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O que os desertos de notícias mostram sobre o acesso à informação no Brasil?

Primeiro, vamos a uma boa notícia: o número de cidades com pelo menos um veículo jornalístico no Brasil aumentou.

 

De acordo com a sexta edição do Atlas da Notícia, censo de autoria do Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo), 51,3% dos municípios brasileiros tiveram ao menos um veículo mapeado. Esse número, que totaliza 2.858 cidades e 176,3 milhões de pessoas com acesso a informações sobre as suas próprias cidades, representa redução de 8,6% no total de desertos de notícias. Esse é o menor patamar desde a primeira edição do levantamento.

 

Todavia, nem tudo são flores. Para se ter uma ideia, 48,7% dos municípios – ou seja, 2.712 – estão sem jornais ou sites sobre os seus respectivos cotidianos. Ainda de acordo com o Atlas da Notícia, esse patamar equivale a 26,7 milhões de pessoas sem notícias sobre os lugares onde vivem, segundo dados demográficos com base no Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Mesmo com os dados inegavelmente preocupantes sobre acesso à informação, pode-se notar o papel de veículos independentes e comunitários para, ao menos, mitigar esse cenário. O mesmo levantamento identificou que 5.245 veículos digitais e 4.836 rádios estão em funcionamento no país. Ou seja, o somatório dos dois meios abrange 70% do total de veículos dentro do Atlas da Notícia.

 

Acesso à informação = democracia mais forte

Nesse sentido, falar sobre acesso à informação equivale ao debate sobre fortalecer a democracia. Essa lógica dialoga com o entendimento de Bianca Santana, doutora em ciência da informação pela Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP), e militante da UNEAfro Brasil.

 

Bianca, que é também autora da biografia Continuo Preta: A Vida de Sueli Carneiro e do livro Quando Me Descobri Negra, considera que as liberdades de expressão e de imprensa são pilares para a garantia e conquista de outros direitos.

 

“Sem liberdade de expressão não há nenhuma possibilidade de as pessoas se organizarem politicamente. Sem liberdade de imprensa, o poder não é questionado e fiscalizado – denúncias não são possíveis. Não é à toa que governos autoritários atacam as liberdades de expressão e de imprensa, pois ali são menos questionados. E, com isso, não há democracia”, pondera.

 

O combate à desinformação

Outra dimensão quando se fala em fortalecimento da democracia e acesso à informação compreende o combate a mentiras propositalmente disseminadas – desinformação, em resumo.

 

Para se ter uma ideia, de acordo com levantamento da Poynter Institute veiculado em 2022, quatro a cada brasileiros relataram receber conteúdo falso diariamente. Esse patamar torna-se mais emblemático sobre o receio de cair em fake news ou que isso aconteça com parentes: o percentual sobe para 65% nesse caso.

 

O combate à desinformação é um ponto de destaque para Magali Cunha, doutora em Ciências da Comunicação, pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (Iser). Magali é também editora-geral do Coletivo Bereia, agência de checagem de fatos voltada à análise de conteúdos veiculados de mídias religiosas e em redes sociais que abordem conteúdos sobre religiões.

 

De acordo com a editora-geral do Coletivo Bereia, o combate a mentiras passa por fatores além da razão propriamente dita. Ou seja, é necessário também considerar como sentimentos podem ser aliados nesse sentido. “Ao oferecer um conteúdo, é necessário oferecer um que respeite o que afeta as pessoas. A linguagem deve ser ao mesmo tempo jornalística e respeitosa com a questão religiosa que perpassa o universo naquele público. É um desafio muito grande para lidar com sentimentos e afetos.”

 

Fortalecer a atuação de comunicadores das periferias

Assim como o fortalecimento da democracia passa pelo acesso à informação, é fundamental apoiar o trabalho de coletivos comunicacionais das periferias de todo o Brasil.

 

Esse é o objetivo da websérie Ancestrais do Futuro, iniciativa da Fundação Tide Setubal que visa mostrar as dinâmicas diversas da mobilização das juventudes brasileiras em seus respectivos territórios. As duas temporadas da série foram compostas por episódios produzidos por coletivos audiovisuais atuantes em diversas periferias Brasil adentro.

 

Confira a seguir a primeira temporada. Os episódios tiveram como ponto de partida as múltiplas e variadas estratégias de mobilização das juventudes para transformar a realidade sociopolítica e cultural dos seus territórios.

 

 

 

 

Já a segunda temporada teve como premissa o sonho coletivo e os seus desdobramentos quando o assunto é a construção de sociedades pautadas pela equidade e pela justiça.

 

 

 

 

Acompanhe mais novidades no site e no Instagram da Fundação Tide Setubal.

 

Saiba mais

+ Leia a entrevista de Bianca Santana

+ Confira a ntrevista de Magali Cunha

+ Acesse a entrevista de M.M. Izidoro

+ Leia a entrevista de Tayguara Ribeiro

+ Entrevista de Tukumã Pataxó

 

 

 

Texto: Amauri Eugênio Jr. / Foto: Fabrizio Neitzke / Flickr

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