Curso de ‘Interações para se viver bem na escola’ auxilia profissionais de educação a melhorar a vivência no espaço escolar
Alinhado a atuação pelo fortalecimento das escolas da região, a Fundação Tide Setubal, em parceria com a Diretoria Regional de Ensino São Miguel, elaborou o curso Interações para se viver bem na escola. A formação reuniu os professores em quatro encontros para debater sobre os dilemas da escola e formas para melhorar a vivência no […]
Alinhado a atuação pelo fortalecimento das escolas da região, a Fundação Tide Setubal, em parceria com a Diretoria Regional de Ensino São Miguel, elaborou o curso Interações para se viver bem na escola. A formação reuniu os professores em quatro encontros para debater sobre os dilemas da escola e formas para melhorar a vivência no espaço escolar. “Nosso objetivo é auxiliar os profissionais que estão participando das atividades a criarem uma melhor relação com os educandos. Para estimular essa prática, é preciso conhecer com quem você está trabalhando dentro da escola e ter estratégias para lidar com alguns conflitos. No segundo semestre, acompanharemos os profissionais que colocarão em prática os projetos criados no curso”, explica Izabel Brunsizian coordenadora do Núcleo Qualidade de Vida, que atuou em parceria com o Núcleo Mundo Jovem na elaboração do curso.
Viviane Hercowiz, coordenadora do Núcleo Jovem Comunica, enfatiza que fugir do lugar comum foi um grande desafio durante o curso. “Todos sabemos que é fundamental o estimulo à uma vivência proveitosa dentro da escola, mas ainda há um caminho a ser trilhado. Pensando nisso, fizemos um planejamento de atividades com oficinas que exigia trabalho em equipe, mexia com os valores dos profissionais que estavam presentes e com suas concepções sobre a educação”.
Todo o desenvolvimento das atividades foi planejado. Desde a acolhida dos professores até as dinâmicas com diferentes linguagens como pintura, filmes e debates. As atividades demandavam estratégias coletivas. “Etimulamos o vínculo e a confiança dos participantes que puderam repensar e propor estratégias em grupo para questões de conflitos dentro da escola, os especialistas que mediaram os encontros também reforçavam a coletividade e o exercício da escuta, fundamental para melhorar a participação dos jovens na escola”, explica Viviane.
Na avaliação de Cristiane Gomes, representante da DRE, o objetivo é a replicação do aprendizado dentro do ambiente escolar. “Queremos que o efeito do aprendizado adquirido aqui seja a melhoria do dia-a-dia na escola, com mudanças na dinâmica escolar”.
Durante os quatro encontros, os representantes das escolas participaram de dinâmicas em grupo onde debateram sobre a dificuldade em atrair o aluno para o espaço escolar, os conflitos já enfrentados, e, a partir do compartilhamento de experiências, propuseram formas para melhorar o relacionamento na ambiente escolar. Lilian Freitas, professora na EMEF Raul Pila, dividiu com o grupo sua experiência de sucesso na escola. Como responsável pelas aulas na sala de leitura, ela ajudou a transformar a biblioteca que, até então não oferecia um ambiente agradável para os alunos, e deu uma cara nova a sala. “Antes tínhamos um espaço poluído, então transformamos a sala de leitura em um lugar totalmente novo e agradável para as crianças, reformamos a sala e separamos os livros de literatura infantil, juvenil e adulto.”
Para Lilian, o curso ajuda a enxergar o aluno de um novo jeito, “por trás da criança existe um ser humano em formação que precisa ser escutado, compreendido e respeitado. Transformar o ambiente escolar é fundamental para estimular os alunos a valorizar o trabalho realizado”.
Vanessa de Cerqueira, professora do CEU Três Pontes, destaca “os métodos que vimos no curso podem ser utilizados dentro da escola, não só para melhorar a convivência com os educandos, mas com toda a comunidade escolar que envolve também as famílias”.
Ela conta que pretende realizar uma atividade com os alunos para debater e exercitar o diálogo entre os educandos e educadores. “Assim podemos trabalhar juntos para o fortalecimento da escola”.
