Durante três dias, das árvores de São Miguel Paulista, bairro da zona leste da capital paulista, nasceram livros. Essa imagem do livro-fruto foi um dos símbolos do Festival do Livro e da Literatura, promovido pela Fundação Tide Setubal, entre os dias 18 e 20 de novembro. Nesta quinta edição, o evento surpreendeu a população, com ações criativas de fomento à leitura, a escrita e o letramento. Milhares de pessoas participaram dessa animada festa, que incluiu intervenções artísticas nas ruas, encontro com escritores, contação de histórias e outras atividades.
Os livros nas árvores chamavam a atenção de quem passava. Timidamente, eles foram percebendo que o fruto podia ser colhido e levado para casa. “A idéia era essa: que experimentassem esse fruto para multiplicar a experiência da leitura”, explicou Tião Soares, idealizador do Festival e coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal.
Além disso, essas árvores especiais serviram como um convite para que os moradores participassem das atividades do Festival, inteiramente gratuitas e abertas. A grande novidade de 2010 foi a programação distribuída por mais de 15 espaços públicos, como ruas, praças, paradas de ônibus, mercado municipal e estação de trem. O centro irradiador foi o CDC Tide Setubal, que interligava os diferentes pontos do bairro, formando assim os chamados corredores de livros.
De acordo com Tião Soares, a inspiração dos corredores de livros surgiu dos tradicionais corredores de ônibus, que abrem caminhos alternativos. No entanto, contrapondo-se à cultura da pressa, os corredores de livros são lugares do convívio, do contato com o universo da leitura, do intercâmbio de saberes e experiências.
Para Maria Alice Setubal, presidente do conselho da Fundação Tide Setubal, a ampliação da abrangência do festival estimula e diversifica o acesso à cultura na região. “É muito bom mostrar para a cidade um festival com tantas atrações. É importante destacar também que ele é resultado de inúmeras parcerias”, relata.
Houve lançamento de livro, oficinas, workshops, saraus e feira de troca e venda de livros. As ruas foram tomadas por apresentações de dança, música, teatro e intervenções artísticas. Para realização de tudo isso, o Festival do Livro e da Literatura contou com o apoio de Prefeitura de São Paulo, Subprefeitura de São Miguel Paulista, Sistema Municipal de Bibliotecas, CET, CPTM, VAI, Polícia Militar, Nossa Zona Leste, SESC-SP, SENAC São Paulo, Book Fair, LIBRE e ACBJA.
Receptividade ao Festival
Milton Persoli, subprefeito de São Miguel, esteve presente na abertura da mesa sobre Telenovela, no CDC Tide Setubal, na tarde do dia 18/11. Ele parabenizou os realizadores pela iniciativa: “Estou feliz por ter aqui um evento desse tamanho. São inúmeras atrações que proporcionam descobertas para todos”.
Já o secretário municipal de cultura de São Paulo, Carlos Augusto Calil, acompanhou o Encontro de Saraus da Zona Leste no dia 19/11 à noite, destacando a importância de eventos com esse caráter na região e do modelo de parcerias para viabilizar a iniciativa. “É um exemplo para outras organizações e o poder público”.
O Festival recebeu no CDC Tide Setubal diversas escolas de São Miguel e do entorno para contação de histórias. A professora de língua portuguesa, da EMEF Wanda Ovídio Gonçalves, Andrea Ribeiro Teixeira, elogiou o Festival. “Foi maravilhoso. Muitos alunos não têm a oportunidade de participar de eventos como este. Além disso, ele reforça nosso trabalho em sala de aula de incentivo à leitura”, declarou.
Para a moradora de São Miguel, Natalia Silva, o evento proporcionou uma tarde diferente para sua filha Rafaela de 4 anos. Na Praça do Forró no sábado, 20/11, as duas visitaram o caminhão Bibliosesc e ouviram uma contação de histórias. “Foi tudo muito interessante. É importante ter cultura perto de casa. Trazer os livros para a vida da gente”. A jovem leitora Lauanda Ferreira de Araujo, 8 anos, gostou mesmo foi dos livros nas árvores. “Parecia que estavam brotando. Agora quero ler essa história”, disse sobre o fruto colhido durante o passeio na Praça.
“Foi muito bom ver o envolvimento das pessoas em todas as atividades, recitando poemas, debatendo e se divertindo. Isso é resultado de um esforço conjunto. O desafio agora é repetir o sucesso em 2011”, avaliou Paula Galeano, coordenadora geral da Fundação Tide Setubal.
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