Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Edital Caminhos, primeira ação do Fundo Alas, apoiará lideranças negras
Por Amauri Eugênio Jr. O combate à desigualdade racial e o apoio à potência de pessoas negras são aspectos centrais no trabalho da Fundação Tide Setubal na promoção da equidade, em especial no desenvolvimento de iniciativas com esse propósito. Com base nessa premissa, a Fundação Tide Setubal, por meio do Programa de […]
Por Amauri Eugênio Jr.
O combate à desigualdade racial e o apoio à potência de pessoas negras são aspectos centrais no trabalho da Fundação Tide Setubal na promoção da equidade, em especial no desenvolvimento de iniciativas com esse propósito.
Com base nessa premissa, a Fundação Tide Setubal, por meio do Programa de Raça e Gênero, desenvolveu o Edital Caminhos, primeira ação do Fundo Alas. A iniciativa, que conta com parceria do Instituto Ibirapitanga e da Porticus América Latina, visa ampliar a diversidade racial em espaços de influência e decisão na sociedade e contribuir com a promoção da justiça social. Serão selecionadas 30 lideranças negras que receberão aporte financeiro de até R$ 15 mil.
Esse recurso poderá ser investido em atividades diversas que contribuam com a trajetória das lideranças negras, como cursos de idiomas, cursos de pós-graduação (MBA, especialização e extensão), participação em intercâmbios, congressos e seminários; cursos livres que abordem temáticas relacionadas a consolidação da democracia e a superação das desigualdades, dentre outras.
De acordo com Viviane Soranso, coordenadora do Programa de Raça e Gênero da Fundação Tide Setubal, o edital visa promover a ascensão de pessoas negras a espaços de poder e de decisão nas esferas pública e privada, onde é notória a subrepresentação sociorracial.
“Além da ausência de políticas afirmativas nas grandes empresas e instituições, há uma baixa representatividade de negros e mulheres nos espaços de poder. Neste sentido, a Fundação Tide Setubal busca articular diferentes instituições e atores visando a equidade de gênero e raça no mercado de trabalho e em instituições públicas e privadas a fim de contribuir para a ampliação da diversidade em espaços de decisão e poder”, pontua a coordenadora do Programa de Raça e Gênero da Fundação.
Iara Rolnik, diretora de programas do Instituto Ibirapitanga, considera que potencializar lideranças negras em territórios periféricos contribui para o reequilíbrio na distribuição de recursos e direitos, além de oferecer oportunidades a pessoas submetidas a diversos e históricos mecanismos de exclusão.
“Valorizar estas trajetórias negras periféricas é também reverter as formas dominantes de pensamento que colocam à margem aquilo que nos é mais precioso como natureza de transformação em nosso país. Esses mecanismos de apoio também têm a potência de mostrar para o campo da filantropia brasileira como é importante centralizar o enfrentamento ao racismo em seus programas e que apoiar lideranças – ao lado do apoio a organizações – é mexer nas estruturas mais profundas e perversas da desigualdade que marcam a nossa sociedade”, ressalta a diretora de programas do Instituto Ibirapitanga.
Quem pode se inscrever?
Podem inscrever-se lideranças negras (pretas ou pardas) com idade acima de 20 anos, que tenham nascido e/ou vivido em periferias urbanas brasileiras ou contextos periféricos urbanos – ou seja, contextos sociais urbanos que estejam à margem de políticas públicas e oportunidades de produção e circulação de bens materiais e simbólicos.
- Política institucional: representantes da sociedade civil ocupantes de cadeiras em instituições participativas, ou seja, em conselhos gestores de políticas públicas ou outros espaços de participação cidadã integrados à estrutura político-administrativa nos três níveis de governo, e agentes administrativos – leia-se servidores públicos efetivos ou comissionados e empregados públicos – que almejam ter projeção profissional em posições estratégicas, e ativistas e militantes atuantes na defesa de direitos e que almejam projetar carreira política;
- Empreendedorismo: líderes de negócios que gerem impacto social;
- Carreira corporativa: líderes empresariais que almejam projeção profissional em posições estratégicas nas médias e grandes empresas;
- Ações sociais e culturais: líderes de organizações, grupos, coletivos e movimentos sociais com reconhecimento no campo e de seus pares.
O edital não apoiará campanhas políticas, candidaturas eleitorais e propostas que fujam dos critérios de elegibilidade, propostas ligadas a campanhas político-partidárias e a objetivos de formação e ensino religioso, assim como pagamento de salários ou qualquer tipo de remuneração a candidatos.
De acordo com Mirela Sandrini, diretora regional da Porticus América Latina, projetos como o Edital Caminhos são relevantes por poderem destravar barreiras existentes na busca de maior equidade racial. “Sabemos que o apoio a 30 lideranças é uma gota em um oceano complexo de discriminação estrutural à população negra. De todo modo, a elevação de suas vozes, suas experiências e, por consequência, a geração de exemplos inspiradores para adolescentes e jovens nas periferias do país significam um sopro de entusiasmo.”
Para anotar na agenda
Lançado em 19 de outubro, o edital receberá inscrições até 4 de novembro, às 23h59. As lideranças classificadas para a segunda fase de seleção serão comunicadas no decorrer de novembro e serão entrevistadas pela equipe de curadoria durante o mesmo mês.
Após essa etapa, as pessoas escolhidas para a fase final serão submetidas ao comitê de avaliação, cujo processo ocorrerá na primeira quinzena de dezembro. Por fim, as(os) candidatas(os) selecionadas(os) serão anunciadas(os) em 16 de dezembro. Saiba mais detalhes sobre o Edital Caminhos na landing page da iniciativa.
Assista também à live realizada em 21 de outubro para responder dúvidas sobre o preenchimento do formulário de inscrição e sobre o edital.