Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Integrantes do Programa Jovens Urbanos desenvolvem projetos de impacto nos territórios
Por Carolina Nascimento Uma senhora é roubada, um rapaz negro vai socorrê-la e é baleado por um policial. Este é o início da coreografia de um espetáculo criado pelo grupo Dancitude, formado por jovens que participam da12º edição do Programa Jovens Urbanos. Apresentada no dia 10 de novembro no Galpão de Cultura e […]
Por Carolina Nascimento
Uma senhora é roubada, um rapaz negro vai socorrê-la e é baleado por um policial. Este é o início da coreografia de um espetáculo criado pelo grupo Dancitude, formado por jovens que participam da12º edição do Programa Jovens Urbanos. Apresentada no dia 10 de novembro no Galpão de Cultura e Cidadania, no Jardim Lapenna, durante a Conversa Franca sobre o Genocídio da Juventude Negra, a atividade integrou a programação da 8º Festival do Livro e da Literatura de São Miguel, que teve como tema “Letras Pretas: poéticas de corpo e liberdade”.
O Programa Jovens Urbanos tem como principal objetivo contribuir para a ampliação do repertório sociocultural dos jovens e ajudá-los a concluir o Ensino Médio, ingressar no Ensino Superior e realizar seus projetos de vida. Ele é uma iniciativa da Fundação Itaú Social com coordenação técnica do Cenpec, parceria institucional com a Fundação Tide Setubal e execução das organizações da sociedade civil Jovens do Brasil – em parceria com o espaço Aldeia Satélite – e Projeto Cultural Educacional Novo Pantanal (Procedu).
A dança que discute preconceito e genocídio da juventude negra é um dos trabalhos de conclusão do programa, no qual os participantes fazem uso de diferentes linguagens, como fotografia, vídeo, teatro ou texto para criar ações que impactem suas comunidades. Em São Miguel, quatro trabalhos desenvolvidos por grupos de jovens com entre 15 e 20 anos foram apresentados no final do mês outubro para bancas avaliadoras no Galpão de Cultura e Cidadania e na Aldeia Satélite.
Segundo Gisele Rocha, parte do núcleo de formação do programa pelo Cenpec, esse momento é muito importante para conhecer melhor os jovens e avaliar como o processo da formação impactou neles. “Em todos os projetos, é possível perceber como os jovens estão apropriados de suas ideias sobre os temas escolhidos e como eles se articularam para realizar as ações”, afirma.
Continuidade
Após a banca, os trabalhos continuaram sendo desenvolvidos com educadores locais e receberam supervisão de assessores especializados. Até o final do ano, as ações planejadas começam a ser realizadas. “Nós estamos treinando para o dia 01 de dezembro, quando iremos realizar nosso evento e mostrar nossa dança completa, discutindo com outros jovens essa temática”, conta João Vitor de Almeida Pereira, 17 anos, integrante do grupo Dancitude.
O projeto “Recordando a quebrada: resgatando jogos e brincadeiras populares”, também fruto do Programa Jovens Urbanos, já saiu do papel: no último sábado, dia 18, ocupou o espaço de uma escola de São Miguel para promover junto a crianças da comunidade atividades de lazer. “A ideia de vivenciar brincadeiras populares surgiu da vontade de não deixar isso acabar, e como base para o projeto usamos as referências de Alceu Maynard Araújo, um autor que estudamos durante a formação”, conta Vitor Emanoel Rodrigues Farias, 17 anos, integrante dos Jovens Urbanos.
Outros dois projetos serão executados entre o final do mês de novembro e o início de dezembro. A iniciativa “Um prato de cultura com uma pitada de respeito” aborda a questão da xenofobia por meio da experimentação culinária e o “Encontros da margem literária” discute a literatura em suas mais diversas formas.
Todas as ideias valorizam ações no próprio território. Para Viviane Soranso, da Fundação Tide Setubal, esse é um reflexo direto de todo o caminho percorrido até o momento no Programa Jovens Urbanos. “Os projetos têm bagagem teórica e mostram muito conhecimento sobre o território por parte dos jovens. Acredito que as vivências dos outros módulos foram elementos importantes para eles terem esse olhar e essa construção”, afirma. Ainda segundo ela, é um ganho fazer com que os participantes percebam que também podem contribuir de alguma forma com o bairro.