas, só porque a polícia diz que foi e que estava se defendendo. Que imprensa é essa, que não questiona, não investiga e compra a versão oficial? É um desserviço não apenas para a população negra, mas para todas(os) nós, que não conseguimos compreender o que está acontecendo.

Você considera estratégico e urgente as OSCs reconhecerem o papel central que a subjetividade de raça e gênero têm na sociedade, para essas organizações e grupos evoluírem o modo como atuam?

É curioso pensar como pode existir uma sociedade civil, de maioria negra, que ignora o fato de que todas as nossas desigualdades se estruturam no racismo. Surpreende-me pensar que há uma sociedade civil, que historicamente tem ignorado qual é o nosso problema central – além, evidente, da desigualdade de gênero. Muitas organizações tiveram, por décadas, olhar masculino e branco para uma sociedade em que as desigualdades são estruturadas por raça e gênero. A desigualdade clássica, a desigualdade social, é estruturada no racismo.

Existe desigualdade imensa entre mulheres brancas e negras e isso precisa ser compreendido dentro de políticas afirmativas que acabem com o feminicídio, com a violência doméstica e com a desigualdade salarial. Em dez anos, o feminicídio entre mulheres brancas caiu 9,8% e cresceu mais de 50% entre mulheres negras. Isso é possível quando demandas públicas são estruturadas com base em olhar para gênero que desconsidera raça. E a quantidade de projetos que pensam em desigualdade social sem considerá-los? Não é efetivo e não tem como ser.

Se é o racismo que estrutura os problemas sociais no Brasil, não existe combate efetivo a esse problema sem enfrentá-lo. Mesmo a nossa demanda por democracia: uma parcela grande da população brasileira a desconhece, mesmo porque a população negra tem sido alijada do seu direito à vida. Se o direito principal não é garantido à maior parte da população, como assegurar outros? Para haver uma democracia plena e forte, é necessário haver democracia para todas as pessoas.

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