A mediação de conflito foi um dos temas em pauta na formação e o debate foi disparado a partir de um caso representado em um encontro anterior pelo grupo de professores. “Temos que lidar com essa questão do conflito dentro da escola de outra forma, é preciso quebrar o paradigma de que ter a violência no espaço escolar é comum. É importante buscar a alternativa do dialogo para solucionar esses conflitos, já que as punições não mostram resultados e não é o melhor caminho”, explicou Margarida Toledo, mediadora na Fundação Gol de Letra e voluntária no trabalho de mediação na Vara de Família do Judiciário.Para ela, o maior desafio em estabelecer essa mediação é a construção de uma nova visão “Muitas vezes, as partes envolvidas nos conflitos já estão acostumadas à punição, então precisamos exercitar a escuta ativa com os alunos.”.
Com a mediação nas escolas, os alunos refletem e levam para dentro de suas casas a nova forma de resolver os problemas. Daniel Cerqueira Ciasca, educador do Núcleo Mundo Jovem, enfatiza que quando o professor entende e exercita a mediação, ele consegue agir de maneira mais adequada diante de um conflito em diferentes instâncias. “professor consegue melhorar a convivência com o aluno, trata melhor os colegas de trabalho, seu superior, isso colabora para uma boa vivência dentro do espaço escola”.
Para Maria de Lourdes Teixeira, coordenadora pedagógica da Escola Estadual Lino de Matos, “o maior desafio para a mediação é, em primeiro lugar, ganhar o respeito dos envolvidos, conquistar essa relação de confiança e qualificar essa escuta, já que quando você se dispõe a ouvir precisa estar pronto para qualquer tipo de resposta”.Ela conta que já conseguiram construir esse espaço de escuta dentro da escola onde atua. “Criamos uma atividade chamada Aluno nota 10, onde os próprios alunos indicam e escolhem os melhores alunos na relação com a escola dentro e até fora da sala de aula, às famílias abraçam a atividade”.
Para encerrar a primeira fase do curso, o grupo participou de uma roda de conversa com Maria José Rubinato, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). Durante o debate, a pedagoga destacou o papel da escola. “Quando falamos da convivência dentro da escola, temos que nos remeter a sua função social. Todos os funcionários da escola são educadores, todo o espaço escolar é formador”.
Para Samira Ali Massud, da EMEF Raul Pila, o aluno precisa encontrar na escola um bom ambiente para o seu pleno desenvolvimento. “É necessário despertar a vontade dos alunos em estarem na escola, e fazer com que eles entendam que estudar não é só uma obrigação.Eles precisam aprender a desfrutar do melhor que a escola pode oferecer.”
Uma média de 30 gestores participaram em cada encontro. A segunda turma do curso de Interações iniciará no dia 23/07, serão mais quatro encontros na sede do DRE em São Miguel.
Veja a opinião de quem participou
“A função da escola vai além de ensinar a ler e escrever. Nós formamos os alunos para a vida, por isso escola e a comunidade precisam trabalhar juntos para o pleno desenvolvimento do educando, criando assim um bom convívio para todos”.
Deise Fontanelli de Albuquerque,EMEF Comandante Vicente Amato Sobrinho
“É fundamental essa figura do mediador da escola para harmonizar o ambiente escolar. A maior dificuldade é a resistência em aceitar essa nova forma de resolução dos problemas É importante envolver a família nessa mediação, pois grande parte dos conflitos dentro da escolas vem de fora.
Alessandra Alves da Cunha – EMEF Padre Chico Falcone
“Aplicamos a mediação de conflitos na nossa escola,buscando melhorar o espaço escolar, o conteúdo ministrado veio de encontro com nossas necessidades e com isso conseguimos bons resultados com os alunos. Atuamos em uma região muito carente e a escola é um dos únicos espaços públicos do bairro. É importante que todos estejam envolvidos para melhorar o ambiente escolar e a comunidade tem essa consciência”.
Admilson Evangelista da Silva – EMEF Flávio Augusto Rosa