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É sempre necessário repetir: vidas negras importam!

Há um genocídio em curso no Brasil. Não é uma constatação com base nos incidentes dos últimos dias, meses ou anos. Esse genocídio começou desde quando as pessoas negras foram trazidas como escravizadas ao Brasil e perdura até hoje.

 

Apesar de ainda se insistir na ideia da democracia racial, com direito a revisionismo histórico e reforço do racismo com argumentos que remetem à ideia de “racismo reverso”, a verdade é que pessoas negras são alvos de toda a sorte de dinâmicas violentas. Elas são sempre encontradas por balas que de perdidas só têm o nome. Desse modo, a pele e a existência delas respaldam o argumento da legítima defesa – defesa contra a existência negra, talvez. Reivindicar direitos, mesmo aquém do mínimo necessário, ou ousar ocupar espaços de poder e de decisão são, não raras vezes, a causa mortis delas.

 

Moïse Mugenyi Kabagambe. Durval Teófilo Filho. Kathlen Romeu e seu filho, ainda em seu ventre. João Pedro Matos Pinto. Evaldo Rosa. Marcos Vinícius Silva. Ágatha Felix. Marielle Franco. Cansamos de falar – e chorar – por aquelas/es que são mortas/os dia sim, outro também. Não é de hoje que a Fundação Tide Setubal se coloca como aliada de organizações e coletivos do movimento negro, denuncia a normalização da barbárie da eliminação de corpos negros como se isso fosse um evento banal.

 

Sob qualquer ângulo, é inaceitável que pessoas negras representem, segundo o Atlas da Violência 2021, 77% das vítimas de homicídios e que a taxa de violência letal contra elas seja 162% maior que entre cidadãos não negros. Aliás, esses indicadores, que não traduzem a dor e o sofrimento de incontáveis famílias, e a banalidade do mal à brasileira são ultrajantes sob qualquer perspectiva.

 

De fato, dizer que a sociedade civil precisa mobilizar-se e erguer-se em oposição ao genocídio da população negra é redundante. Notas de repúdio não bastam e não trarão de volta pais, mães, filhas/os, companheiras/os, amigas/os, é verdade. Ainda, elas não devolverão as vidas de Moïse, Durval, Kathlen, João Pedro, Evaldo, Marcos Vinícius, Ágatha, Marielle e muitas/os outras/os cujas vidas foram ceifadas.

 

Ainda assim, todas/os têm de agir e posicionar-se contra o genocídio há séculos em curso no Brasil – e que, em larga medida, serviu como base para a construção da sociedade brasileira. A luta por uma sociedade na qual todas as vidas sejam de fato respeitadas passa, obrigatoriamente, pelo reconhecimento de cada um/a sobre o seu respectivo papel nessa causa. É necessário dizer o seguinte o tempo todo, afinal: VIDAS NEGRAS IMPORTAM!

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