• Ir para o conteúdo
  • Ir para o menu
  • Acessibilidade
  • Contato
  • EN
Logo da Fundação Tide Setubal. A imagem ilustra a página sobre metodologias da Fundação Tide Setubal.
  • A Fundação
    • Quem somos
    • Quem foi Tide Setubal
    • História
    • Equipe e conselho
    • Transparência
    • Parcerias
  • Atuação
    • Como atuamos
    • Prática de Desenvolvimento Local
      • Desenvolvimento Humano
      • Desenvolvimento Urbano
      • Desenvolvimento Econômico
    • Fomento a Agentes e Causas
      • Fortalecimento de organizações e lideranças periféricas
      • Apoio à pesquisa
      • Mobilização de ISP e da sociedade civil
      • Projetos apoiados
    • Programas de Influência
      • Lideranças Negras e Oportunidades de Acesso
      • Planejamento e Orçamento Público
      • Cidades e Desenvolvimento Urbano
      • Nova Economia e Desenvolvimento Territorial
      • Democracia e Cidadania Ativa
    • Comunicação
    • Desenvolvimento Organizacional
  • Iniciativas
  • Galpão ZL
    • Galpão ZL
    • Agenda
  • Editais
    • Editais para as periferias
    • Elas Periféricas
      • Elas Periféricas 1
      • Elas Periféricas 2
      • Elas Periféricas 3
      • Elas Periféricas 4
    • Matchfunding Enfrente
    • Edital Traços
    • Territórios Clínicos
      • Edital Territórios Clínicos 2021/2022
      • Edital Territórios Clínicos 2023
  • Em Rede
  • Notícias
  • Conhecimento
    • Artigos
    • Publicações
    • Materiais de Estudo
    • Glossário
  • Imprensa
    • Contato de Imprensa
    • Releases
    • Na mídia
  • Podcast
    • Podcast Essa Geração
      • Temporada 1
      • Temporada 2
      • Temporada 3
      • Temporada 4
      • Temporada 5
      • Temporada 6
      • Temporada 7
    • Podcast Desiguais
    • Podcast Escute as Mais Velhas
  • Contato
  • Acessibilidade
  • EN
Facebook LinkedIn
Home > Comunicação > Notícias

Comprometer-se com a luta antirracista é entender-se como parte do problema – Fundação Tide Setubal entrevista Cléa Maria Ferreira

Por Amauri Eugênio Jr.     A promoção de práticas educacionais antirracistas e que fujam da lógica eurocêntrica é um assunto que tem se tornado recorrente entre profissionais da educação. Parte significativa dessa lógica deve-se à Lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade da inclusão do ensino da história e cultura afro-brasileira no currículo escolar, e […]

Imagem de Cléa Maria Ferreira. Ela tem cabelos escuros cacheados e veste blusa colorida com estampa composta por formas geométicas, e que tem destaques para tonalidades quentes - vermelho, amarelo e laranja - e detalhes em branco e preto. Imagem de Cléa Maria Ferreira. Ela tem cabelos escuros cacheados e veste blusa colorida com estampa composta por formas geométicas, e que tem destaques para tonalidades quentes - vermelho, amarelo e laranja - e detalhes em branco e preto.

Por Amauri Eugênio Jr.

A promoção de práticas educacionais antirracistas e que fujam da lógica eurocêntrica é um assunto que tem se tornado recorrente entre profissionais da educação. Parte significativa dessa lógica deve-se à Lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade da inclusão do ensino da história e cultura afro-brasileira no currículo escolar, e à Lei 11.645/08, que estende essa lógica à história e à cultura indígena brasileira.

Apesar de ambas as leis estabelecerem diretrizes para a educação brasileira incorporar os saberes e criações de ambos os grupos, elas e os seus respectivos tópicos principais têm sido alvos de resistência e de ataques de grupos para os quais qualquer tentativa de ruptura com a lógica educacional, inclusive usada na formação de professores, se trata de doutrinação.

Em virtude do mês das(os) professoras(es), lembrado em outubro, e da reflexão sobre a urgência da implementação de práticas antirracistas na formação de docentes e gestores educacionais, assim como a importância das leis 10.639/03 e 11.645/08 nesse cenário, a Fundação Tide Setubal entrevista Cléa Maria Ferreira, doutora em Educação, pesquisadora de questões raciais e pedagogias decoloniais e gerente de Currículo e Formação do Instituto Reúna, organização sem fins lucrativos que trabalha em prol da qualidade e da equidade educacional e que visa colaborar com a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Confira o diálogo a seguir.

