Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Práticas em frentes diversas que combatem as desigualdades raciais
Por Daniel Cerqueira e Iran Santos Silva / Foto: @WOCInTech / nappy.co Nos últimos anos, a Fundação Tide Setubal tem trabalhado para contribuir no debate racial com diversas ações, dentre elas, a de investir em potências negras na busca por uma sociedade mais justa e menos desigual. Duas dessas ações se destacaram recentemente […]
Por Daniel Cerqueira e Iran Santos Silva /
Foto: @WOCInTech / nappy.co
Nos últimos anos, a Fundação Tide Setubal tem trabalhado para contribuir no debate racial com diversas ações, dentre elas, a de investir em potências negras na busca por uma sociedade mais justa e menos desigual. Duas dessas ações se destacaram recentemente por meio da Plataforma Alas, iniciativa capitaneada pela Fundação cujo objetivo é afirmar um pacto coletivo para acelerar a busca pela equidade racial nas posições de liderança: o Matchfunding Novos Caminhos, iniciativa voltada a estimular projetos desenvolvidos por lideranças negras periféricas, e o apoio ao Programa Ubuntu, do Vetor Brasil, voltado para pessoas que estão na primeira experiência dentro do setor público.
Os programas se complementam. De um lado, o matchfunding, com recursos a formação das lideranças negras e, do outro, a imersão Ubuntu, preparou os/as protagonistas para a prática profissional. Viviane Soranso, coordenadora do Programa de Raça e Gênero da Fundação Tide Setubal, ressalta o diagnóstico estrutural que leva ao financiamento:
“São nítidas as diferenças sociais entre brancos no cotidiano, em aspectos como acesso à cultura, ao ensino escolar de qualidade, à formação acadêmica, à moradia digna e à assistência à saúde. Isso mostra um evidente desequilíbrio na garantia de direitos em prejuízo para a população negra. Daí a importância de recursos que propiciem a continuidade de planos e projetos de cada um.”
No caso do Matchfunding Novos Caminhos, a proposta desenhada pelo programa foi de oferecer um novo apoio a lideranças que já passaram por uma etapa de fortalecimento por meio de recursos financeiros e de formação. As ideias apresentadas e selecionadas entraram em campanha via matchfuding, onde cada real doado foi triplicado, para alcançar a meta de 15 mil por projeto. Foram arrecadados R$ 144.363 pelas dez lideranças que foram selecionadas para participar do processo – e, com a participação de 356 doadores, elas/es atingiram 100% do valor previsto.
Um exemplo foi Juliana Balduino. Com o financiamento, ela foi fazer intercâmbio em Nova Iorque (EUA) como estratégia para alcançar o seu sonho e fortalecer a sua trilha profissional.“O sonho maior é que a Comunidade Estância Jaraguá, onde está localizado o Quilombo da Parada, se torne um território educativo feito pelas próprias moradoras. Em meu entendimento, conhecer outras culturas, formas de organização e estabelecer laços é uma forma de ampliar ainda mais as chances desse território e também, da gente se colocar no mapa e ser visto. Por isso, o meu sonho além de individual é coletivo e acredito que fortalecedor para todos nós.”
Pavimentar caminhos para postos de poder e decisão na esfera pública
Já o Ubuntu, iniciativa do Vetor Brasil, apoiada por meio da Plataforma Alas, é voltada para pessoas negras que vivem suas primeiras experiências de liderança no setor público e querem ter uma trajetória de protagonismo no governo. A imersão relativa ao projeto consistiu em um encontro potente de lideranças negras comprometidas com uma gestão pública mais efetiva, mais próxima das pessoas e comprometidas com a equidade racial.
Pedro Marin, coordenador do Programa Planejamento e Orçamento Público da Fundação e que esteve presente na imersão, chama a atenção para a desigualdade racial existente no setor público. “Sabemos que, hoje, o serviço público não é representativo da diversidade racial em nossa sociedade. Este é um dos motivos pelos quais faltam recursos para políticas públicas comprometidas com o combate às desigualdades raciais”, pondera.
O processo de aquilombamento, identificação com os pares, desenvolvimento de competências, habilidades e retomadas de suas origens como lideranças é de extrema importância para que pessoas pretas e pardas consigam se imaginar nos espaços de poder. A Fundação Tide Setubal, por meio da Plataforma Alas, assim como o Vetor Brasil com o Programa Ubuntu, entendem a responsabilidade e apresentam um olhar sensível, buscando a melhoria dos espaços e tornando-os mais diversos e dinâmicos.
Dois programas e um mesmo objetivo
Para entender melhor estes programas de combate às desigualdades raciais, descrevemos um pouco mais o Matchfunding Novos Caminhos e a imersão Ubuntu. Ambas as ações de fomento estão sob o guarda-chuva da Plataforma Alas, que tem desenvolvido e apoiado iniciativas para apoiar a evolução contínua de pessoas negras com trajetória periférica e buscando colabores que acreditem em uma sociedade mais justa e socialmente comprometida com grupos sub-representados.
As lideranças potencializadas por meio do Matchfunding Novos Caminhos possuem os mais diversos interesses voltados para o seu aprimoramento acadêmico e/ou profissional, como desenvolver novos conhecimentos em um novo idioma, ter acesso a materiais de apoio para suas pesquisas de mestrado e doutorado, fazer intercâmbio para aguçar suas habilidades acadêmicas ou investir em suas respectivas carreiras.
Já o Ubuntu é uma iniciativa do Vetor Brasil e conta com apoios da Plataforma Alas, da Porticus e da organização Republica.org . Durante nove meses, 42 pessoas passaram por uma trilha formativa com foco em conteúdos de liderança, gestão de pessoas e em diversidade, equidade e inclusão. Foram 100 horas de formação online, 5 encontros de mentoria individual e 3 encontros de mentoria coletiva.
Para conhecer os projetos fomentados pelo Matchfunding Novos Caminhos, acesse a página do edital.
Quer entender melhor o Ubuntu? Navegue pela página do projeto no site do Vetor Brasil.