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Democratizar e descentralizar o debate e os cuidados com a saúde mental

Por Amauri Eugênio Jr.

 

 

Desenvolver e fomentar propostas que promovam a circulação e a ampliação de práticas no campo da saúde mental nos diversos territórios periféricos, sobretudo em âmbito psicanalítico, como forma de democratizar e descentralizar a produção de conhecimento e o atendimento psíquico. Esses são os objetivos do projeto Territórios Clínicos, iniciativa da Fundação Tide Setubal que visa atingir essas metas por meio do fomento a organizações atuantes nas periferias urbanas e alinhadas a essa lógica.

 

A primeira chamada consiste em apoio financeiro a sete iniciativas, por meio de carta-convite, que atuam nos seus respectivos territórios por meio de atendimento clínico individual ou em grupo, assim como na formação para profissionais do campo da psicologia, psicanálise e assistência social. Além do suporte de recursos, esses grupos participam também de reuniões de acompanhamento e formação, para potencializar o trabalho desenvolvido por esses grupos – os encontros acontecerão ao longo dos dois anos de fomento.

 

De acordo com Tide Setubal S. S. Nogueira, coordenadora de Saúde Mental da Fundação e do projeto Territórios Clínicos, as atividades têm sido desenvolvidas com grupos que reconhecem e fundamentam a atuação a partir de questões de raça, gênero, classe, territoriais e coloniais. “No contexto atual é premente que as ações no campo da saúde mental sejam cada vez mais expandidas, contemplando as periferias tanto no direito a serem escutadas, quanto no acesso a formações que possibilitem que os espaços produtores de conhecimento teórico não se mantenham centralizados e, na maioria das vezes, elitizados.”

 

 

Mapear para descentralizar

 

Um ponto estratégico dentro do trabalho do projeto Territórios Clínicos é o mapeamento de projetos, iniciativas e coletivos que prestam atendimento psicanalítico à comunidade. Essa etapa tem também como foco realizar uma sondagem de quais grupos, coletivos, organizações atuam neste sentido na cidade de São Paulo.

 

Esse mapeamento poderá ser também usado por trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) e Sistema Único de Assistência Social (SUAS), agentes do investimento social privado, pesquisadores, entre outros profissionais desse segmento. Para a coordenadora do projeto, espera-se “que a publicação do mapeamento possa, ao mesmo tempo, promover um debate acerca da imensa centralização territorial que existe no que é ofertado em psicanálise e psicologia e estimular que novos projetos possam se inspirar nesses trabalhos para propor outras intervenções no campo da clínica social.”

 

Outro ponto relacionado ao projeto, inclusive no que diz respeito ao mapeamento, diz respeito ao foco em tornar acessíveis os cuidados com a saúde mental para o público geral. Sendo assim, é fundamental romper com a perspectiva individual, na qual quem sofre e produz sintomas é inadequado e precisa ser tratado para adaptar-se às demandas da sociedade e ao mercado de trabalho.

 

“Esta lógica se mantém quando quem produz conhecimento e o dissemina não rompe com este discurso hegemônico – é por isso que incentivamos que a ocupação destes lugares seja diversa e crítica. Na nossa concepção, o que há de mais importante é que esse debate circule de maneira a romper com essa ideia individualizada e que possa ser um tema que as pessoas se apropriem a partir de uma perspectiva de que saúde mental concerne a todos”, completa Tide Setubal S. S. Nogueira.

 

 

Iniciativas escolhidas

 

A primeira chamada do projeto Territórios Clínicos conta com iniciativas potencializadas por meio de carta-convite. São elas:

 

  1. Casa de Marias;
  2. Grupo Veredas – Psicanálise e Imigração;
  3. Instituto AMMA Psique e Negritude;
  4. Margens Clínicas;
  5. PerifAnálise;
  6. Roda Terapêutica das Pretas;
  7. SUR Psicanálise.

 

Em 2023, o projeto fará um edital, em formato de matchfunding, para ampliar o número de iniciativas apoiadas e diversificar os grupos apoiados atuantes no campo psicossocial. Confira mais informações sobre as organizações que foram apoiadas na primeira edição.

 

 

Mais pontos de debate

 

O projeto Território Clínicos conta também com parceria com o canal do YouTube Inconsciente Coletivo. A iniciativa, que visa debater temas como saúde mental pública, saúde mental na pandemia, racismo, branquitude, imigrantes e clínicas públicas de psicanálise, conta com entrevistas realizadas com os psicanalistas Christian Dunker, Ana Carolina Barros Silva, Lia Vainer Schucman e Joel Birman.

 

O projeto prevê, incluindo as entrevistas já realizadas, 12 diálogos no decorrer de 2021. Confira isso tudo no Enfrente, canal da Fundação Tide Setubal no YouTube.

 

 

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