De modo geral, como a perspectiva antirracista na educação pode ser um elemento fundamental para o combate ao racismo na sociedade?

Educação forma os sujeitos transformadores da sociedade – é um caminho para a transformação estrutural. Não é possível pensar a transformação e a reconfiguração da sociedade, assim como na eliminação do racismo e de toda forma de discriminação e preconceito, sem envolver a educação. Ela é um pilar fundamental das transformações sociais, mas serviu como forma de disseminação e manutenção da lógica racista. Para desconstruirmos essa perspectiva, mudar as práticas pedagógicas, é necessário reconfigurar as relações de poder estabelecidas.

Sem mudar as relações com o conhecimento e entre as pessoas, que acontecem no microcosmo no qual as nossas subjetividades são formadas, é impossível falar em educação antirracista, eliminação do racismo e de toda forma de preconceito. Não à toa, os movimentos negros historicamente reivindicaram mudanças nas leis e políticas educacionais convergentes com a perspectiva antirracista, pois é necessário haver atuação em diversas frentes.

Como você avalia que a Lei 10.639/03 pode ser aplicada como elemento estratégico para sensibilizar docentes a adotar práticas antirracistas em sala de aula?

É fundamental situar a Lei 10.639/03 como elemento fundamental na luta antirracista no campo das políticas públicas, sobretudo na educação. Ela é resultado de uma luta histórica dos movimentos negros. Ela abre caminhos para a discussão sobre o antirracismo na educação, traz elementos fundamentais para a escola se pensar dentro dessa estrutura que reproduz o racismo e aponta, sobretudo, caminhos para desconstruir o racismo na educação e para uma formação efetivamente cidadã e para justiça cognitiva.

A Lei 10.639, embora ainda não tenha conseguido se estabelecer como farol fundamental de todas as políticas e práticas educacionais, é um passo fundamental e foi responsável por grande parte das transformações ocorridas. Há educadores que consideram a importância da lei, mas talvez ela não tenha tido os efeitos esperados, principalmente por ter sido implementada há quase 20 anos. As resistências à lei são frutos do racismo que perpassa, permeia e estrutura a sociedade. Durante muito tempo, a lei foi fundamental para subsidiar os educadores que, comprometidos com a luta antirracista, tiveram respaldo legal para dar passos importantes dentro dos contextos educacionais.

Ela é um elemento fundamental, abre caminho e dá pistas para educadores comprometidos com a luta antirracista, embora ainda seja subaproveitada e subrepresentada nos projetos político-pedagógicos de organizações educacionais. Mas é uma brecha fundamental para romper a estrutura sedimentada da educação que não reconhece, ou reconhece e valoriza pouco, as diferenças e os saberes produzidos por esses outros sujeitos. A mesma coisa vale para a reconfiguração do papel da população negra e indígena, pois ela abre caminho para a Lei 11.645/08, a qual inclui as culturas e histórias dos indígenas nos currículos escolares.

Quais são as possibilidades para professores e gestores dialogarem com setores conservadores ou sensibilizá-los sobre a adoção antirracista no ensino?

Há, primeiro, um processo de sensibilização dos próprios atores escolares. Quando pensamos que a Lei 10.639 é de 2003 e a Lei 11.645 é de 2008 e falamos sobre a necessidade e a importância do cumprimento previsto na lei em 2021, que alterou a LDB e já avalie, trazendo como premissa fundamental reconfigurar o tratamento da história e da cultura afro-brasileira, africana e indígena nos currículos escolares.

Quando falei da importância do trabalho com a educação, pois ela transforma as pessoas e as pessoas transformam o mundo, como já dizia Paulo Freire, é sobre um processo para sensibilizar atores escolares. Falar sobre racismo é de hierarquia e relações de poder em um dado momento para justificar a exploração e a desumanização desses sujeitos – esses grupos foram colocados como subalternizados. Por isso usamos a expressão subalternizados e minorizados, pois eles não são minoria. Esses grupos são desumanizados enquanto as culturas branca, europeia e do norte são colocadas como referências e lentes para olhar o mundo.

Se não reconhecermos a perversidade do racismo e o quanto ele provoca desigualdade e engendra processos de invisibilização e subalternização desses sujeitos, será muito difícil incorporar isso à prática e atuação consistente para eliminar o racismo. Falar sobre essas leis é também sobre reconfigurar a formação dos professores, que se passa nas universidades, na formação inicial e continuada. Quando se pensa nessa estrutura racista, a universidade é um espaço que reproduz essas relações de poder nos currículos.

