Quais sinais o Censo Gife 2022-2023 mostra sobre diversidade e inclusão?

O Censo Gife 2022-2023 mostra análise sobre diversos aspectos relacionados à atuação de OSCs e do ISP, inclusive sobre diversidade e inclusão

Amauri Eugênio Jr. 12 de dezembro de 2023

Quais sinais o Censo Gife 2022-2023 mostra sobre diversidade e inclusão?

Lançado em 29 de novembro, o Censo Gife 2022-2023 conta com panorama multidisciplinar e multissetorial sobre a atuação e o contexto inerente ao terceiro setor e ao campo do ISP. A partir da coleta de dados relativos a 2022, cujo processo ocorreu entre março e maio de 2023, o levantamento bianual do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) mostra, entre diversos contextos, o estado vigente quando se fala em diversidade na estrutura das organizações.

Um ponto de destaque no Censo Gife 2022-2023 contempla aspectos relativos à diversidade, seja na composição de conselhos, seja nas equipes. De acordo com dados do levantamento, a distribuição por gênero nos conselhos das organizações abrange 66% de homens e 34% de mulheres.

Nesse sentido, outro ponto do Censo Gife 2022-2023 disse respeito ao mapeamento de organizações que implementaram algum tipo de política para promoção e ampliação da diversidade nos conselhos deliberativos em 2022. Assim sendo, 15% das instituições afirmaram desenvolver algum tipo de política em âmbito racial, enquanto 16% estavam em processo de implementação. Quando o assunto é gênero, então, já havia em 19% das organizações e 12% estavam em processo de implementação.

Além disso, 6% contavam com algum projeto existente para promoção e ampliação da diversidade em conselhos deliberativos quanto à pauta LGBTQIAP+; 4% quanto a PCDs; 6% em âmbito etário e geracional e, enfim, 4% com pessoas que moram em periferias. No que diz respeito a políticas em implementação sobre os segmentos acima, os percentuais foram, respectivamente, de 12%, 13%, 10% e 7%.

Diversidade nas equipes

Quando se fala na promoção da diversidade em equipes, o Censo Gife 2022-2023 traz números significativamente mais expressivos. Em âmbitos racial e de gênero, respectivamente, 47% e 45% das organizações afirmaram haver políticas para promover e ampliar a diversidade nas equipes, enquanto 18%, em ambos os casos, afirmaram haver iniciativas em implementação nesse sentido.

Ainda, 36% afirmaram haver políticas já implementadas quanto à pauta LGBTQIAP+ e 17%, em fase de implementação. Quanto à inclusão de pessoas com deficiência, 32% contavam com iniciativas já implementadas para promover e ampliar a diversidade quanto a esse grupo, ao passo que 18% destacaram haver iniciativas em implementação.

Ainda, 19% afirmaram haver ações já implementadas em âmbito etário e geracional e 18%, com pessoas que moram em periferias, enquanto havia 12% e 35% em desenvolvimento em ambos os segmentos.

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O que esses dados indicam?

Ainda que seja possível identificar avanços quando se fala em promoção da diversidade, o cenário ainda apresenta disparidades veementes, em especial quando se fala na estrutura dos conselhos.

Durante sua fala no lançamento do Censo Gife 2022-2023, Maria Alice Setubal, presidente do Conselho Curador da Fundação Tide Setubal, enfatizou essa lógica. De acordo com ela, mesmo havendo avanços quanto à governança, trata-se de resultados muito pequenos, inclusive em âmbitos racial e de gênero. Ela destaca, enfim, que há um longo caminho para se percorrer e avançar na promoção da diversidade – além de haver a necessidade de diálogo com conselhos de organizações.

Por fim, ela fala sobre o papel de cada organização e pessoa para haver resultados importantes e significativos em prol da diversidade nas composições dos conselhos e organizações, institutos e fundações.

“Ouço muitas pessoas perguntarem sobre o lugar de fala e que poderão fazer e falar sobre a questão racial, pois não se sentem confortáveis. Todo o mundo tem um lugar de fala: o de uma instituição de origem branca é o lugar de fala de uma instituição de origem branca que é aliada na construção de um país que lugar pela equidade racial e apoia organizações que lutam pela questão antirracista. É tão simples quanto isso”, finaliza.