Muito além da estética

Reformas nos estabelecimentos comerciais do Jardim Lapena têm contribuído para desenvolver a economia do bairro

 

Por Daniel Cerqueira

 

 

Nos territórios periféricos, o comércio local é fundamental para movimentar a economia e desenvolver a região. Neste sentido, ações qualificadoras da prática local são também instrumentos para fortalecer uma comunidade e reduzir os índices de desigualdade social nesses mesmos espaços.

 

Cientes de tamanha importância, a equipe do Galpão ZL, núcleo de Prática de Desenvolvimento Local situado no Jardim Lapena, na zona leste de São Paulo, tem diversificado as suas estratégias para apoiar a atividade econômica local. A ação  mais recente desenvolvida tem como objetivo investir na reforma de seis negócios do bairro.

 

O comércio desenvolvido é um dos grandes indicativos de que uma comunidade está em expansão. Marcelo Ribeiro, coordenador de Prática de Desenvolvimento Local da Fundação Tide Setubal, é um entusiasta desta ação e da parceria feita para a sua realização. “O trabalho que temos feito com a ArqCoop+ tem sido muito importante para o entorno do Galpão. A grande procura pelo recurso e os resultados alcançados com as soluções propostas pela nossa parceria me deixam animado, porque a transformação que a gente vê é impressionante.”

 

Uma empresa parceira da Fundação nas ações desenvolvidas no território é a ArqCoop+, cooperativa de trabalho voltada ao ramo de arquitetura e urbanismo. Formalizada em novembro de 2019, a ArqCoop+ trabalha com arquitetura corporativa, assistência técnica de Habitação de interesse social (athis) e reformas em geral. A experiência da cooperativa na área facilita para que o recurso de R$ 6 mil destinado à reforma seja otimizado para haver resultados ainda mais surpreendentes.

 

Essa ação começou em abril de 2022, quando o Galpão ZL convidou o território para um cadastro de interesse – e, rapidamente, 46 negócios se inscreveram com a intenção de reformar seus espaços. A equipe então visitou cada um deles e, a partir de critérios objetivos, selecionou os seis primeiros contemplados.

 

Um dos negócios impulsionados foi o salão de Tayane de Jesus. Surgido no meio da pandemia como forma de obter renda após a perda do seu emprego, o salão tinha dificuldades de se manter financeiramente, mas tudo mudou a partir da reforma. “Agora, eu consigo fazer uma gestão diferente. As pessoas vêm aqui, pagam à vista e eu tenho o meu trabalho reconhecido. Até clientes de outros bairros eu tenho recebido, pois estão nos descobrindo pelo Instagram e ficando felizes de encontrar um lugar tão confortável. Além de melhorar o negócio, eu agora me sinto muito mais confiante com o meu trabalho.”

 

 

 

Imagens da reforma realizada no salão de Tayane de Jesus

 

 

Benefícios para além da economia

 

As primeiras impressões dos selecionados são positivas. Todos os atores envolvidos são enfáticos em dizer que a infraestrutura deu uma nova cara para o negócio. As pessoas frequentam mais o local, o relacionamento com o bairro melhorou, o negócio tem trazido pessoas de outros bairros e os preços podem ser mais atrativos para o comerciante, porque as pessoas valorizam mais o local e não se importam em pagar um pouco mais.

 

Vale lembrar que ações como esta são importantes para melhorar a vida das pessoas do território, uma vez que ele se torna mais sustentável e com economia mais ativa. Não à toa, ações de fomento ao comércio estão diretamente ligadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

De acordo com a ONU, os ODS consistem em um apelo global à ação para erradicar a pobreza, preservar o meio ambiente e o clima e garantir que todas/os as cidadãs/ãos desfrutem, em todo o mundo, de paz e prosperidade. Trata-se de 17 objetivos interconectados que abordam os principais desafios de desenvolvimento enfrentados no território nacional e em escala global.

 

Neste caso, os ODS presentes são:

 

 

1. Trabalho Decente e Crescimento Econômico (ODS 8);
2. Cidades e Comunidades Sustentáveis (ODS 11);
3. Parcerias e Meios de Implementação (ODS 17).