Dia de Doar: iniciativa em favor do fortalecimento da filantropia
Em 2023, o Dia de Doar é lembrado em 28 de novembro. Saiba mais sobre o panorama da doação no Brasil e ações nesse contexto.
Realizado desde 2013 no Brasil, o Dia de Doar consiste em um movimento global para promover a solidariedade – e, de modo atutoexplicativo, a cultura de doação. A data faz parte do Movimento por uma Cultura de Doação, conjunto de organizações e indivíduos em favor do engajamento das pessoas com causas e OSCs. No Brasil, a organização e a realização do Dia de Doar são da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR).
Dados recentes dão conta do panorama sobre a cultura de doação no Brasil. Segundo a Pesquisa Doação Brasil 2022, que contou com coordenação do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis) e Charities Aid Foundation (CAF) e realização do Instituto Ipsos, os indicadores apresentam sinais positivos.
Segundo dados da pesquisa, 84% da população brasileira com rendimento superior a um salário mínimo realizou doações em 2022. Desse modo, o aumento é de 66% em comparação com os dois anos anteriores. Além disso, segundo dados da Ipsos, as doações institucionais equivaleram a R$ 12,8 bilhões.
Abrindo alas para o Dia de Doar e a cultura de doação
Dentro das ações desenvolvidas pela Fundação Tide Setubal, pode-se destacar algumas que dialogam com a premissa do Dia de Doar. E, consequentemente, com a cultura de doação. Uma delas é a Plataforma Alas. A Plataforma Alas tem como objetivo colocar em prática um pacto coletivo para acelerar a busca pela equidade racial em posições de liderança ao, entre outras coisas, apoiar o seu desenvolvimento por meio de oportunidades de formação em diferentes estágios da vida.
Outro ponto de destaque quando se fala na Plataforma Alas abrange a responsabilização coletiva em favor da promoção da equidade racial. Ou seja, OSCs, o ISP e empresas poderão potencializar iniciativas de sua autoria ou desenvolver novas ações. “A ideia é que essas instituições também se responsabilizem por esses projetos, seja por meio de financiamento próprio, seja na elaboração de estratégias para processos internos de inclusão”, comenta Viviane Soranso, coordenadora do Programa Raça e Gênero da Fundação Tide Setubal.
Assim sendo, duas ações compuseram o plano de ação da Plataforma Alas em 2022. Uma delas foi a segunda edição do Edital Traços. O seu foco foi o apoio de lideranças negras com idade entre 21 e 45 anos, nascidas e/ou moradoras de periferias ou contextos periféricos urbanos. A iniciativa selecionou 71 lideranças para receber aporte de R$ 15 mil para investimento em atividades formativas que contribuíssem com as suas respectivas trajetórias. O edital selecionou 27 lideranças na categoria relativa à Carreira Jurídica e 44 na categoria Política Institucional.
Além disso, outra iniciativa da Plataforma Alas, o edital Elas Periféricas, contou em sua quarta edição com parceria da rede social TikTok para apoiar organizações das periferias de todo o Brasil lideradas por mulheres negras. O projeto apoiou 75 organizações, que receberam R$ 20 mil cada. Além do aporte financeiro, elas passaram por mentorias em áreas diversas.
Triplicando apoios
Outra iniciativa da qual a Fundação Tide Setubal está à frente é o Matchfunding Enfrente. Realizada por meio da plataforma de financiamento coletivo Benfeitoria, o projeto consiste em triplicar os valores de doações. Ou seja: a cada R$ 1 doado, um fundo composto pela própria fundação e organizações parceiras aportam outros R$ 2.
A primeira onda do Matchfunding Enfrente selecionou 15 projetos atuantes nas periferias do Brasil para receberem, cada um, R$ 30 mil – no caso, R$ 10 mil via financiamento coletivo e outros R$ 20 mil por aportes. Ainda, em virtude da pandemia de Covid-19, a onda específica desse contexto mobilizou mais de R$ 7 milhões para 265 iniciativas das periferias urbanas do país. No caso, o objetivo foi auxiliá-las a prestar assistência às respectivas comunidades das quais fazem parte.
Além disso, a onda Geração de Trabalho e Renda apoiou 134 micro e pequenos negócios das periferias afetados pela pandemia. E, por fim, a Onda Estruturante possibilitou a seleção de 15 projetos com impacto planejados para três anos. Cada uma pôde captar, dentro dessa onda, R$ 90 mil anuais – R$ 30 mil do coletivo e R$ 60 mil originários do fundo.
À época da onda para mitigação dos impactos da Covid-19 nas periferias, Wagner Silva (Guiné), coordenador de Fomento a Agentes e Causas da Fundação Tide Setubal, destacou o trabalho das organizações que contaram com apoios por meio do Matchfunding Enfrente. “As periferias têm demonstrado, por meio dessas iniciativas, toda a sua potência, criatividade, organização e solidariedade, através da capacidade de articulação e logística até então desconhecida por quem não vive nesses territórios.”
Assista à série Caminhos: Trilhas Coletivas pela Equidade Racial
Sobre a cultura de doação
- Saiba mais sobre o Dia de Doar no site da iniciativa
- Conheça os eixos de atuação da Plataforma Alas
- Finalmente, confira os impactos que o Matchfunding Enfrente proporcionou
Texto: Amauri Eugênio Jr. / Foto: Julia M. Cameron / Pexels