Mobilização social em favor do fortalecimento de atores periféricos
Por Amauri Eugênio Jr. / Foto: Banco de imagens Atuar, em diversas frentes, em favor do fortalecimento de atores periféricos e da redução de desigualdades socioterritoriais, de gênero e raça. Esse é o foco de atuação do núcleo de Mobilização e Social e Redes em 2020, uma vez que os resultados observados nas […]
Por Amauri Eugênio Jr. / Foto: Banco de imagens
Atuar, em diversas frentes, em favor do fortalecimento de atores periféricos e da redução de desigualdades socioterritoriais, de gênero e raça. Esse é o foco de atuação do núcleo de Mobilização e Social e Redes em 2020, uma vez que os resultados observados nas iniciativas desenvolvidas pela área em 2019 mostraram a necessidade em aprofundar nessa temática.
A mesma lógica vale para a importância de sensibilizar fundações, institutos e empresas privadas para promover uma agenda de equidade racial e de gênero e, desse modo, em favor do desenvolvimento de iniciativas que fomentem a integração e a valorização da diversidade no quadro de funcionários.
Diversos indicadores relacionados a gênero, raça e território mostram quão urgente é investir em políticas de fomento para pessoas negras e para o fortalecimento de atores periféricos – e a mudança de tal panorama é o que norteia o trabalho da área de Mobilização Social e Redes.
Fortalecimento de lideranças periféricas
Em parceria com a plataforma digital de financiamento coletivo Benfeitoria, a Fundação Tide Setubal desenvolveu o Matchfunding Enfrente, iniciativa que visa potencializar a atuação de projetos de todo o Brasil que transformam as realidades dos respectivos locais onde atuam.
A primeira onda do Matchfunding recebeu 303 inscrições de projetos em pontos diversos do país, entre os quais 15 foram selecionados para receber consultoria preparatória para a divulgação e captação de verba – a cada R$ 1 captado, a Fundação Tide Setubal doará R$ 2. Desse modo, o objetivo será mapear, convocar, capacitar, cofinanciar e conectar projetos de agentes locais das periferia urbanas brasileiras. E a segunda onda do Matchfunding Enfrente receberá inscrições até 30 de abril.
Outra iniciativa voltada ao fortalecimento da potência de territórios periféricos é o edital Elas Periféricas, voltado ao fortalecimento de projetos capitaneadas por mulheres negras e dos territórios onde eles estão inseridos, que ajudou a potencializar os trabalhos de 12 organizações e coletivos – foram seis em 2018 e outras seis em 2019.
A terceira edição intensificará o processo de potencialização de lideranças femininas negras por meio de mentoria, formação e apoio financeiro, cujo processo será resultante dos aprendizados que a área de Mobilização Social e Redes teve nos anos anteriores – o edital será lançado no segundo semestre de 2020.
Fomento à academia
A área de Mobilização Social e Redes tem se engajado com mais força no apoio e fomento à produção acadêmica. Um dos projetos nos quais o grupo se envolveu é o Edital Equidade Racial na Educação Básica, iniciativa desenvolvida em conjunto com a Fundação Itaú Social, o Instituto Unibanco e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), além de parceria técnica com o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), visa fomentar pesquisas que apontem soluções para dificuldades da inserção da equidade racial e para o debate sobre desigualdades étnico-raciais na educação básica. O objetivo do projeto está também no fortalecimento de centros e grupos de pesquisa na área, assim como mapear oportunidades estratégicas de atuação. A chamada para o processo seletivo para o edital será lançada em março de 2020.
Outras iniciativas no campo acadêmico dizem respeito ao apoio pelo segundo ano consecutivo ao projeto Pontes e Vivências de Saberes da Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência, vinculada ao Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP). Ainda, a área colaborou com a criação do Núcleo Afro (CEBRAP), coordenado por Márcia Lima, professora doutora do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo e conselheira da Fundação Tide Setubal, que visa realizar pesquisas sobre temática racial, visando o enfrentamento do racismo, promoção dos direitos humanos e fortalecimento da democracia.
A Fundação Tide Setubal assinou também com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) um acordo de cooperação para fomento a pesquisas voltadas ao estudo sobre periferias urbanas e áreas socioambientalmente vulneráveis na Região Metropolitana de São Paulo. O objetivo da iniciativa, que prevê a realização de ações conjuntas por cinco anos, é aprimorar políticas públicas, fortalecer organizações locais e atuar na redução das desigualdades e na garantia de direitos.
Em paralelo, a Fundação está em processo de desenvolvimento do Projeto Formação de Lideranças, cujo foco é potencializar lideranças periféricas – e preferencialmente negras – que estejam se destacando em seus respectivos territórios por meio das iniciativas desenvolvidas lá. O projeto preparará tais atores para o ingresso em programas de fellowship – bolsas de especialização -, residência ou bolsas de organizações parceiras.
Ainda, o know-how da Fundação Tide Setubal possibilitou o desenvolvimento do projeto Diversidade e Inclusão, voltado à sensibilização de fundações, institutos e empresas privadas para a importância da agenda de equidade racial e de gênero. O objetivo da iniciativa é implementar ações para integrar e valorizar a diversidade dos respectivos quadros de funcionários.
Encontro cokm Zamaswazi Dlamini no Festival Mário de Andrade – A Virada do Livro, que contou com apoio da Fundação Tide Setubal (Amauri Eugênio Jr.)
Mobilização cultural
A edição 2020 do Clipe (Circuito Literário nas Periferias) seguirá a trilha dos anos anteriores e tem como missão contribuir para o processo de letramento em territórios periféricos, ao influenciar de modo positivo a alfabetização escolar, e o fortalecimento de lutas e identidades raciais e de gênero, uma vez que essas pautas são transversais à literatura periférica.
Outro aspecto relacionado ao objetivo do Clipe dialoga com a valorização da produção cultural nos territórios onde já atua. O apoio ocorre, inclusive, por meio de patrocínios de festivais de literatura e para o fomento de projetos variados na mesma área.
O que mudará este ano em comparação com os anteriores é a ampliação do trabalho exercido para o desenvolvimento de políticas públicas para o campo literário, além de estudos de projetos voltados à geração de renda e empreendedorismo por meio da literatura.
Para além da Fundação
Outro foco do eixo de Mobilização Social e Redes em 2020 é a articulação com demais entidades do Investimento Social Privado (ISP) em favor da promoção da equidade social, em especial racial e de gêneros. Um ponto a ser destacado é o fato de os membros que compõem a equipe desse núcleo da Fundação continuarem na coordenação da Rede Temática de Equidade Racial do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), para criar espaços de reflexão e de promoção de práticas que contribuam para a sensibilização de demais instituições do ISP.
O guia O que o Investimento Social Privado Pode Fazer Pelos Direitos das Mulheres, produzido pelo GIFE com o apoio da Fundação Tide Setubal e do Instituto Avon, será lançado em março. A publicação visa orientar atores do ISP e organizações filantrópicas sobre como iniciar estratégias de apoio voltadas aos direitos das mulheres.
Vale destacar também que a Fundação promove apoios institucionais a organizações engajadas em pautas relativas a gênero e raça. Pode-se citar, por exemplo, o Geledés, organização de referência na defesa da equidade e na defesa dos direitos humanos, com foco em mulheres e pessoas negras; e a Feira Preta, o maior evento de cultura e empreendedorismo negro na América Latina, voltado ao protagonismo de empresários negros atuantes em áreas diversas.