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Qual é o papel do ISP na democratização da saúde mental?

A ampliação do debate sobre o democratização da saúde mental, seja na gestão pública interna e nas estratégias de atuação e investimentos na área, foi o mote da mesa Saúde mental na gestão e atuação da filantropia brasileira, que aconteceu durante o o 12° Congresso Gife – Desafiando as estruturas de desigualdades.

 

A atividade, que foi realizada em 13 de abril, no segundo dia do evento, foi mediada por Rayssa Winnie, consultora na área de educação e impacto social. Desse modo, o debate sobre o papel do campo do investimento social privado na democratização do acesso à saúde mental contou com participações de:

 

  1. Tide Setubal, coordenadora do projeto Territórios Clínicos
  2. Clélia Prestes, coordenadora de Formação no AMMA Psique e Negritude
  3. Christian Dunker, coordenador no Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise
  4. Luciana Barrancos, gerente executiva no Instituto Cactus.

 

 

+ Confira a reportagem sobre o Seminário Territórios Clínicos

 

 

Em sua fala, Tide Setubal relatou que quando começou a idealizar o projeto Territórios Clínicos, o debate sobre democratização da saúde mental não estava no radar do ISP. Isso mostrou a necessidade de a Fundação implementar uma linha de apoio voltada ao tema. Com o tempo, outras organizações começaram a investir posteriormente em iniciativas nesse mesmo segmento.

 

Além disso, ao falar sobre o apoio a organizações atuantes com saúde mental nas periferias urbanas por meio do projeto Territórios Clínicos, Tide destacou a dimensão coletiva do tópico em contraponto à perspectiva individual comumente adotada. “É impossível não pensar na dimensão do sofrimento psíquico e na importância do tema. Tendemos a individualizar questões que têm a ver com sujeitos, mas precisamos olhar para o coletivo – tem a ver com o contexto em que está inserido.”

 

 

+ Confira reportagem sobre o papel do ISP na defesa da democracia durante o 12°Congresso Gife

 

Saúde mental, estrutura social e caminhos possíveis

Em seguida, Luciana Barrancos, ao falar sobre o impacto de estruturas organizacionais de empresas sobre a saúde mental de trabalhadoras/es, destacou a urgência de haver transformações nas estruturas desses mesmos espaços – e no status quo social como consequência – para mitigar fatores que resultem no adoecimento psíquico de sujeitos.

 

“Precisamos olhar para ambientes de trabalho como produtores de saúde mental e isso passar a ser algo sistêmico. Isso não pode ficar somente no RH, pois é necessário que permeie em toda a empresa”, comenta Luciana.

 

Já Clélia Prestes destacou o impacto que a democratização da saúde mental tem nas vidas de pessoas negras com trajetória periférica. Para além disso, ela reforçou a necessidade de democratizar a discussão sobre o tema, assim como o acesso a tratamentos com essa dinâmica.

 

Clélia destacou também, sobretudo, ser impossível existir saúde mental se apenas um grupo tiver condições de acessar tratamentos e iniciativas com esse propósito. “Incluir pessoas negras nesta solução é cuidar da saúde da organização que a desenvolve. A saúde mental somente será possível se estivermos incluídas em todos os espaços e todas as instâncias.”

 

Por fim, Christian Dunker destacou a necessidade de migrar a perspectiva psicanalítica de formação hierarquizada e verticalizada. Como contraponto, o objetivo é questionar sobre quais são os recursos naturais que fazem parte de um determinado território para aumentar a efetividade do tratamento à população. “Deve-se começar por uma alteração do nosso olhar, ao não olhar para as pessoas como se não tivessem recurso nenhum. Trazer saúde mental é também transformar o politicamente o sujeito em relação aos seus sofrimentos”, finaliza.

 

 

 

Assista à participação de Christian Dunker na primeira temporada da série É Preciso Falar Sobre Saúde Mental

 

 

Texto: Amauri Eugênio Jr. / Foto: Dener Alcardi

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