Cléa Maria Ferreira fala sobre a urgência da inclusão da perspectiva afro-brasileira em planos de ensino

Você acredita que adotar a perspectiva antirracista na educação ajuda a romper com a lógica eurocêntrica nas ciências humanas e na construção de conceitos nas exatas?

Falamos da dinâmica de reconfiguração dos currículos. Falar de práticas educacionais antirracistas é falar de algo muito simples: reconhecer os efeitos do racismo na produção de disseminação do conhecimento e de reparar a invisibilização que marcou a produção de conhecimento na educação formal. Quando olhamos para as ciências humanas e exatas, falamos de negligenciar as contribuições de cientistas e intelectuais negros ao longo da história da ciência.

.

Usarei um exemplo muito emblemático para mim. O professor Milton Santos é um dos intelectuais mais importantes das ciências humanas no Brasil, como geógrafo e intelectual que pensa a sociedade como um todo. Quem não é da área específica da geografia pouco ouve falar sobre ele e das suas contribuições para pensar a sociedade. Fora do Brasil ele já foi reconhecido e premiado internacionalmente, mas não se ouve falar aqui sobre suas contribuições para as ciências. Não é nem sobre olhar a geografia em perspectiva negra, mas para o pensamento sobre as ciências humanas e trazer à luz a produção de conhecimento e a relevância sócio-histórica de um intelectual negro. Há exemplos em inúmeras áreas.

Cléa Maria Ferreira comenta sobre a invisibilização sofrida por intelectuais negras(os) no Brasil

A discussão sobre os aliados, pessoas dispostas a implicar-se na luta antirracista, mas têm postura passiva e usam do discurso do dar espaço e voz como a grande contribuição para a luta antirracista – essa é uma abordagem absolutamente equivocada. Comprometer-se com a luta antirracista é entender-se como parte do problema, alguém que perpetua, vive e goza desses privilégios, tem dificuldade de abrir mão deles e não opera em lógica de extrativismo ainda com a população negra por meio do extrativismo intelectual, expropriação e de colocar sob os nossos ombros a responsabilidade de romper e desconstruir um problema criado pela população branca.

O educador que pretende ser antirracista e aliado precisa implicar-se nesse processo, reconhecer e confrontar os seus privilégios e colocá-los a serviço da luta e entender-se como parte fundamental do problema e precisa ser parte da solução. É responsabilizar-se com o preenchimento dessas lacunas históricas, em que ponto deixou de buscar, conhecer, reconhecer e visibilizar esses outros conhecimentos e como usar o espaço de privilégio para evidenciar e reapresentar esses sujeitos e saberes marginalizados historicamente.

Na sua experiência, como a formação de professores e gestores em temas ligados à equidade racial podem auxiliá-los a tornarem-se cidadãos mais conscientes dos seus papéis na sociedade para formar novos cidadãos, isso para além do ambiente escolar?

Essa é uma pergunta difícil de responder, pois estamos nesta luta há bastante tempo. Um dos primeiros passos fundamentais nesse processo é ratificar o trabalho dos movimentos negros como espaços educativos. A professora Nilma Lino Gomes discorre brilhantemente sobre os movimentos negros como espaços educativos e de militância, de pensar sobre a questão negra no Brasil, de disputar isso dentro dos processos legais e da formação de intelectuais negros, da primeira grande geração de intelectuais negros que adentraram nos espaços formais e deram legitimidade, digamos assim, para as nossas discussões, que é a universidade.

Os poucos frutos colhidos são consequências da luta e do investimento dos movimentos negros históricos e do entendimento da importância de ocupar a escola e a universidade, espaços de poder no lugar de liderança. O simples fato de uma pessoa ser negra não necessariamente a habilita ou a coloca na posição de luta contra o racismo e reconhecê-lo. Um dos primeiros passos é entender e reconhecer os efeitos do racismo na sociedade e as consequências nocivas na sociedade sob o ponto de vista dos indivíduos e da coletividade.

Mobilizar e sensibilizar educadores para reconhecer os efeitos do racismo é o primeiro passo para a transformação. Quando pensamos, por exemplo, no movimento ocorrido a partir de junho do ano passado, é sintomático para mim, pois sofremos com o extermínio a violência contra a população negra no Brasil. Um evento nos EUA provocou o despertar, digamos assim, para a questão racial para além dos movimentos negros que há anos discutem a perversidade do racismo, os seus efeitos e consequências nocivas não só para a população negra, mas para a sociedade em geral – todos perdemos. Obviamente, nós, negros, perdemos muito mais: com o racismo perdemos a vida, a possibilidade do sonho e de futuro.

