Todas e todos nós devemos nos engajar na luta anticapacitista. Essa reflexão não pode se restringir a datas como o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, que é celebrado em 21 de setembro. Logo, o combate a práticas discriminatórias deve fazer parte do nosso dia a dia.
O Brasil tem, de acordo com o Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 18,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência – equivalente a quase 9% da população nacional. Ao considerar-se essa lógica, o debate sobre a luta anticapacitista alcança todas as esferas da sociedade. Nesse sentido, alguns exemplos são o mercado de trabalho, organização das cidades e criação de espaços acessíveis, acesso à rede de ensino, independentemente do nível em que a pessoa estiver, entre outros aspectos.
Desse modo, é fundamental haver mecanismos legais em favor da garantia de direitos de pessoas com deficiência. Um recurso emblemático diz respeito à Lei 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência). Conhecida também como Estatuto da Pessoa com Deficiência, ela visa “a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.”
Assim sendo, a luta anticapacitista é, sem exagero, um aspecto básico da formação cidadã de todas as pessoas. Logo, o capacitismo – leia-se discriminação contra pessoas com deficiência – deve ser combatido em todas as instâncias.
De acordo com Ivan Baron, influenciador e ativista da luta anticapacitista, o primeiro passo para combatê-lo “é ter noção sobre o capacitismo para, após isso, poder combatê-lo e para cada um saber do seu espaço nessa luta e saber do seu local. Se for uma pessoa com deficiência, ela é protagonista, mas se for uma pessoa sem deficiência, ela deve servir como aliada.”
Leia a entrevista com Ivan Baron
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Dever de todas as pessoas
Para ser enfim efetiva, a luta anticapacitista requer que todas as pessoas estejam dispostas a aprender do que se trata. Por que isso importa? É para, simultaneamente, combater atitudes capacitistas e tornar-se pessoa aliada na promoção de uma sociedade pautada por equidade, diversidade e inclusão. E, é claro, aceitar que erros poderão acontecer – a questão é como lidar com eles e reconhecê-los. “Falta às pessoas terem humildade para entender que elas não sabem de tudo. Logo, elas não estarão certas em todos os momentos”, explica Ivan Baron.
Essa dimensão abrange, enfim, identificar e combater as diversas modalidades de capacitismo. Uma das suas dimensões ocorre em âmbito institucional, ou seja, diz respeito à retirada de direitos. Ainda, deve-se destacar o capacitismo recreativo, ou seja, que vem à tona quando a deficiência de uma pessoa vem à tona como discriminação disfarçada de piada.
Para o influenciador e ativista da luta anticapacitista, é necessário, então, tirar o elefante da sala nesse contexto, pois é necessário “O primeiro passo é não tratar como tabu, pois a deficiência sempre foi tratada como tal. Os resultados consistem, então, em haver exclusão e segregação – e não queremos mais isso. Queremos aparecer, ser vistos – não mais escondidos – e, principalmente, acabar com o capacitismo.”
Por fim, um passo para enfrentá-lo e para todas as pessoas engajarem-se na luta anticapacitista é, sem dúvida, ouvir, conversar a respeito e aprender sobre do que se trata e como não reproduzi-lo. “O capacitismo sempre existiu historicamente, mas só agora está sendo debatido. É necessário incluí-lo nas nossas conversas do dia a dia, nos almoços de domingo e [nas pautas] nos grandes jornais”, finaliza Ivan Baron.
Texto: Amauri Eugênio Jr. / Foto: U.S. Consulate Vladivostok / Flickr