Guardiãs do Território falam sobre território, mobilização social e cuidado durante a Semana de Inovação
Guardiãs do Território e lideranças do Colegiado do Plano de Bairro do Jardim Lapena falaram sobre a atuação em favor da população durante a atividade 'Território, mobilização social e cuidado', durante a Semana de Inovação, da Enap.
Território, mobilização social e cuidado. Estes foram os tópicos centrais da atividade homônima, da qual o grupo Guardiãs do Território, do Jardim Lapena, bairro da zona leste de São Paulo, foi protagonista durante a edição 2024 da Semana de Inovação, da Escola Nacional de Administração Pública (Enap).
A roda de conversa evidenciou, a partir da experiência territorial do grupo e dos relatos de lideranças do Colegiado do Plano de Bairro do Jardim Lapena e das Guardiãs do Território, o papel da mobilização comunitária. Essa dimensão ganhou ainda mais evidência quando se fala em Política Nacional de Cuidados com base territorial.
Nesse sentido, Vânia Silva, analista de Programas e Projetos da Fundação Tide Setubal, esteve também presente na atividade Território, mobilização social e cuidado. Durante sua participação, Vânia destacou, então, como a criação do Plano de Bairro do Jardim Lapena funcionou como um vetor para a comunidade apresentar demandas para o poder público. Consequentemente, tratou-se de uma estratégia para a conquista de melhorias para o bairro – como as obras de caminhabilidade lá realizadas.
“Obtivemos muitas conquistas palpáveis, as quais conseguimos visualizar, e as pessoas compreendem o que esse movimento faz”, comenta Vânia Silva. “Algo que nos deixa muito mais felizes e que o Plano de Bairro faz é a mudança de pensamento do morador, que passa a participar desses processos.”
Engajamento e atenção
Outro ponto da roda de conversa Território, mobilização social e cuidado compreendeu o trabalho que as Guardiãs do Território exercem com a comunidade local. Dentro dessa lógica, Marleide Rezende, integrante do grupo, coloca em pauta a interlocução colocada em prática com o poder público para o atendimento às demandas da população. Essa lógica estende-se à relação que as Guardiãs criaram com quem mora na região.
“Quando acontece alguma coisa, a população do Jardim Lapena dirige-se ao Espaço Cuidar das Guardiãs”, comenta Marleide. “Caso não consigamos resolver, vamos atrás do poder público e lutar até conseguirmos o que almejamos, o que trará melhorias e cuidado para o bairro.”
Assim sendo, outra dimensão do trabalho das Guardiãs do Jardim Lapena que fez parte da atividade Território, mobilização social e cuidado diz respeito ao cuidado socioambiental e ao acolhimento e a ações em âmbito educacional. Daniele Matielli, também integrante das Guardiãs do Território, falou durante o evento sobre o trabalho que as Guardiãs do Território desenvolvem com esse propósito. “Ofertamos no Espaço Cuidar oficinas de crochê e de artesanato e aulas de alfabetização para mulheres. Elas têm liberdade de falar sobre suas preocupações, anseios e medos nesses espaços. Elas chegam fragilizadas e se fortalecem lá.”
Mobilização social e autocuidado
Essa dinâmica torna-se, então, ainda mais emblemática ao levar-se em consideração os efeitos que o trabalho realizado no território tem para quem o realiza. Esse é o caso da afroempreendedora Kelly Cristiane, também integrante do grupo Guardiãs do Território e participante do GT de Economia Solidária do Jardim Lapena.
Durante sua participação no evento Território, mobilização social e cuidado, ela destacou durante a sua intervenção o impacto que o trabalho desenvolvido pelo grupo teve na sua própria trajetória. “Consideramos que estamos ajudando, mas somos nós que estamos sendo ajudadas. Estar junto com outras mulheres é muito valioso, além de que uma entende as dores da outra”
Finalmente, Kelly Cristiane falou a respeito da confiança que a comunidade tem no trabalho e no acolhimento proporcionado pelas Guardiãs do Território. E, é claro, como essa dinâmica reflete na própria trajetória. “O que mais impacta é o crescimento. Eu era uma mulher em 2020 e sou hoje uma pessoa transformada. E eu não me transformei sozinha: isso foi com a força dessas mulheres.”
Texto e foto: Amauri Eugênio Jr.