Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Fomentar o potencial de lideranças periféricas para a sociedade ganhar
Celebrado em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher é uma data para, entre outras coisas, reflexão sobre o papel que as mulheres têm na sociedade e fatores que contribuem para a desigualdade entre gêneros – o que se torna mais evidente ao levar-se em consideração a discriminação racial. De acordo com um estudo […]
Celebrado em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher é uma data para, entre outras coisas, reflexão sobre o papel que as mulheres têm na sociedade e fatores que contribuem para a desigualdade entre gêneros – o que se torna mais evidente ao levar-se em consideração a discriminação racial. De acordo com um estudo divulgado em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o rendimento médio de mulheres negras equivale a 44% de homens brancos. Ainda, de acordo com outro estudo, do Instituto Locomotiva, a renda média de mulheres negras com ensino superior completo era de R$ 2.918, enquanto a de homens brancos no mesmo estágio era de R$ 6.702.
Estes indicadores mostram quão importante é investir na potencialização de mulheres negras, em particular que moram em territórios periféricos. E é esta a lógica que a Fundação Tide Setubal segue ao desenvolver projetos voltados ao combate de desigualdades em regiões com esse perfil – o que dialoga com a promoção da superação de condições materiais e subjetivas que resultam na criação de estereótipos.
Uma iniciativa neste cenário que converge com esta premissa é o edital Elas Periféricas. A iniciativa, que vem sendo realizada desde 2018, fomentou, desde então, projetos liderados por mulheres negras com aporte financeiro de R$ 40 mil – para cada um deles -, apoio técnico e mentoria por 12 meses para potencializar aspectos como gestão financeira, comunicação institucional, planejamento estratégico e atuação em rede. O objetivo dessas ações? Potencializar o poder transformador de cada uma dessas iniciativas.
À época da divulgação das seis iniciativas lideradas por mulheres que foram escolhidas na segunda edição do Elas Periféricas, em agosto de 2019, Wagner Silva (Guiné), coordenador de mobilização social e redes da Fundação Tide Setubal, destacou que uma das consequências do trabalho feito por iniciativas transformadoras em territórios periféricos era que as lideranças que os conduziam passavam a ser vistas como referências onde atuavam e como fontes de inspiração para quem quisesse desenvolver novas iniciativas de impacto social. “Quando você gera condições materiais para que as pessoas potentes façam mais e sejam ainda mais criativas, isso fortalece e promove nas periferias novas referências que inspiram novas ideias, iniciativas e a construção de novas narrativas desses territórios.”
Confira aqui quais foram as vencedoras da primeira edição do edital e veja aqui as iniciativas escolhidas no segundo Elas Periféricas.
Assista à segunda temporada da websérie Enfrente, da qual participaram as vencedoras da primeira versão do edital Elas Periféricas
Outro case do trabalho da Fundação Tide Setubal no apoio e potencialização de mulheres negras e periféricas é a Oficina Escola de Culinária. Em funcionamento no Galpão ZL, núcleo de Prática Local da Fundação situado no Jardim Lapena, na zona leste de São Paulo, o espaço é um vetor nesse cenário: por lá passaram mais de mil mulheres durante a primeira década de funcionamento, que tiveram acesso a capacitações, oportunidades de geração de renda e empoderamento social e pessoal. Algumas das histórias das alunas potencializadas graças ao trabalho feito no espaço foram retratadas no livro Cozinha de Afetos: Dez Anos de Temperos, Memórias e Histórias do Jardim Lapena, lançado em setembro de 2019.
Os exemplos citados mostram quão importante o investimento social – seja privado ou público – em mulheres, em particular negras e periféricas, é para o combate a desigualdades socioterritoriais. E esse aspecto dialoga com o diagnóstico feito no estudo A Importância da Diversidade, da consultoria McKinsey & Company, segundo o qual empresas que se pautam pela diversidade de gênero têm 15% a mais de possibilidades de ter retorno financeiro em comparação com concorrentes, ao passo que a proporção aumenta para 35% nos casos de empresas que se pautam pela diversidade étnica.