Cléa Maria Ferreira destaca possibilidades para a aplicação de perspectivas antirracistas no sistema educacional

A disposição do professor, para desaprender a lógica racista e aprender a perspectiva antirracista e as pedagogias decoloniais permitirá educação seguir no caminho da formação cidadã e para podermos falar em cidadania plena e em informação crítica, integral e integrada. Enquanto operarmos na perspectiva de desigualdade nos currículos e nas práticas curriculares, não poderemos falar em formação cidadã e integral. Enquanto houver racismo não haverá cidadania e não haverá democracia. Ao entendermos isso, seguir a passos largos e rápidos em direção da construção de uma sociedade equânime e justa – o que vem muito no discurso, mas está longe das nossas práticas.

Receba conteúdos novos periodicamente

Conteúdos relevantes no seu e-mail

Palavras Chaves

  • Antirracismo
  • BNCC
  • Cléa Maria Ferreira
  • Decolonialidade
  • educação

Você também pode gostar

Imagem de uma sala de reuniões nas quais estão pessoas de diversas etnias e raças. A foto ilustra o texto sobre como episódios de discriminação no mercado de trabalho afetam as trajetórias profissionais de pessoas negras. Imagem de uma sala de reuniões nas quais estão pessoas de diversas etnias e raças. A foto ilustra o texto sobre como episódios de discriminação no mercado de trabalho afetam as trajetórias profissionais de pessoas negras.
COMUNICAçãO

Como episódios de discriminação no mercado de trabalho afetam as trajetórias profissionais de pessoas negras?

De Fundação Setubal 20 de maio de 2024

Vista aérea da Marginal Pinheiros, em São Paulo. A imagem ilustra o texto sobre por que transformar a organização das cidades e das periferias é fundamental para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Vista aérea da Marginal Pinheiros, em São Paulo. A imagem ilustra o texto sobre por que transformar a organização das cidades e das periferias é fundamental para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas.
COMUNICAçãO

Por que transformar a organização das cidades e das periferias é fundamental para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas?

De Fundação Setubal 20 de maio de 2024

Imagem do lançamento da terceira temporada de Ancestrais do Futuro. Imagem do lançamento da terceira temporada de Ancestrais do Futuro.
COMUNICAçãO

Lançamento da terceira temporada de Ancestrais do Futuro coloca território e ancestralidade em evidência

De Fundação Setubal 29 de novembro de 2023

Voltar a pagina inicial Voltar à página inicial Voltar ao topo Voltar ao topo
Fundação Tide Logo Rodapé Mobile Fundação Tide Logo Rodapé desktop
R. Jerônimo da Veiga, 164, 13° andar 04536-000 | São Paulo | SP Brasil
Telefone: (11) 3168-3655
  • ícone do facebook rodapé
  • ícone do instagram rodapé
  • ícone do linkedin rodapé
  • ícone do youtube rodapé
Fechar mapa do site

A Fundação

  • Quem somos
  • Quem foi Tide Setubal
  • História
  • Equipe e conselho
  • Transparência
  • Parcerias

Iniciativas

Galpão ZL

  • Galpão ZL
  • Agenda

Editais

  • Editais
  • Elas Periféricas
  • Matchfunding Enfrente
  • Traços

Atuação

  • Como atuamos
  • Prática de Desenvolvimento Local
    • Desenvolvimento Humano
    • Desenvolvimento Urbano
    • Desenvolvimento Econômico
  • Fomento a Agentes e Causas
    • Fortalecimento de organizações e lideranças periféricas
    • Apoio à pesquisa
    • Mobilização de ISP e da sociedade civil
    • Projetos apoiados
  • Programas de influência
    • Lideranças Negras e Oportunidades de Acesso
    • Planejamento e Orçamento público
    • Cidades e desenvolvimento urbano
    • Nova economia e desenvolvimento territorial
    • Democracia e cidadania ativa

Fundação em rede

Notícias

Conhecimento

  • Publicações
  • Artigos
  • Materiais de estudo

Imprensa

  • Contato de Imprensa
  • Releases
  • Na mídia

Contato

  • Ícone Facebook Rodapé
  • Ícone instagram Rodapé
  • Ícone linkedin Rodapé
  • Ícone youtube Rodapé
© Copyright 2025. Fundação Tide Setubal. Política de privacidade.
Desenvolvido por Espiral Interativa Link Externo

Nós utilizamos cookies para melhorar a experiência de usuários e usuárias que navegam por nosso site.
Ao clicar em "Aceitar todos os cookies", você estará concordando com esse armazenamento no seu dispositivo.
Para conferir como cuidamos de seus dados e privacidade, acesse a nossa Política de Privacidade.

Aceito o uso de cookies