Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Ato abre Festival e todos marcham pelo fim da violência contra as mulheres
No dia 9 de novembro, aconteceu a Marcha Mundial das Mulheres pelo Fim da Violência contra as Mulheres, ato que marcou o início do 7º Festival do Livro e da Literatura de São Miguel – Narrativas de Gênero: feminino, feminismo e outras histórias. A ação contou com a participação e mobilização do Centro de […]
No dia 9 de novembro, aconteceu a Marcha Mundial das Mulheres pelo Fim da Violência contra as Mulheres, ato que marcou o início do 7º Festival do Livro e da Literatura de São Miguel – Narrativas de Gênero: feminino, feminismo e outras histórias.
A ação contou com a participação e mobilização do Centro de Referência da Mulher (CRM) Onóris Ferreira Dias, de São Miguel Paulista, Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Batucada Feminista, Sempreviva Organização Feminista (SOF), Associação de Mulheres da Zona Leste (Amzol), Fórum de Mulheres de São Miguel, Centro de Cidadania LGBT Laura Vermont, Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Secretaria Municipal de Direitos Humanos, Subprefeitura de São Miguel Paulista e movimentos de mulheres feministas.
“Estamos vivendo um momento grave em nosso país e reforçar a participação, a cultura antirracista e a luta das mulheres são fundamentais para fortalecer os grupos e os movimentos sociais. Essa parceria com o Festival permite isso e dá visibilidade para nossas ações”, afirmou Sônia Coelho, integrante da organização SOF – Sempreviva, feminista e militante da Marcha Mundial das Mulheres.
A Marcha Mundial das Mulheres foi criada no ano 2000, como uma grande mobilização que reuniu mulheres do mundo em uma campanha contra a pobreza e a violência, com ações organizadas a partir do chamado 2.000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista.
“Lutamos por igualdade e autonomia para as mulheres, e nossa primeira parceria com a Marcha Mundial foi na década de 1990. Nós acreditamos que a marcha se fortalece a cada dia com essa juventude formada por meninas aguerridas”, contou Fermina Silva, integrante do movimento de mulheres da região da zona leste de São Paulo e da Marcha Mundial das Mulheres.
Uma concentração cultural que aconteceu na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, mais conhecida como Praça do Forró, antecedeu a saída da marcha. Durante todo o período, o microfone ficou aberto para quem quisesse exercer sua manifestação. A Batucada Feminista coordenou uma oficina de cartazes. Quem também esteve presente foi o Sarau das Pretas, formado por jovens escritoras negras atuantes na periferia, que promoveu uma intervenção com declamações de poemas de luta feminina e feminista, sobretudo da mulher negra na nossa sociedade. Tudo isso ao som de seus tambores.
“Abrir essa marcha tem significado muito forte para nós do Sarau das Pretas. Nesse momento, pedimos licença para que nossa dor seja ouvida, por igualdade e dignidade. Vamos lutar por todos os nossos direitos, e ter mulheres e homens juntos é muito necessário”, refletiu Jô Freitas, integrante e poeta do Sarau das Pretas.
A Marcha Mundial das Mulheres pelo Fim da Violência contra as Mulheres seguiu por uma das principais avenidas do bairro em direção à Praça Fortunato da Silva, popularmente conhecida como Praça Morumbizinho. Caminharam lado a lado jovens, adultos, mulheres e homens, que gritaram em um só coro pelo fim de qualquer tipo de violência contra as mulheres e pela garantia de seus direitos.
Homenagem na Marcha
Os professores e alunos da EE Reverendo Urbano de Oliveira Pinto, localizada na zona leste de São Paulo, homenagearam a escritora Carolina Maria de Jesus e, durante a Marcha, carregaram um boneco gigante da poetisa. Esse trabalho fez parte do projeto Papel de Mulher, desenvolvido na escola como preparação para a participação dos estudantes no Festival do Livro e da Literatura de São Miguel.
“Escolhemos Carolina Maria de Jesus como uma figura representante das mulheres para homenagear hoje, porque é uma escritora de qualidade e também é uma mulher negra, pobre e favelada, que criou os filhos com muitas dificuldades e conseguiu viver com muita dignidade, apesar de tudo por que ela passou”, falou Fabiana Azevedo, professora de Língua Portuguesa e responsável pelo projeto.
Ainda segundo Fabiana, a escolha do nome do projeto traz vários significados. “Carolina era catadora de papel; o boneco é feito de papietagem, que é uma técnica de colagem de papel; o fanzine também é produzido de papel; e, consideramos, principalmente, o fato de a mulher exercer diversos papéis sociais”, contou a professora.
O projeto Papel de Mulher envolveu cerca de 25 estudantes do Ensino Fundamental e Médio, que se reuniram em encontros semanais, por mais ou menos um mês, para conhecer a vida e obra de Carolina Maria de Jesus. Com base nas descobertas sobre a poetisa, os adolescentes e jovens criaram fanzines com desenhos e textos sobre a escritora e confeccionaram o boneco gigante em parceria com o grupo Sucatas Ambulantes.
“É o terceiro ano que eu participo de atividades da escola no Festival do Livro e da Literatura de São Miguel. Eu gostei de conhecer mais sobre a escritora Carolina Maria de Jesus, porque é muito difícil falar sobre poesia, ainda mais sobre uma escritora mulher. Também achei muito legal fazer o boneco, eu já tinha feito um de argila, mas esse foi totalmente diferente, foi outro aprendizado”, afirmou Ana Beatriz Santana Modesto, estudante do 8º ano da EE Reverendo Urbano.